Diante dos descalabros que vem ocorrendo no meio cristão (em geral), precisamos mais do que nunca saber fazer uma interpretação correta das Escrituras, antes de formular qualquer doutrina ou mesmo ponto de vista pessoal.
É comum observarmos “interpretações” em que o interprete das Escrituras diz: “Acho que esse texto diz isso ou aquilo”, ao ainda “pra mim acho que isso significa”. O pior é que pessoas que agem assim, às vezes nem percebem que estão mutilando as Escrituras a bem próprio e consequentemente adulterando o real sentido da Palavra de Deus.
Certo é que existem passagens das Escrituras que podemos fazer mais de uma aplicação, porém isso não exime o interprete de procurar o sentido principal daquela passagem antes de fazer a aplicação contextualizada. E mesmo contextualizando a passagem deve-se tomar cuidado para não acrescentar pontos de vista pessoais e evitar choque de passagens com outras passagens.
Diz a regra mãe da hermenêutica “A Bíblia interpreta-se a si mesma”.
Observemos a diferença entre Exegese e Eisegese e vejamos qual das duas estamos praticando em nossas interpretações:
· Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado. A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
· Por isso, o termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo do humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos. Exegese, portanto, é a denominação que se confere à interpretação das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que 600 obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese restou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, a ponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.
· Ser exegeta é contextualizar o que foi escrito com a cultura da época e extrair os princípios morais para o tempo presente.
· Eisegese – Enquanto a Exegese consiste em extrair de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação; a eisgese consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o interprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a Eisegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá.
· Em outras palavras, Eisegese é quando o interprete lê algo no texto bíblico e injeta nesse texto o seu ponto de vista pessoal a fim de defender um ponto de vista ou uma suposta doutrina.
A pergunta que fica aberta a todos nós que lidamos com a interpretação da Palavra de Deus para pregação, ensino, postagem no blog ou mesmo edificação pessoal é: “Eu tenho sido um exegeta fiel ou um eisegeta com fins pessoais”?
Vosso conservo em Cristo,
João Augusto de Oliveira
FONTES AUXILIARES:
Livros que recomendo a todo interprete:
. Hermenêutica - E. Lund & P.C Nelson
. Hermenêutica Fácil de descomplicada
. Hermenêutica avançada
. Entendes o que lês?
. Manual de exegese bíblica – Antigo e Novo Testamento
. Chave linguística do Novo Testamento
Por certo amado Sergio, visitarei seu Blog e o seguirei...
ResponderExcluirFica na paz meu querido!
Muito esclarecedor amigo. Obrigado e que Deus abençoe sua jornada on-line.
ResponderExcluir