Pastor Esequias Soares
Antes eram os adventistas do sétimo dia, hoje novos grupos estão também defendendo a guarda do sábado. Quais os fundamentos apresentados pelos adventistas em defesa dessa crença e quais as perguntas mais comuns na tentativa de confundir os cristãos evangélicos conservadores? Essas respostas servem também para os novos sabatistas.
Afirmam que a guarda do sábado está na Lei e que, por isso deve ser observado de geração em geração porque é um dos preceitos da Lei de Deus, que segundo eles é a mesma Lei Moral e Lei Cerimonial. Os Dez Mandamentos são a Lei Moral, chamada de lei de Deus e a Lei Cerimonial é chamada por eles de Lei de Moisés. Esse arranjo adventista não pode ser confirmado na Bíblia. Vamos aos fatos.
O Decálogo é o esboço e a linha mestra da lei de Moisés registrada em Êxodo 20.1-17; Deuteronômio 5.6-21, o sumário de toda a Lei. Do grego, deka “dez” e logos “palavra”, usado na Septuaginta para traduzir a expressão hebraica asseret hadevarim “as dez palavras” (Êx 34.28 e Dt 4.13; 10.4), com o sentido de “mandamento pronunciamento, princípios”. Por essa razão, o Decálogo ficou conhecido universalmente como “Os Dez mandamentos”.
A Bíblia afirma que existe só uma Lei. Os judeus interpretam assim: um só Deus, um só legislador, portanto uma só lei. O que existe, na verdade, são preceitos morais, preceitos cerimoniais e preceitos civis. É chamada de Lei de Deus, porque teve sua origem Nele. Lei de Moisés porque foi Moisés o legislador que Deus escolheu para promulgá-la no Sinai. Os preceitos, tanto do Decálogo como os fora dele, são chamados alternadamente de lei de Deus ou do Senhor e Lei de Moisés (Lc 2.22,23 e Hb 10.28). Não são duas ou três leis, mas uma só lei apresentada por esses nomes (Ne 8.1,2,8-18).
Há princípios que são imutáveis e universais. Não há para ele a questão de transculturação. Onde quer que o Evangelho for pregado, esses princípios estão presentes e os chamamos de preceitos morais ou éticos. Os dois maiores mandamentos são preceitos morais (Mc 12.29-31). Entretanto, não constam do Decálogo, pois é uma combinação de Deuteronômio 6.4,5 com Levítico 19.18. Por outro lado, encontramos no Decálogo o quarto mandamento, que não é preceito moral. Jesus disse que o sacerdote podia violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5).
A questão não é o sábado em si, mas o fato de que não estamos debaixo do Antigo Concerto (Hb 8.6-13). A Palavra profética previa a chegada do Novo Concerto (Jr 31.31-33) e o fim do sábado (Os 2.11), que se cumpriu em Jesus (Cl 2.14-17). Por essa razão, o sábado não aparece nos preceitos de Atos 15.20-29.
O judeu convertido a fé cristã que quiser guardar o sábado por convicção religiosa pessoal não está desviado por isso, pois o apóstolo Paulo diz que uns fazem separação de dia, outros acham que podem comer de tudo (Rm 14.1-6).
Convém lembrar que o apóstolo está falando aos judeus cristãos de Roma, por causa da sua cultura religiosa, e não apenas aos gentios. Ainda hoje muitos deles usam o Kipar e talit (solidéo e manto), observam o Kash’rut (leis dietéticas prescritas por Moisés) e guardam o sábado. Isso o fazem meramente para não perderem a sua identidade nacional. É uma questão cultural e não condição para a salvação. Isso é diferente dos gentios convertidos a Cristo, pois o apóstolo deixou claro que tais práticas são um retrocesso espiritual. “Guardais dias, e meses e tempos, e anos. Receio de vós que haja trabalhado em vão para convosco”, Gl 4.10-11.
As festas judaicas eram anuais, mensais, ou lua nova (pois a lua nova aparece de 28 a 30 dias e, com ela, se principia o novo mês) e semanais (1Cr 23.31; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; e Ez 45.17). O apóstolo Paulo diz: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”, Cl 2.16.17. O sábado cerimonial ou anual já está incluído na expressão “dias de festa”, que são as festas anuais, “lua nova”, mensais e “dos sábados”, festa nacional. O texto fala de um objeto projetando sombra, ou seja, a realidade espiritual na fé cristã é Cristo e não o sábado. Essas figuras das coisas futuras se cumpriram em Jesus. Por isso que Jesus afirmou ser Senhor do sábado (Mc 2.28). Esse texto de Colossenses é a melhor resposta para os sabatistas.
Dizem que o imperador romano Constantino, mudou o sábado pelo domingo e por isso estamos comprometidos com um dia pagão. Essa versão deles não condiz com a verdade histórica. A palavra “domingo” por si só significa “Dia do Senhor”. Porque foi nesse dia que Jesus ressuscitou (Mc 16.9). O primeiro culto cristão aconteceu num domingo (Jo 20.1) e o segundo também (Jo 20.19-20). Os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana (At 20.7 e 1Co 16.2). Assim, essa prática foi se tornando comum, sem decreto imposição. Foi algo espontâneo. Constantino apenas confirmou uma prática antiga dos cristãos.
Os adventistas rejeitam o domingo porque “domingo”, em inglês é Sunday e significa “dia do sol”. Dizem portanto que é um dia pagão. É difícil imaginar que pessoas cultas e inteligentes se exponham a um ridículo desse. Apenas cinco planetas eram conhecidos na antiguidade: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, para se chegar ao número sete acrescentaram o Sol e a Lua. O nome de cada um desses planetas era também o nome de divindades falsas, que se tornariam nomes dos dias da semana.
Em espanhol Lunes (dia da Lua), Martes (dia de Marte), Miércoles (dia de Mercúrio), Jueves (dia de Júpiter), Viernes (dia de Vênus); o mesmo pode ser visto em italiano: Lunedi, Martedi, Mercoledi, Giovedi, Vernedi. Essas línguas aplicam esses nomes apenas aos dias úteis, por isso não aparece Saturno, diferente do francês, onde encontramos os 05 planetas e mais a lua: Lundi, Mardi, Mercredi, Jeudi, Vendredi e Samedi.
No inglês encontramos os cinco planetas mais o Sol e a Lua: Sunday (Sol), Monday (Lua), Tuesday (Tiu, deus da guerra, Marte), Wednesday (Wotan, deus escandinavo correspondente a Mercúrio), Thursday (Thor, deus escandinavo do trovão correspondente a Júpiter), Friday (Freya, deus da paz e da colheita, correspondente ao deus escandinavo Vênus) e Saturday (Saturno, deus dos festejos romanos). A língua portuguesa seguiu a onomástica católica romana usando a palavra “feira”, para indicar os dias de trabalho visto que havia na época intenso comércio.
O argumento deles é inconsistente, sábado em inglês é Saturday, que significa “Dia de Saturno”, divindade pagã. Shabat não é palavra inglesa, mas hebraica e significa “repouso, descanso”. Por isso que cada dia, para nós, é sábado, pois em Cristo repousamos todos os dias da semana (Hb 4.11).
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