O som de celebração reverberou pelos dois vilarejos até as montanhas de
Kandhamal, no estado de Orissa, na Índia.
Era um dia
frio de inverno, em dezembro passado, mas os cristãos estavam adorando com
danças e canções em Oriya e Kui, línguas nativas tribais. Mulheres e crianças
sorridentes balançavam folhas de árvores, mexendo-se ao som alto da batida do
tambor. Sua alegria se derramava, enquanto eles se regozijavam por terem suas
próprias casas novamente, construídas com a ajuda de Portas Abertas e, agora, sendo
consagradas para a glória de Deus.
Mas, há
apenas dois anos, os cristãos dos vilarejos de Badabanga e Bandabaju mal podiam
articular seu desespero.
Localizadas
no interior atingido de Kandhamal, as duas comunidades cristãs estavam
desabrigadas desde que extremistas hindus irromperam em violência em agosto de
2008, matando 120 cristãos, destruindo centenas de igrejas e derrubando 6 mil
casas na região. Cerca de 52 mil cristãos ficaram desalojados em Orissa.
Expulsos
de seus vilarejos, os cristãos sobreviventes foram avisados que somente teriam
permissão para voltar se renunciassem sua fé em Cristo. Então, escolheram
permanecer fora de seus vilarejos, construindo abrigos para si com galhos,
folhas de plástico rasgado ou tijolos de barro bruto.
Durante meses,
esses cristãos sem terra não tiveram nenhuma fonte de renda. Os negociantes
hindus não os empregavam mais como diaristas para cortar pedras. As mulheres
foram banidas das florestas, onde sempre tinham estado, juntando folhas para
fazer pratos de folhas e vendê-los. Pais temerosos não ousavam mais enviar seus
filhos para a escola, onde eram firmemente discriminados pelos colegas hindus.
O
auxílio da Portas Abertas
Quando a
Portas Abertas inspecionou as duas comunidades, estava claro que esses cristãos
precisavam não apenas de ajuda humanitária, mas de reabilitação prática. “Eles
precisavam ser capacitados, não alimentados, de forma a recuperar sua dignidade
e sua vida”, explicou um obreiro de campo da Portas Abertas. Poucas
organizações cristãs estavam dispostas a trabalhar na região montanhosa de
Kandhamal, onde guerrilheiros maoístas são uma ameaça constante.
Para
iniciar o processo de capacitação, a Portas Abertas introduziu grupos celulares
em ambas as comunidades. Conduzido por moradores dos vilarejos, mas assistido
por um guia e orientador de Portas Abertas, os grupos celulares se reuniam
semanalmente para estudo bíblico, mas também organizavam múltiplas atividades
voltadas para o desenvolvimento urgente e necessário da comunidade local.
A maioria
dos adultos não sabia ler nem escrever. Então, iniciou-se um projeto de
alfabetização adulta para ajudar a resgatá-los da pobreza. Ao mesmo tempo,
foram abertas escolas-pontes* para seus filhos, protegendo-os da forte
discriminação que enfrentavam nas escolas locais. De forma significativa, as
crianças hindus logo superaram em número os alunos cristãos, dando oportunidade
a crianças de ambas as origens de ouvir histórias do Evangelho e mensagens
cristãs em um ambiente positivo.
Um projeto
de habitação permitiu que todos os que tinham perdido suas posses construissem
novas casas. Uma viúva idosa, em Badabanga, estabeleceu o exemplo ao doar seu
terreno para assentar todas as famílias cristãs expulsas de seus vilarejos. A
despeito de suas próprias perdas, seus filhos concordaram em sacrificar sua
herança, compartilhando sua propriedade com seus irmãos e irmãs em Cristo.
Todos os
membros dos grupos celulares foram encorajados a economizar seus ganhos,
ajudando-os a abrir contas bancárias para iniciar pequenas bases monetárias.
Almoços comunitários foram organizados periodicamente para prover oportunidades
de comunhão e compartilhamento.
Um
fornecimento de cobertores ajudou os cristãos desalojados a suportarem o frio
do inverno das montanhas e, Portas Abertas, também distribuiu bicicletas para
facilitar o ministério de pastores e evangelistas locais.
“Eu creio
que um dia, nosso vilarejo será definitivamente um modelo para os outros!”,
disse Sunil Nayak, de Bandabaju. Após perder tudo e lutar para sobreviver, ele
e sua família tinham vivido sob uma cobertura de plástico. “Durante o verão,
sentíamos o calor escaldante nos fazendo derreter. Na estação das chuvas, a
água jorrava para dentro e, algumas vezes, o vento levava nosso abrigo para
longe. No inverno, nós tremíamos enquanto dormíamos no chão”.
“Mas agora
minha família pode permanecer junta e ser protegida do calor, da chuva e do
frio. É difícil acreditar que tenho minha própria casa! Agradeço a Deus por
enviar a Portas Abertas para o meu vilarejo”.
“Estava
além de minha imaginação que eu pudesse ter uma bela casa para minha família”,
disse Balma Digal, uma viúva com três filhos e uma sogra de 70 anos para
cuidar. Após perder tudo na violência de 2008, ela e sua família se esconderam
na mata para não serem mortos e, então, viveram em vários campos de refugiados
por quase dois anos. Após se juntar à célula de seu vilarejo, Balma disse:
“Nosso Deus é tão maravilhoso.
Aqui estou
eu nutrida espiritualmente e tendo boa comunhão com outros cristãos. Sou muito
grata a Deus e a Portas Abertas pelo seu cuidado especial para conosco”.
Através de
várias iniciativas de Portas Abertas, Balma aprendeu a ler e a escrever, seus
filhos entraram na escola-ponte para continuar seus estudos e, agora, tem sua
própria casa.
Quando
Godabori Pradhan voltou a Badaganga, morou fora do vilarejo em uma casa
improvisada por mais de dois anos. “O que chamamos de casa é apenas palha
coberta com folhas de plástico”, disse ele. “Não possuímos nenhuma fonte de
ganho, exceto pela venda de madeira e corte de pedras”.
Durante a
violência, Godabori perdeu seus animais domésticos, sua única fonte de renda.
Desesperado de que nunca mais conseguiria ter um par de bois novamente, agora
ele diz: “Deus tinha um grande plano para nós por trás de todos esses problemas
e sofrimentos.
Através de
Portas Abertas, Ele me deu um par de bois! Deus é capaz de fazer qualquer coisa
em nossa vida, se crermos nEle”.
*As escolas desses vilarejos não fornecem ensino de qualidade. A
escola-ponte que a Portas Abertas abriu age como uma ponte entre a escola
regular e os alunos. As aulas são dadas em um local comum (escolhido) cada dia
após a escola regular e os alunos revisam o que lá foi ensinado. A escola-ponte
fornece ensino de boa qualidade e atenção pessoal às crianças. Não apenas os
pais cristãos, mas os pais hindus também vieram pedir permissão à Portas
Abertas para colocarem seus filhos nas escolas-pontes. E agora as crianças
hindus superam em número as cristãs. Recentemente, a comunidade hindu pediu à
Portas Abertas para abrir uma escola-ponte dentro de seu vilarejo, oferecendo o
espaço do Centro Comunitário. A escola-ponte tem sido um salto gigantesco em
direção à reconciliação.
FontePortas
Abertas
TraduçãoGetúlio
Cidade
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