A crença da reencarnação é tão antiga quanto a humanidade, mas nunca fez parte do credo judaico-cristão. Muito comum nas comunidades pagãs como o hinduísmo, budismo e jainismo. Há vários modelos de reencarnação nas religiões do Extremo Oriente. Nosso enfoque aqui é sobre a forma como é ensinada pelos espíritas kardecistas. Qualquer que seja a forma de reencarnação é incompatível com os ensinos de Jesus Cristo.
A palavra vem do latim e re significa “outra vez” e incarnere vem de duas palavras, in e caris, que significam “em carne”. No mundo do ocultismo, outras palavras são usadas para designar reencarnação: transmigração, renascimento, metempsicose. Esses ensinos são muito difundidos hoje pela Nova Era.
Acreditam que a reencarnação pode aperfeiçoar a humanidade no sentido moral, espiritual e até físico. É a doutrina do carma, uma espécie de causa e efeito: tudo o que o homem semear nesta vida será colhido na próxima. Alguns creem que a pessoa pode ser reencarnada num animal ou mesmo num inseto. Os adeptos de Hare Krishna, por exemplo, não matam uma barata, pois estariam correndo o risco de estar matando a própria avó. Nisso os kardecistas diferem deles, pois não creem na reencarnação humana num ser de ordem inferior.
Jactam-se de ter a explicação para o fenômeno do sofrimento humano. Para nascimento de pessoas com deficiência física ou com problema muito sério de saúde, dizem ser efeito da lei do carma. Essa pessoa estaria pagando o que fez em outras encarnações, e assim ela teria como se aperfeiçoar. Buscam fundamentos bíblicos e científicos, como a criptoamnésia, para consubstanciar estes argumentos. Segundo eles, reencarnações e boas obras são os meios para se obter a salvação. Uma tentativa de angariar a salvação por seus próprios méritos.
Quando os discípulos de Jesus lhes perguntaram quem havia pecado, se o cego de nascença ou seus pais, a resposta de Jesus foi clara e destruidora da tese reencarnacinista: “Nem ele pecou, nem seus pais” (João 9.3). Além disso, seria muito cruel alguém padecer sem saber o por quê. Jamais alguém se lembra dessa suposta encarnação, é obvio, porque ela não existe. A salvação é pela fé em Jesus, e não pelas obras (Efésios 2.8-9 e Tito 3.5). Não há salvação sem Jesus (João 14.6; Atos 4.12). O sacrifício de Jesus pode salvar perfeitamente os que Dele se aproximam (Hebreus 7.25).
Às vezes, acontece que a pessoa está numa conversa com outra pela primeira vez, ou se encontra num ambiente pela primeira vez, e tem a sensação de que já viu tal pessoa ou já tratou do mesmo assunto antes, ou tem a impressão de que já esteve nesse ambiente antes. Isso é chamado de déjà vu (francês “já visto”). Os reencarnacionistas exploram esse estado psíquico para justificar sua crença. Os cientistas, porém, afirmam que quando os dados do ambiente são captados pela visão, às vezes, a informação para o cérebro demora um microssegundo, e isso leva a pessoa a pensar que já viveu aquela cena antes. Eles chamam o déjà vu de criptoamnésia. É isso que eles chamam de provas científicas? Não há consistência bíblica nem científica.
Essa crença kardecista está intimamente vinculada com a consulta aos mortos, o pecado da necromaneia (Levítico 19.31 e Deuteronômio 18.10-11). Sendo isso um problema, procuram se apegar ao texto de 1Samuel 28, que registra o episódio de Saul e a feiticeira, para consubstanciar suas crenças. Com isso querem provar que Saul entrevistou Samuel, tendo o profeta já morrido, através da pitonisa de En-Dor. Mas a interpretação deles é muito superficial e não resiste à exegese bíblica.
À luz do contexto, a médium de En-Dor falou com os “deuses” que subiam e não com Samuel. Só depois que ela “recebeu” a entidade reconheceu que seu cliente era Saul (ISamuel 28.12). A partir de então o suposto Samuel falava com Saul.
A Bíblia diz que Deus não respondeu a Saul nem por sonhos, nem por Urim e nem por profeta (ISamuel 28.6). Samuel era profeta (Atios 13.20). Deus se revelava nos tempos do Antigo Testamento por diversas maneiras (ISamuel 28.6) sonhos (Jó 33.15-17); Urim e Tumim (Êxodo 28.30 e Números 27.21) e por profetas (Hebreus 1.1). A Bíblia afirma que Saul consultou a “adivinhadora” e não a Samuel nem ao Senhor (lCrônicas 10.13-14).
O suposto Samuel afirmou que, no dia seguinte, Saul e seus filhos estariam com ele, ou seja, morreriam. Saul não morreu no dia seguinte, só depois de dezoito dias, e apenas Jônatas, de todos os seus filhos, morreu junto com Saul. Isbosete, Armoni e Mefibosete sobreviveram (2Samuel 2.8-10; 21.8).
Além disso, quem morre desviado não vai para o mesmo lugar onde está um profeta de Deus. Portanto, Saul não foi para junto de Samuel. Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus. Ele suicidou-se (1Samuel 28.19; 31.4). Caiu nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (1Samuel 31.11-13). Deus não deixou cair por terra nenhuma palavra de Samuel (1Samuel 3.19).
Assim essa entidade era um espírito demoníaco disfarçado de Samuel. Isso prova a possibilidade de manifestações sobrenaturais nas práticas necromânticas, pois o inimigo é astuto (2Coríntios 11.13-15).
Outra passagem bíblica que eles usam é Mateus 17.10-13, para justificar a reencarnação, afirmando que João Batista é Elias reencarnado. Eles, porém, não se dão conta de que Moisés morreu cerca de 1.400 anos a.C. e reaparece sendo o mesmo Moisés, e não uma reencarnação de Moisés, e que Elias, sequer morreu (2Reis 2.11). João Batista veio na virtude e no espírito de Elias (Lucas 1.1-17), pois se vestia como Elias: vestes de pelo e cinto de couro (2Reis 1.8 e Mateus 3.4); ambos eram homens do deserto (lReis 19.9-10 e Lucas 1.80); ambos eram contundentes em suas palavras e pregaram contra reis ímpios (lReis 21.20-27 e Mateus 14.1-4). O próprio João, consciente de sua identidade e missão (João 1.26-27, 32-33), disse que não era Elias (João 1.21).
A Bíblia diz que reencarnação não existe (Hebreus 9.27), que consultar os mortos é violar as leis de Deus e, portanto um crime em Israel, nos tempos do Antigo Testamento (Levítico 20.27; 2Reis 23.24 e Isaías 8.19-20).
Não há espaço na escatologia bíblica para a reencarnação, pois a Bíblia fala de ressurreição e uma coisa anula a outra (João 5.28-29, Apocalipse 20.12-13).
Não havendo, pois, fundamento bíblico que apoie a possibilidade de comunicação dos vivos com os mortos, nem a existência da reencarnação, os argumentos kardecistas são reduzidos a cinzas.
Pr. Esequias Soares
Teólogo Apologista da CPAD
Assembleia de Deus Jundiaí/SP
http://www.cacp.org.br/teoria-da-reencarnacao-reduzida-a-cinzas/
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