Nota do CACP: A matéria abaixo da
Folha de São Paulo mostra como os bons costumes evangélicos estão perdendo o
teor bíblico. Já temos informação que educadores familiares evangélicos ensinam
casais a se relacionarem sexualmente usando como parâmetro pedagógico vídeos
pornográficos. É triste esse tipo de coisa! Não podemos perder a capacidade de
nos indignarmos com o presente século (Rm 12.1,2).
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“REALIZE SEUS SONHOS. PERGUNTE-ME
COMO” — é o que se lê na camiseta vermelha de Mônica Alves, 45. Quem “pergunta
como”, no caso, são mulheres evangélicas em busca das novidades que ela traz
numa bolsa com 18 letrinhas bordadas no canto: “A Sós – Vocês Podem Tudo”.
Mônica já foi revendedora de produtos
da Avon e da Natura. Hoje, a adepta da igreja Renascer sai da casa em São
Bernardo do Campo (SP) carregada com 6 kg de itens bem diferentes, que vão de
calcinhas comestíveis de chocolate (alguns maridos degustam com uísque) ao kit
“50 Tons de Prazer”, com chicote, vela e venda.
Para as vendas, usa o codinome
“Munik”. Como Mônica, quer emplacar carreira musical (canta em igrejas e
centros espíritas, de Ivete Sangalo a repertório gospel).
Num salão de beleza no Sumaré (zona
oeste), é Munik quem mostra à manicure Frances do Nascimento, 45, a
“camisolinha da Nicole Bahls, a moça da ‘Fazenda’” (modelo semitransparente com
estampa de oncinha).
Sua melhor freguesa aprova: “Não é
porque a gente vai pra igreja todo dia que precisa ser santa”.
“As irmãs a-do-ram os produtos”, diz
Frances sobre colegas do culto. Ela frequenta “todos os dias” a Igreja Mundial
do Poder de Deus, do pastor Valdemiro Santiago, aquele que aparece na TV com
chapéu de cauboi. Contribui com cerca de R$ 300 de dízimo por mês à igreja.
Calcula dar até mais dinheiro para a revendedora.
“Ela gasta bem”, confirma Mônica.
Recém-separada do segundo marido, com
um filho de um ano, Frances a-do-ra o “Boca Loca” – minivibrador em formato de
batom (R$ 33).
Ela faz parte de uma legião de
consumidores que vem chamando atenção do mercado. O censo do IBGE aponta que,
entre 2000 e 2010, a porcentagem de evangélicos na população subiu de 15% para
22% (de 26 para 42 milhões de pessoas).
MERCADO QUENTE
Bom exemplo do apetite gospel está
nos livros: a média de leitura dos fiéis é de 7,1 obras por ano, estima a
entidade Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes), enquanto a nacional não passa
de 4,7.
Vendido na Feira Literária Cristã, em
junho, “Celebração do Sexo”, do americano Douglas Rosenau, declara a que veio
na dedicatória: “Obrigado, Senhor, pelo gozo íntimo e pela união calorosa do
companheirismo sexual”.
Descrito como um guia para o
“presente de Deus no casamento: o prazer sexual”, o livro traz ilustrações de
posições sexuais e um capítulo inteiramente dedicado ao sexo feito “sem tirar a
roupa”.
O autor, que se identifica como
terapeuta sexual cristão, não economiza adjetivos em sua tese. Para Rosenau, a
“diversão erótica” entre companheiros vestidos é “um prelúdio amoroso sutil,
penetrante, espontâneo, eletrizante e sensual”.
Fiel da igreja Arca Sagrada, em
Diadema (SP), a atendente de petshop Nilza Antunes, 29, é casada há seis anos,
tem dois filhos, cabelo pintado de loiro platinado, aparelho dental com
elásticos laranjas, piercing no nariz e uma curiosidade.
“Pode usar no corpo inteiro?”, ela
questiona Mônica/Munik sobre o desodorante íntimo com essência de morango (R$
20,70).
Sanar a dúvida é importante: desde
que passou a usar produtos eróticos, diz que sua média de relações sexuais
saltou de duas vezes por semana para todos os dias.
Vontade de explorar a própria
sexualidade, diz a revendedora, toda mulher tem, seja qual for sua religião.
Mônica testa todos os produtos no marido. Ele, 12 anos mais moço, ganha café da
manhã (cappuccino e cuscuz com manteiga) na cama e “festinha à noite” todo dia.
“Numa noite, eu já cheguei pulando em cima. E ele: ‘Amor, tô com dor de
cabeça’.”
Mas nem todas são desinibidas como
Mônica, Nilza e Frances.
Discrição, nesse meio, costuma ser a
alma do negócio. “Católicos têm mais preconceito. Os religiosos que mais
aparecem são mesmo os crentes”, conta Thaís Plaza, 33, sócia da loja erótica
Doce Sensualidade, na Vila Mariana (zona sul).
Um em cada quatro clientes seus é
evangélico — e não por acaso.
Em vez de se definir como sexshop, o
espaço usa termos como “romantismo” e “sentimentos” em sua divulgação. Objetos
fálicos ficam escondidos em gavetas para “não assustar” a freguesia.
As paredes são brancas ou rosas, com
imagens florais. Nas prateleiras, substituindo algemas ou couro, acha-se
esmaltes, bichos de pelúcia, cremes e velas coloridas.
“As evangélicas não entram em lugares
com fotos de pessoas nuas e próteses penduradas. Querem ser atendidas por
‘amigas’”, diz Thaís.
Frequentadora da Congregação Cristã
no Brasil, uma das clientes mais assíduas da loja repete sempre o mesmo ritual.
“Ela se esconde atrás daquela árvore e me liga. Quando abro a porta, a mulher
entra correndo, suspira e pede para fechar.”
Funciona: toda semana, a visitante secreta
bate ponto no arbusto.
ELES vs. ELAS
Em um ponto, consultoras e clientela
são unânimes: o mercado erótico gospel é restrito às mulheres.
“Eles são mais conservadores. Preciso
fazer um trabalho cuidadoso com a cliente para o marido não ficar enciumado ou
desconfiar da fidelidade dela”, conta a representante Tarciana Valente, 29.
Os campeões de vendas são produtos
mais “leves”, ela continua. Entre eles, gel lubrificante (“importante porque
muitas são reprimidas sexualmente e não têm lubrificação”) e óleos perfumados
(“elas gostam porque melhora o sexo oral”).
Já as vendas de vibradores são mais
raras. Diferente do público convencional, os religiosos preferem modelos não
realistas, em formato de borboleta, polvo ou ursinhos.
“Próteses parecidas com membros reais
chocam. Eles logo associam com promiscuidade”, diz Estela Fuentes, 26,
estudante de psicologia que comercializa R$ 300 em produtos eróticos por
semana.
“Meu maior desafio é mostrar que
prazer não é pecado. Todo mundo precisa ter orgasmos na vida”, afirma.
SEM CENSURA
Os vídeos do pastor Cláudio Duarte,
45, da Igreja Batista, falando sobre sexo fazem sucesso na internet. É dele o
livro “Sexualidade Sem Censura”, publicado pela Central Gospel, editora do
amigo Silas Malafaia. Para Cláudio, “a rotina é um assassino do relacionamento
sexual, um ‘brochante’ terrível”.
Contra isso, ele aconselha seus
seguidores: para cativar seu público fiel (o cônjuge), trate de armar “um bom
espetáculo”. “Vai inovando, como o Cirque du Soleil”.
Esse circo, contudo, pega fogo nas
congregações evangélicas. Cláudio, certa vez, falou de sexo durante um culto na
igreja. No fim da pregação, surgiu o questionamento.
“Uma senhora disse que eu não deveria
tratar daqueles assuntos porque lá é local santo. Perguntei se tinha falado
alguma mentira. Ela disse que falei verdades que não deveriam ser ditas.”
Mônica, a consultora da bolsa
bordada, trabalha escondida do pastor de sua igreja (a Renascer). Ela também
evita entrar em detalhes sobre o assunto com sua mãe, uma senhora de 76 anos.
“Ela acha que vibrador dá câncer no
útero”, explica.
E o que diria se o líder da sua
igreja descobrisse? “Pastor, desculpa, preciso ganhar meu dinheiro.”
OBS: Estou tão perplexo que nem vou tecer comentários. Vou apenas repetir o que diz certo jornalista que diz: "ISSO É UMA VERGONHA"!
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