Um número significativo de líderes cristãos hoje aclamam os códigos da Bíblia como importantes evidências da inspiração das Escrituras. Embora eles declarem que profecias posteriores, como o assassinato do primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin em 1995, estejam codificadas no texto bíblico, na realidade os códigos da Bíblia são pouco mais do que uma pequena variação de misticismo judaico adaptada para o cristão.
Primeiro, como seu substituto mais antigo, a numerologia bíblica, os códigos da Bíblia são, na melhor das hipóteses, uma pseudociência. Códigos são “descobertos” por meio da procura de sequências de letras equidistantes (ELS) que podem ser agrupadas em mensagens inteligíveis concernentes a eventos passados. Pode-se procurar da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo, de baixo para cima e na diagonal. Embora a sequência possa variar de palavra a palavra, nenhuma das profecias pôde ser conhecida antecipadamente. Ou seja, a percepção tardia é sempre perfeita.
Além disso, códigos da Bíblia são um jogo marcado completo com profecias posteriores aos fatos e mensagens autorratificadoras. Embora os adeptos do ELS argumentem que esses eventos históricos, como o assassinato de Rabin, estejam codificados na Torá, nada poderia estar mais distante da verdade. Pelo fato de o hebraico do Antigo Testamento não conter vogais, um suposto código como “Rabin Bang Bang” (Assassinato de Rabin) poderia facilmente referir-se a Christopher Robin atirando com sua arma de rolha nos balões que o ursinho Puff estava segurando quando flutuava sobre a Floresta dos Cem Acres (“Robin Bang Bang”). Por essa razão, mensagens autorratificadoras poderiam se referir ao estouro do pneu que o parceiro do Batman, Robin, experimentou enquanto estava no batmóvel. Também poderia remeter ao mafioso chamado Robin que tinha dois tiros certeiros — bang, bang.
Finalmente, embora a mensagem do autographa (textos originais da Bíblia) não seja alterada nas melhores cópias de manuscritos disponíveis, pequenas diferenças em ortografia e estilo tornam impossível validar a divina inspiração de sequências de letras equidistantes. Essas pequenas divergências deixam o sentido inalterado, mas arruínam completamente todas as tentativas de encontrar sequências de letras equidistantes, alterando-se a distância entre as letras. Além disso, as coincidências de sequências de letras equidistantes que ocorrem na Torá não são únicas. Elas ocorrem em qualquer outra obra literária, de Homero a Hobbes, e de Tolkien a Tolstoy.
Os códigos da Bíblia mudam o foco da apologética bíblica da essência do evangelho para especulações esotéricas.
Aqueles que negam a evidência incontroversa de que Jesus ressuscitou dos mortos não parecem ser persuadidos pela pseudoapologética dos códigos da Bíblia.
“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (Lucas 16.31).
Hank Hanegraaff
http://www.cacp.org.br/os-codigos-da-biblia-sao-dignos-de-credito/
0 comentários:
Postar um comentário