quarta-feira, 23 de novembro de 2011

1 Apologia – Qual o vínculo do cristianismo com os essênios





Será que os ebionitas e os essênios continuam presentes na atualidade? A Igreja essênia de Jesus Cristo afirma que sim. Num artigo publicado na revista Super Interessante edição de novembro de 2001, página 98, intitulado A Fraude de São Paulo, o articulista e fundador do movimento no Brasil declara ser cristão essênio.

Uma olhada rápida no artigo parece tratar-se das denúncias de corrupção contra Paulo Maluf e Celso Pitta, ex-prefeitos da cidade de São Paulo, mas trata-se de um movimento heterodoxo, sincrético, que incorpora em seu bojo reencarnação e outras práticas ocultistas, além das crenças que fogem à ortodoxia bíblica. O artigo não apresenta o papel geral do movimento, restringe-se apenas a mostrar as supostas oposições dos ensinos paulinos com os do Senhor Jesus Cristo.

Numa pesquisa mais detalhada, se descobriu que o referido movimento crê num Jesus que eles afirmam ser essênio e numa escritura que não é o Novo Testamento. Afirmam ainda pertencerem a “Igreja Universal Essênia Ebionita de Jesus Cristo”. Negam a Trindade bíblica e pregam a salvação mediante a prática do vegetarianismo. Sua Trindade se parece com a do Reverendo Moon: Pai, Mãe e Filho. O Jesus que eles pregam é estranho ao Novo Testamento, casado, como o Jesus dos mórmons e de José Saramago e de tantos movimentos heterodoxos. Negam ser Jesus o único Filho de Deus e admitem a existência de mais cristos, como a Nova Era.

O articulista questiona a legitimidade do apostolado de Paulo: “Nem sequer tenha sido um dos 12 apóstolos”, afirma em determinado momento. Ele chama o apóstolo dos gentios de fraudulento: “Há vários indícios de que, como num plano de sabotagem, Paulo divulgou, em nome do Messias, uma doutrina falsificada”. Essa oposição ao apóstolo é tão antiga quanto o cristianismo.

Trata-se de um outro evangelho (Gl 1.8-9), pois a Bíblia ensina que a Trindade é a união das Três Pessoas em uma só Divindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mt 28.19) – e que Jesus é o unigênito Filho de Deus (Jo 3.16; 1 Jo 4.9). É também falso o ensino de que Jesus foi vegetariano. O Senhor Jesus e seus discípulos jamais foram vegetarianos, pois comeram peixe e carne (Jo 21.12-15; Lc 22.7,13-15).

O vegetarianismo como condição para salvação está classificada entre as “doutrinas de demônios’ (1 Tm 4.1-5). Não há nada de errado em alguém ser vegetariano como opção  dietética pessoal, todavia como condição para  salvação é heresia. A salvação é pela graça mediante a fé(Ef 2.8-9), e não por aquilo que se come (Mt 15.11-17).

O apóstolo Paulo tinha opositores, e seria até infantilidade de nossa parte supor que um homem com a estatura espiritual de Paulo, liderando um grande movimento de revolução do pensamento religioso de sua geração, não tivesse oposição. Foi alvo dos bombardeiros de seus inimigos.

Seus opositores podiam até levar certa vantagem, pois Paulo não era um dos doze que conviveram com Jesus. Talvez soubessem dos requisitos apresentados pelo apóstolo Pedro (At 1.21-25). Paulo perseguidor da Igreja antes de sua conversão, talvez por isso tentassem excluí-lo da lista dos apóstolos. Essas acusações ele rebateu veementemente. A ênfase que esse servo de Deus dá a origem de seu apostolado (Gl 1.1) mostra que único que tem autoridade de constituir apóstolos é o Senhor Jesus. Além disso, o Senhor Jesus apareceu a ele (1Co 9.1; 15.8; 2Co 4.6; Gl 1.15-16) e o livro de Atos dos Apóstolos o apresenta como apóstolo (14.14).

Os ebionitas eram uma seita judaico-cristã que sobreviveu entre o segundo e quarto séculos. O nome pode vir do hebraico ebionim, que significa “pobre”, pois pregava a pobreza, baseado em Mateus 5.3, mas Tertuliano afirma que o nome veio de um certo Ebion. O ebionitas criam em Jesus como o seu Messias, mas negavam sua deidade. Viviam o ritual da lei e os costumes judaicos. Eram hostilizados tanto pelos judeus quanto pelos cristãos. Repudiavam as epístolas paulinas, chamavam o apóstolo Paulo de apóstata, tinham um evangelho próprio, chamado de Evangelho aos Hebreus, um dos apócrifos, entre tantos outros livros produzidos a partir do segundo século.

Os ebionitas estavam divididos em três grupos: os nazarenos, os ebionitas fariseus e gnósticos ou essênios. Esse último parece se identificar com a atual Igreja Essênia aqui em foco, pois o Jesus que eles apresentam hoje tem características gnósticas.

Os essênios não aparecem no Novo Testamento, pois viviam no deserto. Eram chamados de issiim, que em hebraico significa “os que curam”. O nome se justifica porque possuíam realmente um conhecimento muito avançado da medicina. Tornaram-se conhecidos por todo o mundo em nossos dias por causa das grandes descobertas dos manuscritos do Mar Morto. Eles diziam que a política hasmoneana (referente à família dos macabeus) terminaria trazendo a destruição do país, e com ela a vinda do Messias.

Eles se retiraram para o deserto ao invés de formar uma facção político-religiosa. Formaram comunidades à beira do Mar Morto. Não reconheciam a autoridade do sumo sacerdote e nem o culto do templo de Jerusalém. Trabalhavam, meditavam e esperavam a vinda do Messias. Sua disciplina era rígida, tinham hábitos de higiene muito rigorosos, uma moral muito forte e levavam uma vida simples. É o que descobriram arqueólogos israelenses.

Não é verdade que João Batista e o Senhor Jesus Cristo tivessem sido essênios. Não há provas e nem evidência disso. Eruditos judeus, católicos e protestantes, depois de mais de 40 anos de investigações, traduções e decifrações desses manuscritos, afirmaram unanimemente que não haviam encontrado algo que vincule definitivamente os essênios aos cristãos.
A Igreja Essênia de hoje congrega elementos ebionitas, essênios e muitas outras práticas ocultistas. O fato de se considerarem ebionitas pode explicar seu ódio ao apóstolo Paulo e o virulento ataque a artigos desse teor. Isso não é cristianismo. Cristão é todo aquele que se converte à fé cristã genuína, conforme os ensinos do Novo Testamento. Jamais devemos nos esquecer dos avisos solenes da Bíblia: “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis”, 2Co 11.4.

Artigo de autoria do Reverendo Pastor Ezequias Soares - O autor é Ministro do Evangelho, graduado em Língua e Literatura Hebraica pela Universidade de São Paulo, professor de hebraico, grego e apologética cristã. É também pastor da Igreja Assembleia de Deus em Jundiaí e comentarista de Lições Bíblicas e outras obras editadas pela CPAD.,

Digitado pelo vosso conservo em Cristo,

João Augusto de Oliveira

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