quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

0 Mais conferencistas e menos profetas: a triste realidade nos púlpitos das igrejas atuais




Lembro, na minha infância, que pregadores do Evangelho que viviam em tempo integral para o ministério era uma raridade. Trago em minha memória o que significava receber um pregador desses na igreja em que congregava. Normalmente, eram referências de homens de muita oração, santidade, piedade, palavra, integridade e compromisso com Deus.

Naquela época, ninguém queria ser pregador, porque significava sofrimento, perseguição, contradição, escassez e padecimento pela causa do Evangelho. Mas as coisas mudaram drasticamente de alguns anos pra cá. Mudou, porque hoje, para muitos, o ofício da pregação se tornou status, meio de vida, glamour e autopromoção pessoal.

Mudou, porque, há dez anos, no meio evangélico (pentecostal), um pregador de sucesso era aquele que orava com disciplina, pregava com verdade, imparcialidade e integridade. Sua vida privada, quando descoberta, revelava idoneidade, fidelidade, santidade e entrega devocional a Deus. Hoje, lamentavelmente, os modelos de sucesso são: pregadores playboys, milionários, com dezenas de carros, retocados com lipoaspiração e plásticas faciais. É triste o cenário.

Não é difícil identificar esses “modelitos” ambulantes em muitos púlpitos pelo Brasil, com os mesmos estereótipos, jargões, heresias, lascívia, mentira, visando unicamente o benefício do seu próprio ventre.

Em conluio com essa classe de lobos, que ultimamente nem se preocupam tanto em se disfarçarem de ovelhas, encontra-se uma liderança avarenta, materialista e carnal. Dividem oferta, negociam o povo, vendem amuletos, promovem campanhas incabíveis e manipulam o sagrado.

A teologia deles é a do ventre, de modo que censuram aqueles que estudam a Bíblia e possuem uma fé ortodoxa, banalizam os fundamentos hermenêuticos da interpretação bíblica, fazendo do texto sagrado uma formula mágica e mística descontextualizada.

Meu lamento não é maior porque sei que este modelo desafeiçoado e corrupto tem prazo para acabar. Daqui a pouco, Jesus entra no templo e expulsa novamente esses cambistas, comerciantes e vendedores da religião. Aos poucos, as pessoas vão se cansando e despertando para a realidade e assim discernindo o engano. Minha alegria em contraposição deste cenário é observar uma sutil, mas real e crescente fome por muitos cristãos pela autêntica palavra de Deus.

É verdade que o aumento da comercialização, banalização e toda sorte de agressão ao verdadeiro evangelho de Cristo é um fato na pós-modernidade, mas também é perceptível o aumento principalmente de líderes (jovens) comprometidos com os fundamentos da fé crista.

Espero em breve assistir à falência dos charlatões da religião, enquanto vejo o povo de Deus clamando como Israel fez no retorno do cativeiro: “Tragam o livro” (Ne 8.1)

Acredito que, ainda na minha geração, verei um reavivamento no púlpito, no qual as Escrituras serão o modelo desejado por todos, os televangelistas não serão vendedores de campanhas consagradas, óleos ungidos, livros com mágicas evangélicas, mas pregarão o arrependimento dos pecados, a salvação e a esperança da glória em Cristo. Verei que o crescimento da igreja e da propagação do evangelho serão sentidos com o crescimento do anúncio das Escrituras Sagradas.

Samuel Torralbo

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