“Ah, se pudéssemos sentir-nos mais preocupados com o estado de
inanição em que se encontra hoje a causa de Cristo na terra, com os avanços do
inimigo em Sião e com a devastação que o diabo tem efetuado nele. Mas
infelizmente um espírito de indiferença vem imobilizando muitos de nós.”
A.W.Pink
Por:
Leonard Ravenhill
Na igreja moderna, a
reunião de oração é uma espécie de Cinderela. Essa serva do Senhor é desprezada
e desdenhada porque não se adorna com as pérolas do intelectualismo, sem se
veste com as sedas da filosofia; nem se acha ataviada com o diadema da
psicologia. Mas se apresenta com a roupagem simples da sinceridade e da
humanidade, e por isso não tem receio de se ajoelhar.
O “mal” da oração é que ela não se acha
necessariamente associada a grandes façanhas mentais. (não quero dizer, porém,
que se confunda com preguiça mental). Ninguém precisa ser espiritual para
pregar, isto é, a preparação e pregação de um sermão perfeita segundo as regras
da homlética e com exatidão exegética, não requer espiritualidade. Qualquer um
que possua boa memória, vasto conhecimento, forte personalidade, vontade,
autoconfiança e uma boa biblioteca pode pregar em qualquer púlpito hoje em dia.
E uma pregação dessas pode sensibilizar as pessoas; mas a oração move o coração
de Deus. A pregação toca o que é temporal; a oração, o que é eterno. O
púlpito pode ser uma vitrine onde expomos nossos talentos; o aposento da
oração, pelo contrário, desestimula toda a vaidade pessoal.
A grade tragédia de nossos dias é que
existem muitos pregadores sem vida, no púlpito, entregando sermões sem vida, a
ouvintes sem vida. Que lástima! Tenho constatado um fato muito estranho que
ocorre até mesmo em igrejas fundamentalistas: a pregação sem unção. E o que é
unção? Não sei. Mas sei muito bem o que é não ter unção (ou pelo menos sei
quando não estou ungido). Uma pregação sem unção mata a alma do ouvinte, em vez
de vivificá-la. Se o pregador não estiver ungido, a Palavra não tem vida.
PREGADOR, com tudo o que possuis, adquire unção.
Irmão, nós, poderíamos ter a metade da
capacidade intelectual que possuímos se fôssemos duas vezes mais espirituais. A
pregação é uma tarefa espiritual. Um sermão gerado na mente só atinge a mente
de quem ouve. Mas gerada no coração, chega ao coração. Um pregador espiritual,
sob o poder de Deus, produz mentalidade espiritual em seus ouvintes. A unção
não é uma pombinha mansa esvoaçando à janela da alma do pregador; não. Pelo contrario;
temos de batalhar por ela e conquistá-la. Também não é algo que se aprenda; é
benção que se obtém pela oração. Ela é o prêmio que Deus concede ao combatente
da fé, que luta em oração, e consegue a vitoria. E não é com piadinhas e
tiradas intelectuais que se chega à vitória no púlpito, não. Essa batalha é
ganha ou perdida, antes mesmo de o pregador pôr os pés lá. A unção é como
dinamite. Não é recebida pela imposição de mãos, nem tampouco cria mofo se o
pregador for lançado numa prisão. Ela penetra e permeia a alma; abanda-a e
tempera-a. E se o martelo da lógica e o fogo do zelo humano não conseguirem
quebrar o coração de pedra, a unção o fará.
Que febre de construção de templos estamos
presenciando hoje! No entanto, sem pregadores ungidos, o altar dessas igrejas
não verá pecadores rendidos a Cristo. Suponhamos que todos os dias diversos
pescadores saiam para o alto-mar com seus barcos, levando o mais moderno
equipamento que existe para o exercício desse ofício, mas retornem sempre sem
apanhar um só peixe. Que desculpa poderia dar para tal fracasso? No entanto é
isso que acontece nas igrejas. Milhares delas estão abrindo as portas
dominicalmente, mas não vêem conversão. Depois tentam encobrir sua esterilidade
interpretando textos bíblicos a seu bel-prazer. Mas a Bíblia diz: “Assim será a
palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia...”
E o mais triste em tudo isso é que o fogo
que devia haver nesses altares encontra-se apagado ou arde em combustão muito
lenta. A reunião de oração está morrendo ou já morreu. Com a atitude que temos
em relação à oração, estamos dizendo ao Senhor que o que ele começou no
Espírito, nós terminaremos na carne. Qual é a igreja que pergunta a um
candidato ao ministério quanto tempo ele passa em oração diariamente? A verdade
é que o pregador que não passa pelo menos duas horas por dia em oração, não
vale um vintém, por mais títulos que possua.
A igreja hoje se acha como que postada na
calçada assistindo, entre aflita e frustrada, à parada dos maus espíritos em
Moscou, que marcham pomposamente no meio da rua respirando ameaças contra “tudo
que é amável e de boa fama”. Além disso, no lugar da
regeneração, o diabo colocou a reencarnação; no lugar do Espírito Santo, os espíritos-guias;
no lugar do verdadeiro Cristo, o anticristo.
E o
que a igreja tem para contrapor aos males do comunismo? Onde está o poder
espiritual? A impressão que se tem é que, ultimamente uma forte sonolência
tomou o lugar da oposição religiosa, nos púlpitos e também nas publicações
evangélicas. Quem hoje batalha “diligentemente pela fé que uma vez por todas
foi entregue aos santos”? onde estão os combatentes divinamente ungidos de
nossos púlpitos? Os pregadores de deviam estar “pescando homens” parecem estar
pescando mais é o elogio deles. Os que costumavam espalhar a semente, agora
estão colecionando pérolas intelectuais. (Imagine só, semear pérolas num
campo).
Chega dessa pregação estéril,
espiritualmente vazia, que é ineficaz, porque foi gerada num túmulo e não num
ventre, e se desenvolveu numa alma sem oração, sem fogo espiritual! É possível alguém
pregar e ainda assim se perder; mas é impossível orar e perecer. Se Deus nos
chamou para o seu ministério, então prezados irmãos, insisto em que precisamos
de unção. Com tudo que possuis, adquire unção, senão os altares vazios de
nossas igrejas serão exemplos vivos de nosso intelectualismo ressequido.
Boa semana a todos...
João Augusto de Oliveira
OBS: Extraído do livro: Por que tarda o pleno AVIVAMENTO?
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