Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)
“O príncipe dos pregadores”
Ele é, sem sombra de dúvidas, o
pregador mais citado de nossa época. Pastor, evangelista, mestre e mundialmente
conhecido como o “príncipe dos pregadores”, Charles Haddon Spurgeon, mesmo mais
de um século após sua morte, é aclamado como uma das mentes mais célebres da
história cristã.
Caracterizado pelo seu amor pela vida
e pelo conhecimento, profundo entendimento das Escrituras e inúmeras
ilustrações, impactou e ainda impacta inúmeras vidas no dia de hoje.
No período de inquisição na Espanha
sob o reinado de Carlos V, onde mais de 18 mil cristãos foram perseguidos e
mortos, muitos, temendo por suas vidas mudaram-se para outros países,
especialmente a Inglaterra. Foi assim que a soberania de Deus moldou a
trajetória da família Spurgeon. Os bisavós de Charles eram cristãos devotos,
assim como seu avô paterno e seu pai, James. Praticamente criado pelo seus avós
paternos, devido ao número elevado de irmãos e a condição precária de seus
pais, o pequeno Charles teve sua vida influenciada desde a infância por esses
grandes exemplos de fé e amor ao Senhor e à Sua Palavra. Tendo pastoreado a
mesma igreja por 54 anos, o avô de Charles um dia declarou: “Não passei nem uma
hora triste com a minha igreja depois que assumi o cargo de pastor”! Seu pai,
James era também um amado pastor em Stambourne.
Com um desejo extraordinário pela
leitura, Charles H. Spurgeon já era notável em pouca idade. Dentre seus títulos
favoritos estavam “O Peregrino” de John Bunyan e “O Livro dos Mártires” de John
Foxe, entre outros livros teológicos. É dito que, assim como Jesus, aos doze
anos ele já era capaz de debater assuntos teológicos com anciões de seu tempo.
Embora criado em lar cristão, Charles
ainda buscava um relacionamento íntimo e genuíno com Cristo. Por seis meses ele
visitou igrejas e orou fervorosamente lutando contra a condenação devido a
consciência de seu próprio pecado, até que certo dia, ao visitar uma igreja
onde o pregador foi impedido de chegar ao culto devido a uma tempesta de neve,
Charles viu um simples sapateiro levantar-se e ler: “Olhai para mim e sede
salvos, todos os confins da terra” (Isaías 45:22). O sapateiro, inexperiente na
arte de pregar apenas repetia a passagem e dizia: “Olhai! Não é necessário
levantar um pé, nem um dedo. Não é neessario estudar em um colégio específico,
ou contribuir com mil libras. Olhai para mim, e não para vós mesmos. Olhai para
mim, pendurado na cruz, olhai para mim, morto e sepultado”. Em seguida, fixando
os olhos em Charles, disse: “Moço, tu pareces ser miserável. Serás infeliz na
vida e na morte se não obedeceres”. Então gritou ainda mais: “Moço, olha para
Jesus! Olha agora”! O rapaz olhou e nunca mais parou de olhar para esse Jesus,
por toda a sua vida.
Logo após essa experiência real de
conversão, Spurgeon, como é conhecido, começou a incansavelmente distribuir
panfletos e ensinar crianças na escola dominical em Newmarket Cambridge.
Ensinou a Palavra pela primeira vez aos 16 anos de idade na casa de uma família
rural em Teversham, Inglaterra. Aos 18 anos já pastoreava a congregação de
Waterbeach, uma pequena igreja distante da capital inglesa.
Apenas dois anos depois, Spurgeon foi
convidado para até então, o maior desafio de sua vida, pastorear a Igreja
Batista Park Street Chapel na região metropolitana de Londres. O desafio era
grandioso, pois essa igreja havia sido outrora a igreja mais notável de toda
Inglaterra e pastoreada pelo grande teólogo John Gill. Que chances teria um
jovem do campo sem educação religiosa formal diante de uma igreja que agonizava
pela sua sobrevivência?
Spurgeon porém aceitou o desafio em
28 de Abril de 1854, convicto de que era a vontade de Deus para sua vida, e
passou então a pastorear uma igreja com pouco mais de 100 pessoas. Seria um bom
número, não fosse o suntuoso templo suficiente para acomodar cerca de 1200
pessoas. Esse fato é comentado pelo próprio Spurgeon: “No início, eu pregava
somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das
suas orações. Às vezes pareciam que rogavam até verem realmente presente o anjo
do Concerto (Cristo), querendo abençoá-los. Mais que uma vez nos admiramos com
a solenidade das orações até alcançarmos quietude, enquando o poder do Senhor
nos sobrevinha… Assim desceu a benção, a casa se encheu de ouvintes e foram
salvas dezenas de almas”! Spurgeon perseverou em ensinar-lhes a Palavra e ao
pregar o Evangelho e semanalmente Deus adicionava aos que eram salvos.
Aos 20 anos, Spurgeon já havia
pregado mais de 600 mensagens, e em poucos meses, multidões ajuntavam-se para
ouvir o jovem Charles, ao ponto que muitos tinham de permanecer para fora
esperando colher algumas “migalhas” do que vinha de dentro do templo, ao passo
que o local já não mais os comportava. Começou-se então uma reforma de expansão
do templo da Park Street Chapel. Em meio a expansão do local, a igreja passou
então a reunir-se no Exeter Hall, pátio que tinha acomodações para quatro mil e
quinhentos ouvintes.
Ao retornarem para a Chapel após a
reforma, ao invés de ter uma solução, alcançaram um problema maior, pois agora
tinham 3 mil pessoas em um local que comportava apenas mil e quintenas. Decidem
então voltar para o Exeter Hall que por sua vez também já não se mostra
suficiente. Spurgeon toma então uma decisão radical, muda a igreja para o
Surrey Music Hall, o local mais amplo, suntuoso, e magnífico de toda Londres,
acomodando 10 mil pessoas em seu culto de inauguração. Este novo local
comportava o máximo de 12 mil pessoas. Foi após esses episódios, que finalmente
decidiram por construir o grande Tabernáculo Metropolitano, igreja que pastoreou
por quase toda sua vida. Spurgeon, em pouco tempo, tornou-se um figura célebre
ao redor do mundo, reconhecido como uma das mentes mais brilhantes de sua
época, sendo convidado para ensinar em vários países tendo um média de 8 a 12
mensagens por semana.
Durante certo período, ensinou por
300 vezes em doze meses. O maior auditório no qual pregou, foi no Crystal
Palace, Londres, em 7 de outubro de 1857. O número da audiência era por volta
de 23.650 pessoas. Spurgeon esforçou-se tanto nessa pcasião, e o cansaço foi
tamanho, que após o sermão da noite de quarta-feira, dormiu até a manhã de
sexta-feira. As multidões acumulavam-se para ouvi-lo ao ponto que certa vez
teve que rogar áqueles que tivessem ouvido a Palavra nos últimos três meses,
que não comparecessem mais, dando assim chance aos irmãos que ainda não tinham
ouvido.
Em 8 de Janeiro de 1855 casa-se com
Susanan Thompson, seu amor e inspiração por toda a vida.
Ao olhar para a vida de Charles
Spurgeon, as histórias e números são impressionantes, porém, talvez o que mais
nos marca em sua biografia é sua diponibilidade em servir ao Senhor de todo o
coração mesmo em meio a adversidade. Certa vez ao falar sobre pregar através da
adversidade disse: “Quando nosso coração está despedaçado, devemos então
trabalhar com um instrumento quebrado”. Ele poderia proferir essas palavras com
autoridade, uma vez que dor e sofrimento foram companheiros inseparáveis de sua
vida e ministério. Certa vez, porém, declarou: “Se por trabalho excessivo
morrermos, sem ter alcançado a idade média da população, servindo ao Mestre,
glória seja a Deus, pois teremos tão menos da terra e tão mais do céu”.
Spurgeon lutou por anos contra três
diferentes doenças crônicas que constantemente o debilitavam e até o impediam
de estar aos domingos no púlpito do Tabernáculo Metropolitano. Nos últimos 22
anos de sua vida e ministério, Spurgeon perdeu um terço de seus compromissos
com sua igreja, devido às suas doenças.
Em 1869 Susanah passou por uma
cirurgia mal-sucedida que a tornou parcialmente incapaz, fazendo com que nos
próximos anos, pudesse assistir apenas a alguns dos sermões de seu marido. Pais
de gêmeos, juntos foram capazes de fazer coisas grandiosas e outrora
impensáveis para o Reino de Deus. Aos 50 anos de idade, Spurgeon havia sido
reponsável pela fundação e supervisão de cerca de 66 instituições incluindo
igrejas, escolas, seminários, orfanatos, escolas de pastores, revistas mensais
e editoras. Pastoreava uma igreja de milhares de pessoas, respondia uma média
de 500 cartas semanalmente, lia 6 livros teológicos por semana, e isso, dizia
ele, representava apenas metade de suas tarefas. Até o fim de sua vida, Charles
Spurgeon ainda foi capaz de deixar uma obra de 135 livros, incluindo a aclamada
série de comentários em Salmos, “O Tesouro de Davi”.
Algo fundamental na vida de Spurgeon,
era sua dedicação à oração. Quando alguém perguntava a explicação do poder da
sua pregação e ministério, o Príncipe de Joelhos, como também era conhecido,
apontava para o salão situado abaixo do Tabernáculo Metropolitano e dizia: “Na
sala que está embaixo, há trezentos cristãos que sabem orar. Todas as vezes que
prego, eles se reúnem ali para sustentar-me as mãos, orando e suplicando
ininterruptamente. Na sala que está sob os nossos pés é que se encontra a
explicação do mistério dessas bençãos”.
Sua eposa Susanah constantemente
citava o quanto seu marido valorizava a oração, e como não abria mão de seus 30
minutos de oração antes de todo sermão pregado. J.P.Fruit disse: “Quando
Spurgeon orava, parecia que Jesus estava em pé ao seu lado”.
Em 7 de Junho de 1891 ensinou pela
última vez. Suas últimas palavras, no leito de morte, dirigidas à sua esposa,
foram: Oh, querida, tenho desfrutado um tempo mui glorioso com meu Senhor! Ela,
ao ver, por fim, que seu marido seria levado aos céus, caiu de joelhos e com
lágrimas exclamou: “Oh, bendito Senhor Jesus, eu te agradeço o tesouro que me
emprestaste no decurso destes anos; agora Senhor, dá-me força e direção durante
todo o futuro”. Spurgeon “adormeceu” em Menton, França em 31 de Janeiro de
1892.
Seis mil pessoas assistiram ao culto
de funeral, onde no caixão uma bíblia estava aberta no texto que dizia: Olhai
para mim, e sede salvos, todos os confins da terra. Em seu simples túmulo,
estavam gravadas as palavras: Aqui jaz o corpo de CHARLES HADDON SPURGEON,
esperando o aparecimento do seu Senhor e Salvador JESUS CRISTO.
Em sua morte, vemos a mesma realidade
de sua vida, um grande testemunho à glória do Senhor Jesus!!!
Diego Bitencourt
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