terça-feira, 7 de maio de 2013

0 Não obstante a TUDO ISSO, eu ainda acredito na Igreja


Creio que não é segredo de ninguém que a Igreja Evangélica brasileira atravessa uma de suas maiores crises doutrinária, teológica, administrativa etc.

Quem nunca se deparou com problemas dessa natureza dentro de suas igrejas locais? Acredito que ninguém em sã consciência tem a coragem de atirar a “primeira pedra”.

Se fôssemos citar aqui os problemas verificados e o nível de insatisfação de milhares de crentes com suas igrejas, acredito que vinte ou trinta páginas não seriam o suficiente. Basta lembrar apenas de relance alguns dos problemas gritantes da atualidade, para que se tenha uma noção do que eu estou falando.

·         A questão doutrinária – Essa palavra “doutrina” nem mais é citada em muitos templos de nossas igrejas Brasil afora, visto que alguns têm nela uma conotação pejorativa. Quando se fala em doutrina, logo muita gente tem asco, pois se lembra de legalismo religioso, falso moralismo etc. Mas não obstante o que pensa a maioria; vejamos o que diz a Bíblia sobre a doutrina na Igreja:

a.    Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Tito 2.1

b.    Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, 1 Timóteo 6:3

c.    Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Joao 7.16

d.    Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; 2 Timóteo 4:3

e.    Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes (1 Tm 4.16)

Estes versículos que citei servem apenas para que se tenha uma ideia da importância da doutrina bíblica para a vida do crente em particular e também da comunidade (IGREJA).

·         A pregação da Santa Palavra de Deus – Quero dizer que não tenho nada contra o louvor, louvor este que bem administrado por músicos cristãos comprometidos com a santidade e a pureza; é uma ferramenta indispensável ao bom andamento do culto. Porém, o que venho observando é que gradativamente o louvor está suprimindo o tempo que deveria ser dedicado à ministração da Palavra.

Já é normal em algumas igrejas deixar-se dez ou quinze minutos para a pregação da Bíblia no culto. Será essa uma atitude sadia da igreja? Vejamos o que diz a Bíblia sobre a primazia da PREGAÇÃO DA PALAVRA:

a.    Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (1 Tm 4.2)

b.    E enviou-os a pregar o reino de Deus.... Lucas 9:2a

c.    Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e abrindo-se-me uma porta no Senhor, 2 Coríntios 2:12

d.    E nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos (Atos 10.42)

e.    E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus. Atos 9.20

Será que podemos relegar a pregação da Palavra de Deus a um plano secundário na Igreja? Creio que não. Um dos pilares dos reformadores (Lutero, Calvino e Zwinglio) era exatamente recolocar a pregação como centro do culto, mas parece que estamos a desfazer toda obre dos reformadores!

·         Exacerbação nas mensagens de autoajuda e teologia da prosperidade – Bem eu particularmente não sou contra uma bela mensagem de autoajuda e muito menos contra a prosperidade honesta de ninguém. Mas, uma coisa que me deixa revoltado é ver supostos pregadores usar o púlpito da igreja para pregar mensagens de autoajuda dizendo que estão pregando a Palavra de Deus. Faça-me um favor!
·          
Outra coisa nojenta é essa ênfase hiper-exagerada à TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, que de prosperidade bíblica não tem nada, está mais para TEOLOGIA DA GANÂNCIA E DA AVAREZA.

É só observar a vida das pessoas iludidas com essa falsa teologia e ver que geralmente são pessoas que não pensam em salvação, santidade, vida consagrada, temor de Deus etc. em contraste, o que as domina é um sentimento de cobiça e ganancia, visto serem pessoas que vivem uma luta desenfreada para crescer materialmente cada dia mais, sem ao menos se preocupar com sua própria família, saúde e muito menos com Deus.

·         Exageros e ameaças quando o assunto é DÍZIMO – Talvez você ache pesada a palavra “ameaças”, mas infelizmente é o que tenho presenciado em muitas Igrejas.

Já disse que não sou totalmente contra o ensino acerca do dízimo para manutenção da Igreja e sustento de missionários. Mas o que está acontecendo é uma POUCA VERGONHA ESCANCARADA E ABERTA. Certa feita eu ouvi de um determinado pastor, e pasmem os senhores, que o crente que não dá o dízimo não vai ser salvo. PELO AMOR DE DEUS o que tem haver dízimo com salvação? Salvação é uma obra consumada e completada por Cristo no Calvário enquanto que dízimo é apenas a forma judaizada que a igreja arrumou para retirar o seu sustento financeiro.

Se dízimo salvasse alguém então eu lhes pergunto por que Jesus morreu na cruz? Era necessário apenas o cristão ser dizimista e pronto, estava salvo.
QUE ABSURDO! - Isso sem falar em promessas mirabolantes aos dizimistas e ameaças de maldição aos que não são dizimistas, como por exemplo: Àquele que dizima Deus lhe acrescentará tanto e tanto que nunca lhe faltará nada no celeiro. Porém, aos que não são dizimistas o demônio DEVORADOR lhes rouba as finanças e lhes joga na miséria. O pior de tudo é que eles usam a Bíblia para tentar provar esse disparate. Mas será que eles têm razão? Vamos examinar alguns textos da Bíblia:

a.    Malaquias 3.10 - Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.

Bem, observando esse texto parece que os pregadores do dízimo estão com a razão. Mas não esqueça que essa pregação foi feita por Malaquias a JUDEUS QUE ESTAVAM DEBAIXO DO JUGO DA LEI MOSAICA E NÃO AOS CRISTÃOS DA NOVA ALIANÇA. Aonde no Novo Testamento lemos tal promessa se repetindo ainda que subtendida? Em lugar nenhum!

A Única ocorrência ao dízimo no período neotestamentário está em Mateus 23.23. E nessa passagem Jesus não incentiva a prática do dízimo, mas chama a atenção dos fariseus por causa dessa mesma prática. Essa passagem não pode ser usada como sustentação doutrinária para o dízimo no Novo testamento.

Eu lhes pergunto Jesus dizimou? Pedro ensinou sobre o dízimo? João tocou nesse assunto? Paulo o maior de todos os apóstolos, o homem que escreveu treze epístolas não faz a mínima alusão a esse assunto, porque será?

b.    Malaquias 3.11 - Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.

Olha o devorador ai minha gente. Mas, não é bom esquecer que esse DEVORADOR não é o demônio, mas gafanhotos, lacusta e pulgão que nessa época estavam devorando a lavoura de Israel por causa da desobediência a uma determinação de Deus na lei mosaica, o dízimo para sustento dos sacerdotes e manutenção da casa de Deus.

 Agora eu lhes pergunto o que esse versículo tem haver com cristãos da Nova Aliança e com esse tal de DEMÔMIO DEVORADOR? Não será forçar a Bíblia a dizer o que ela não diz?

E tem mais! Os que não são dizimistas geralmente são tratados com desprezo e tidos como amaldiçoados por Deus em algumas igrejas. Há pastores que proíbem até que se dê oportunidade àqueles que não dizimam regularmente.
Volto a dizer-lhes: Se a igreja quer retornar a cobrança judaica do DÍZIMO como forma de arrecadação da sua manutenção, então que o faça, mas pelo menos seja honesta em usar os argumentos corretos.

 Oriente seus membros a entregar os dízimos por amor à obra e a Deus, por gratidão e desapego as coisas materiais; e não usando e abusando da simbologia bíblica para pôr sobre os ombros dos fiéis um jugo que JESUS JÁ QUEBROU NA CRUZ que foi o jugo da MALDIÇAO DA LEI.

Enfim poderia eu citar aqui vários problemas que precisam ser corrigidos e sanados para que a Igreja brasileira possa caminhar com saúde espiritual, enquanto aguarda a volta de Jesus para busca-la, mas por hora ficam estes aqui.

No entanto mesmo diante de tantos problemas eu ainda acredito na Igreja de Cristo como a única instituição capaz de levar o homem ao conhecimento de Deus e de evitar a deterioração completa desse mundo que jaz em trevas.

Acredito que como proprietário único da igreja, o Senhor Jesus vai encontrar um jeito de sanar todos esses problemas e muitos outros que surgirão pela frente. Também quem quer uma igreja perfeita? Essa não existe aqui na terra. Visto que ele é composta de homens falhos e pecadores. Já dizia com verdade certo pregador: “A Igreja é a história do amor e da misericórdia de Deus, em meio aos erros e fracassos humanos”.

Lembremo-nos das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz: Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; Mateus 16.18

Sinta-se a vontade para ler, refletir, criticar, reproduzir em seu site ou blog. Peço apenas que sejam citadas a fonte e o autor.

Paz a todos,

          João Augusto de Oliveira



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