sábado, 30 de outubro de 2021

0 Os inescrutáveis caminhos de Deus

 





“Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11.33b)


Insondável é a grandiosidade do poder criador de Deus, incontáveis as multidões de suas estrelas, incrível a multiplicidade de suas criaturas, invisível é a sua mão agindo. É inacreditável que Deus tenha acometido o seu povo escolhido Israel com cegueira durante algum tempo, para que assim os povos gentios encontrassem a salvação (Romanos 11). Inacreditável é a imensa riqueza do seu amor: ele é concedido imerecidamente às pessoas indignas.

Nós não conseguimos olhar por sobre os ombros de Deus para “ler as cartas”. No entanto, ele se revelou a nós e nos mostrou quais são as suas intenções conosco. Nós não conseguimos encontrar Deus (ou aquilo que consideramos como “deus”) nas estrelas, nem precisamos fazê-lo. Por que deveríamos tatear à procura do brilho opaco das estrelas se temos a luz da vida em Jesus Cristo?

Por que deveríamos tatear à procura do brilho opaco das estrelas se temos a luz da vida em Jesus Cristo?

Não conseguimos procurar a Deus com recursos e critérios humanos. Todavia, Deus nos procurou e reconheceu. Ele coloca nosso pecado e o seu perdão claramente diante dos nossos olhos quando deixamos sua luz nos iluminar. Desse modo, estão prescritas as linhas básicas da nossa salvação, da nossa redenção e igualmente da nossa vida.

Será que Deus também nos conduz concretamente? Sim, mas normalmente nos conscientizamos disso apenas depois. Apesar disso, podemos e devemos sempre rogar a Deus por sua direção. Para tanto, é preciso que os caminhos de Deus se tornem nossos caminhos, e não o contrário. É o que lemos na frase “inescrutáveis [são] os seus caminhos!”. Podemos, no entanto, confiar que Deus, em seu amor, nos conduz corretamente. É o que eu pude vivenciar muitas vezes e transcrevi no hino a seguir:

Foi um dia lindo,
Um dia como ocorre raramente,
Que não se esquece tão depressa.
Foi um dia lindo, realmente.

Foi um dia em que nada deu errado,
Em que tudo funcionou direito,
Comecei alegre o meu trabalho
E não fiquei dormindo no meu leito.
Fui elogiado e não criticado,
Disseram: “Que trabalho bem feito!”
Fiquei fortalecido e animado.

Veio então de longe um amigo,
Pudemos rir e nos alegrar.
Gosto de viver desse modo,
Alegre de estar com amigos reunido.
Mas, estando novamente sozinho,
A alegria ainda vai durar 
E ainda conseguirei cantar?

Cada dia, porém, tem o seu mal.
Problemas que consomem a força.
Nesse dia não tenho preocupação real
Com o que o próximo dia ameaça.
Consigo suportar dificuldades, pois,
Deus, meu Senhor, sempre tem graça.
Ele sabe o que virá depois.

Será um dia lindo,
Pois Deus, meu Senhor, comigo está.
Que não me deixa sem cuidado.
Sim, um dia lindo será.

Lothar Gassmann

FONTE: https://hoje.chamada.com.br/article/somente-jesus-cristo_os-inescrutaveis-caminhos-de-deus



sexta-feira, 15 de outubro de 2021

0 Dá Páscoa para a Ceia

 




“… Lembrai-vos deste mesmo dia…” (Ex 13:3)

Isto foi dito acerca da Páscoa.

À luz desta afirmação vale lermos também Êxodo 12:14: “Este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Se­nhor; nas vossas gerações o ce­lebrareis por estatuto perpétuo”. “Guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre” (1). A solenidade da Páscoa e a sua mensagem profé­tica exigia a solene advertência feita por Deus ao povo de Israel.

Por que Deus insistia tanto em que este dia – o dia em que os exércitos de Israel saíram da dura escravidão do Egito para a li­berdade da Terra Prometida – es­tivesse constantemente nos co­rações e nas mentes dos Israeli­tas? Por que tinham de lembrar sempre, com muita solenidade e não menos temor, este dia da li­bertação duma escravidão ver­gonhosa que durara 400 anos na terra de Faraó? Que efeito deveria ter esta libertação nas suas vidas?

A tal ponto o acontecimento se reveste de solenidade que, ao perguntarem pela vida fora os seus descendentes “Que culto é este vosso?” (2), eles teriam de contar a velha história, e com tal gama de pormenores e sentido de reverência e gratidão, que o fato deveria assumir para com os descendentes, em todo o tempo da sua história os mesmos sen­timentos de libertação, de gozo, de providência e ação divina reveladas naquela noite solene. Sim, naquela noite quando o sangue do cordeiro, aspergido nas ombreiras e na verga das portas de suas casas no Egito, fora o sinal da proteção, da passagem misericordiosa de Deus sobre suas habitações, poupando a vida dos seus pri­mogênitos (3).

Não seria a lembrança daquele glorioso livramento, um motivo que os devia compelir a uma vida de fidelidade ao Senhor? Como os seus corações não deveriam estar cheios de gratidão?! Como poderiam eles esquecer Deus, que tão graciosamente lhes mos­trara a Sua grande misericórdia?

A lembrança da libertação de­les também deveria ser para cada israelita, um motivo não apenas de fidelidade, mas igualmente de consagração total da vida e dos seus bens. Nisso estava o fun­damento da sua redenção. Deus reclamava, como sendo Sua propriedade, todos os primogê­nitos dos filhos de Israel, como igualmente os filhos dos animais – os primogênitos que o Senhor poupara -, como representantes de toda a família e de todos os animais. É deveras importante o significado desta plena consa­gração. Mais adiante, no serviço do culto, os levitas serão dados em lugar dos primogênitos, e to­dos os animais limpos que abris­sem a madre como meio de sa­crifício pelos pecados do povo.

“FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”. – Isto foi dito pelo Senhor Jesus naquela noite so­lene em que Ele comeu a Páscoa com os Seus discípulos e a seguir instituiu a Ceia do Senhor (4). Como o Senhor Jesus Cristo está ansioso para que tenhamos constantemente ante nossos olhos, e nos nossos corações, a lembrança viva da Sua morte na Cruz, mediante a qual fomos re­midos da escravidão do pecado e do poder de Satanás! Que in­fluência a lembrança da Sua Obra vicária deverá ter nas nossas vi­das! Que sublime e que solene o Seu ensino! Eis os desafios:

— À luz de 1 Pedro 1:15- 19, a Cruz constitui o motivo que nos impele a viver uma vida de plena santificação.

— À luz de Coríntios 5:14, 15, a Cruz torna-se o motivo que nos impele a viver uma vida desinteressada, sem ambição das coisas deste mundo.

— Pensemos n’Ele e à luz de Romanos 12:1, e veremos que a Cruz nos impele a viver uma vida de plena dedicação até ao sacrifício.

O assunto quanto à Ceia do Senhor reveste-se de muita so­lenidade. Não é um cerimonial qualquer, não é um ritual que pode ou não passar por alto na experiência dos verdadeiros ser­vos de Deus. Nem é, tão pouco, algo que tenhamos fé de praticar segundo ideias humanas. Nada de ritos pomposos, cerimônias misteriosas! Mas quanto de rea­lidade, de tocante, de influência espiritual! É com verdadeiros sentimentos de amor e gratidão que pensamos naquela cena su­blime – a primeira celebração da Cela do Senhor!

O mesmo Jesus no meio dos discípulos, prestes a ser separado deles, traído, negado, desampa­rado, condenado, vituperado, açoitado e crucificado; não obs­tante consolando-os e instituindo este tocante “Memorial” de Amor, amor que ardia com inextinguível chama pelos Seus, e que levaria Cristo às profundezas de uma dor incomparável, e até inconcebível, a fim de os remir e garantir-lhes bênçãos eternas e celestes!

“FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”- Como isto é sublime na sua simplicidade! Que coisa podia melhor trazer Jesus e o Seu amor à memória do Seu povo, de um modo tão calculado a sensi­bilizar seus corações, como estes símbolos do Seu corpo e do Seu sangue — Seu corpo dado, Seu sangue derramado na morte?

Podemos avaliar a importância que o Senhor liga a esta institui­ção simples mas sublime, pelo facto d’Ele ter pessoalmente, e desde a Glória celeste, comuni­cado os pormenores dela ao apóstolo Paulo, segundo lemos no capítulo 11 da 1 Coríntios, e tendo como remate: “Porque todas as vezes que co­merdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Se­nhor, até que venha”. Meditemos um pouco nessa cena admirável em Jerusalém.

Quem estava presente? Jesus e os Seus discípulos, tendo pe­rante eles os símbolos da Sua morte. É isso exatamente o que sucede hoje em dia, quando o povo do Senhor se reúne para o Seu nome – estão eles e o Senhor no meio deles; diante deles os símbolos da Sua morte, sendo o Espirito Santo neles o poder pelo qual revive neles a memória do Senhor na Sua morte. E, de “cada vez que comerdes este pão e be­berdes este vinho, anunciais a morte do Senhor, até que venha”. Que grande o privilégio de nos reunirmos, como sendo “um só pão e um só corpo”, palavras que nos falam da nossa perfeita uni­dade com o Senhor. É por este motivo que Paulo ensina: “Por­ventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a co­munhão no corpo de Cristo?” (5)

“FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM”; “ANUNCIAIS A MORTE DO SENHOR ATÉ QUE VENHA”- Como o Senhor Je­sus deseja que este seja um “Memorial” não apenas perpétuo, até que Ele venha, mas um “Me­morial” sem fermento, pão sem farinha de joio; vinho não feito “a martelo”, como sói dizer-se. Pessoas estranhas cercando a mesa do Senhor? Nem pensar nisso! Pessoas não convertidas a participarem da comunhão no corpo e no sangue de Cristo? Não dá para se admitir!

Comunhão é comunhão, é ter em comum, é ter a mesma fé, ter a certeza do perdão dos pecados, da salvação que os elementos pão e vinho simbolizam. Comu­nhão é viver na luz como Ele está na luz; é amar a verdade no ín­timo; é experimentar a ligação com Deus; é seguir a Sua Palavra; é amar os irmãos; é viver não mais para si mesmo, mas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou. É viver na comunhão do Espirito Santo que, através da Ceia do Senhor, nos diz que “Ele vem” (6).

Como é possível subestimar e ainda liberalizar nos nossos dias o valor e importância da Ceia do Senhor? Permitir à Mesa do Se­nhor pessoas que não são salvas; pessoas que ainda não morreram com Cristo e para o pecado; pessoas que têm o nome de cris­tãos mas vivem ainda como pa­gãos, conservando ídolos na sua residência, sintomas de idolatria e culto de demônios nas suas casas e vidas? Qual é o “Memo­rial” que ensinamos aos nossos filhos e às gerações antes da Segunda Vinda do Senhor? Não é possível ser-se “participante da Mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (7).

O erro subtil de Satanás, “aquela antiga serpente que en­gana todo o mundo”, é fazer-nos crer que é interessante, que será um bom testemunho para as pessoas não salvas, não batizadas, não participantes da membresia da igreja local, as quais fi­cam a saber de uma cerimônia tão linda, de uma cerimônia com um significado tão interessante! E medimos com rigor que para ser-se participante da igreja local, com seus privilégios e deveres, temos de ser batizados com o verdadeiro baptismo cristão; mas quanto à Ceia do Senhor, cujo memorial é tão rigoroso como o foi a Páscoa para os Israelitas, isso não tem tanta importância, e daí “examine-se o homem a si mesmo e assim coma deste pão e beba deste cálice”! É bem-vindo, é livre para tomar parte na Ceia… Filosofia barata. Interpre­tação dupla!

O que Paulo recebeu do Se­nhor e ensinou aos coríntios, ao dar a instrução para a prática deste sublime “Memorial”, foi “que na noite em que Jesus foi traído…” (8). Parece-nos ouvir Cristo a dizer-lhe: “Paulo, nessa noite, quando Eu lavei os pés a Judas Iscariotes, ele saiu e foi vender-me, traiçoeiramente, ci­nicamente aos sacerdotes”. A Ceia do Senhor celebrada de qualquer maneira a fim de im­pressionar alguém, a fim de ser apenas parte de um ritual, cheira-nos a traição. Traição é des­lealdade, intriga, aleivosia, perfí­dia.

Todo o alcance dos propósitos e conselhos de Deus — a revela­ção de Si próprio na plenitude da Sua graça, e os seus propósitos eternos para o Filho do Seu amor -, tudo achou o seu centro na­quilo que a Ceia do Senhor nos fala: a morte de Jesus.

Como podem as nossas almas contemplar aquela cena da morte de Jesus, o centro de duas eter­nidades, sem se dirigirem em profunda adoração ao Pai? As­sim, cada vez que nos reunirmos para celebrar o nosso “Memorial” e nos lembrarmos d’Ele, permita Deus que seja essa também uma ocasião em que havemos de adorar o Pai em espírito e em verdade.

Que a Ceia do Senhor seja apreciada por nós como um dos nossos maiores e mais sublimes gozos cá na Terra. Guarde-nos o Senhor de fazermos festa “com o fermento da maldade e da malí­cia”, mas antes com os asmos da sinceridade e da verdade” (9). Amém!

 (1) Ex 12:24. (2) Ex 12:26b. (3) ver Ex 20:2; Dt 5:6; 6:12; Jl 24:16, 17; Jz 6:8-10. (4) Lc 22:13-20. (5) 1 Co 10:16, 17. (6) Ap 22:17. (7) 1 Co 10:20, 21. (8) 1 Co 11:23. (9) 1 Co 5:8.

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ALFREDO MACHADO, FONTE: REVISTA “ NOVAS DE ALEGRIA” – 199

 

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