domingo, 1 de julho de 2018

0 William Seymour: O Pioneiro do Avivamento da Rua Azusa



CAPÍTULO 1
Da Louisiana à Rua Azusa
Seymour e suas Raízes Católicas da Louisiana
Por Dr. Charles Fox Jr.
Em 2 de maio de 1870, em Centerville, Louisiana, ao lado de Bayou Teche[1], William J. Seymour, filho dos ex-escravos Simon Seymour e Phillis Salaba Seymour, veio ao mundo. Simon Seymour havia se mudado recentemente de New Iberia, a 20 quilômetros das regiões pantanosas (bayou), e do centro de Acadiana, ou Cajun Country[2]. Durante a Guerra Civil, ele estava entre os quinze mil voluntários afro-americanos que ingressaram no Exército da União.[3] Como a Proclamação de Emancipação de Lincoln foi direcionada apenas para áreas sob controle confederado, ela não liberava os escravos que moravam em St. Mary e nas paróquias vizinhas, onde Simon viveu. Portanto, ele aproveitou uma cláusula de exceção se voluntariando para pegar em armas e combater o Sul, ganhando assim a liberdade imediata em troca de seu serviço militar.[4]
Embora Abraham Lincoln estivesse empenhado em acabar com a escravidão e declarasse que todos os escravos ficariam livres a partir de 1º de janeiro de 1863, ele não queria colocar o exército da União numa posição tática desvantajosa por ter que cuidar de escravos libertos sem moradia, enquanto o Norte ainda estava combatendo uma guerra.
Portanto, Simon tomou a única opção que um escravo vivendo em St. Mary Parish, e desesperadamente desejando liberdade poderia tomar; em 10 de outubro de 1863, tornou-se um soldado de infantaria na unidade Corps d’Afrique, mais tarde chamada de U.S. Colored Infantry[5]Simon serviu seu país por três anos na Louisiana e na Flórida  e deu baixa honrosamente em 7 de setembro de 1866.[6]
A mãe de Seymour, Phillis Salaba, nasceu em 23 de novembro de 1844 e, de acordo com Cecil M. Robeck, foi escrava do Sr. Adelard Carlin, um dos mais ricos proprietários de fazendas de St. Mary Parish.[7] 2.110 acres de terra com 112 escravos, 80 cavalos, 40 mulas, 30 vacas leiteiras, 16 bois, 150 porcos e 150 “outros” rebanhos.[8] Os 112 escravos incluíam Phillis Salaba, seus pais e seus irmãos.
Simon e Phillis se casaram em 27 de julho de 1867 e, como não sabiam ler ou escrever, assinaram a certidão de casamento escrevendo um “X”.[9] Pouco tempo depois, os Seymours tiveram uma filha chamada Rosalie, e em 1870 tiveram William. Estes dois seriam seguidos nos quinze anos posteriores por Simon, Amos, Julia, Jacob, Isaac e Emma.[10]
A vida religiosa no sul da Louisiana era dominada pela Igreja Católica Romana devido a influência dos colonos franceses que ganharam o controle da região no século XVIII. A lealdade à Igreja Católica Romana era imposta a qualquer pessoa sob sua jurisdição territorial. Uma geração antes, em 1724, o prefeito de Nova Orleans, Jean Baptiste Le Moyne Bienville emitiu o Le code noir  (O Código Negro), exigindo que todos os colonos proprietários de escravos instruíssem e batizassem os seus escravos na fé católica. A família Seymour foi uma das muitas famílias afro-americanas a ser instruída nos caminhos da Igreja Católica. Assim, cada criança era levada à Igreja Católica na cidade vizinha de Franklin, na Louisiana, onde eram batizadas.[11] William J. Seymour foi batizado com quatro meses de idade, aos quatro dias do mês de setembro de 1870. Ele seria criado como um católico romano.[12]
No entanto, William foi provavelmente influenciado por várias religiões locais, frequentemente de origem africana e entrelaçadas no catolicismo. Uma das religiões mais dominantes na Louisiana durante o tempo de Seymour era uma das várias formas do vudu.[13] A maioria dos escravos que chegaram ao sul da Louisiana, vindos da África, não abraçaram totalmente o voodoo clássico, mas trouxeram consigo muitos de seus princípios, superstições e medos que foram então transmitidos à próxima geração de escravos.[14]
No entanto, apesar de suas diferenças com o Cristianismo, a religião escrava africana mantinha muitas crenças em comum com a cosmovisão cristã. Tais crenças incluíam a fé em um espírito divino, sinais e maravilhas, milagres e curas, espíritos invisíveis, transes, possessão espiritual, visões e sonhos.[15] Neste contexto, é fácil entender porque alguns estudiosos afirmam que a religião africana, juntamente com as condições de escravidão sob as quais se formou uma compreensão negra do cristianismo, podem ter influenciado na formação do pentecostalismo de Seymour, ou no pentecostalismo negro.[16]
Portanto, os anos formativos de Seymour, com sua ênfase nos sonhos, visões e no sobrenatural como um todo, devem ser mantidos em mente enquanto observamos sua peregrinação espiritual que o conduz à Rua Azusa.
Escravidão e Emancipação
Em 1877, quando Seymour tinha sete anos de idade, a Reconstrução dos Estados Unidos[17] terminou, deixando os negros sentindo-se traídos por seus libertadores, quando os republicanos concordaram em retirar as tropas federais do Sul.[18] A promessa de liberdade garantida pela Proclamação de Emancipação do Presidente Lincoln, em 1º de janeiro de 1863, era mera retórica para a maioria dos negros do sul, uma vez que lhes foram negadas liberdades básicas, como o direito de voto, o direito de obter educação formal e o direito à oportunidades de emprego.
Além disso, os negros sofreram atrocidades indescritíveis nas mãos dos supremacistas brancos. Por exemplo, em 13 de abril de 1873, quatro anos antes da partida das tropas federais, 100 homens negros foram mortos quando a Liga Branca, um grupo paramilitar com intenção de fortificar o governo branco na Louisiana, confrontou-se na cidade de Colfax com a milícia do estado quase toda formada por negros da Louisiana[19]De 1876 até o final do século, os líderes brancos impuseram brutalmente a supremacia e a segregação em todo o Sul.
Como a maior parte do Sul, a cidade de Centerville tinha profundos conflitos raciais que haviam evoluído através de uma cadeia clara de eventos, abrangendo muitas décadas. Os colonos chegaram à área pouco depois que o presidente Thomas Jefferson comprou de Napoleão Bonaparte o território da Louisiana em 1803, dobrando o tamanho dos Estados Unidos.[20] Em 1808 o desembarque na cidade de Franklin foi grande o suficiente para fazer daquela localidade a primeira cidade da paróquia e em 1820, tornou-se a sede desta. Caçadores de tesouros entusiasmados vieram buscar pequenas fortunas através da venda de açúcar refinado, e para construir maiores fortunas através da venda do rum que era produzido com açúcar dali. Estes empresários recém-chegados usaram o Rio Mississipi para trafegar de Nova Orleans para o norte e para o oeste através do Rio Plaquemines e outro rios, viajando até Bayou Teche, que era no meio do caminho entre Nova Orleans e a terra além do Rio Sabine, que mais tarde ficou conhecida como o estado do Texas.[21]
Os fazendeiros brancos estavam conscientes da necessidade de obter mão-de-obra forte para trabalhar nas plantações de de cana-de-açúcar. Durante a época da colheita, asseguraram-se de manter um suprimento adequado de escravos africanos, que por vezes trabalhavam dezoito a vinte horas por dia em uma área conhecida como uma das regiões mais quentes e úmidas do planeta.[22]
As costas desses escravos negros eram duramente castigadas e não raras as vezes ficavam marcadas e ensanguentadas por chicotadas, à medida que os capatazes os forçavam à uma vida que consistia de cortar cana encurvados à apenas cinco centímetros do solo. Até os animais de carga não eram adequados para um trabalho tão exigente no terrível calor da Louisiana. A Sra. Amy Jackson, uma antiga escrava, descreve claramente a rotina de um dia de serviço de seu povo:
Como escravos, éramos forçados a estar nos campos às 4:00 da manhã, e nosso dia de trabalho durava até as 11:00 da noite – muitas vezes até mais tarde […] Como bem me lembro desses espancamentos! As cicatrizes ainda estão nas minhas costas […] Dois homens seguraram minhas mãos enquanto outros dois seguraram meus pés, deixando-me com as costas nuas e de bruços completamente subjugada. O meu dono me golpeou com o chicote até que minha pele ficou aberta em grandes cortes; grandes o suficiente para colocar as mãos dentro. Uma grande poça de sangue quente formou-se sob mim.[23]
Na década de 1830, o setor imobiliário na região de St. Mary cresceu rapidamente devido à especulação excessiva daquela terra fértil, que era capaz de produzir grandes quantidades de novas riquezas por meio do trabalho escravo[24]Também em 1830, após uma década de crescente medo que estourasse uma rebelião de escravos, o estado da Louisiana aprovou leis proibindo qualquer um de alfabetizá-los, sob pena de um ano de prisão. Essas apreensões eram justificadas. Em 1831, Nat Turner liderou uma insurgência de escravos que matou 60 brancos no condado de Southampton, no estado da Virginia.[25] O medo de mais rebeliões precipitou leis anti-educação mais amplas contra os negros. Para os escravos, qualquer desejo por escolaridade tornou-se um sonho inalcançável.
A apreensão pelo temor de escravos se rebelarem acerca das consequências explosivas da escravidão, estava presente desde a revolta haitiana dos escravos de 1791, quando quinhentos mil negros destruíram não só canaviais inteiros, mas também seus superintendentes. Em 1798, e talvez com os olhos voltados para a revolta haitiana, ao mesmo tempo em que examinava o crescente número de escravos americanos, todos os Estados Unidos declararam ilegal o tráfico de escravos, mas não a escravidão em si. Um outro passo nesse sentido foi dado em 1 de janeiro de 1808, quando a importação de escravos foi proibida pelo governo federal. Esta proibição, porém, não eliminou o fluxo escravagista, mas tão somente permitiu a criação de um lucrativo mercado negro, que era controlado por homens como o pirata Jean Lafitte, que fazia o seu comércio na Baía de Barataria (quarenta quilômetros ao sul de Nova Orleans), bem próxima de Bayou Teche.[26]
Enquanto os estados do Norte lutavam contra os do Sul na Guerra Civil de 1861-1865, às vezes era difícil diferenciar as atitudes de ambos os lados em relação aos afro-americanos, ou até mesmo para a economia local. As forças da união comandadas pelo general Benjamin Butler tinham bloqueado a existência comercial da Louisiana como uma extensão do bloqueio Nova Orleans, concluindo com a tomada da cidade em 1 de maio de 1862. O exército confederado de retirada ajudou na destruição queimando todos os barcos, docas, e Armazéns, incluindo os estoques de algodão e açúcar. Em 1862, o resultado do esforço de guerra do General Butler foi uma colheita de apenas oito milhões de dólares, representando menos de um terço da safra do ano anterior. Na verdade, as perdas estimadas para plantadores de açúcar durante a guerra totalizaram mais de cento e setenta milhões de dólares e praticamente arruinaram toda a indústria açucareira norte-americana.[27]
A Proclamação de Emancipação de Lincoln de 1863 impactou profundamente a maioria dos escravos da Louisiana, mas não todos. Uma vez que a Proclamação foi dirigida às áreas sob controle confederado, ela não libertou os escravos do interior de Teche (que incluía St. Mary e suas paróquias vizinhas), porque esta área era de jurisdição federal.[28] Quanto ao general Butler, apesar de sua posição no exército da União, retornou os escravos fugitivos a seus donos até que seu sucessor, General Nathanael Banks, acabou com a prática em janeiro de 1864.[29]
Em dezembro de 1865 todos os escravos foram libertados com a ratificação da Décima Terceira Emenda. A Proclamação de Emancipação foi lida publicamente em todas as plantações da Louisiana, com cópias escritas em inglês e francês dadas aos escravos recém-libertados. Além da leitura pública da Proclamação, uma admoestação especial foi para a cidade de Franklin, onde os negros foram ilegalmente proibidos de possuir propriedades, portar armas de fogo e reunir-se para adoração sem permissão.[30]
Enquanto a Secretaria de Liberdade do governo federal estava tentando educar e emancipar os negros, a violência irrompeu quando grupos terroristas secretos brancos, como o Ku Klux Klan e a Liga Branca, surgiram para manter os negros oprimidos pelo medo e brutalidade. St. Mary Parish, bem como outras áreas vizinhas sofreu ataques perversos contra seus moradores negros. Em 30 de julho de 1866 em Nova Orleans, uma tentativa de convenção constitucional de afro-americanos foi atacada por brancos radicais o que resultou na morte de 34 negros e ferindo outros 146.
Vinte e cinco negros libertos foram atacados e assassinados entre setembro de 1865 e novembro de 1866; No entanto, a partir de 9 de março de 1867, o Escritório de Libertos reconheceu que nenhuma pessoa branca havia sido processada por matar um negro liberto. A tendência acelerou e em 30 de setembro de 1867, o Bureau registrava oficialmente 51 desses assassinatos, 69 assaltos com a intenção de matar, e 56 relatos de assalto e pilhagem. No ano seguinte, trouxeram mais 166 assassinatos e outras 225 provocações contra ex-escravos. As tentativas de levar os brancos agressores à justiça pelas autoridades civis foram desprezadas; Os culpados pareciam imunes à lei.[31]
RECONSTRUÇÃO, RACISMO E MIGRAÇÃO
Reconstrução
Em novembro de 1876, resultados eleitorais duvidosos na Louisiana e na Carolina do Sul levaram a um compromisso em Washington. Em troca da presidência, os republicanos concordaram em retirar as tropas federais do Sul. Quando o recém-eleito Rutherford B. Hayes se tornou presidente, ele manteve sua aliança com os eleitores sulistas (brancos) ao retirar as tropas federais do Sul em 1877. Com efeito, isso encerrou a aplicação das leis de reconstrução que ajudaram os afro-americanos em seus direitos civis e liberdade.[32]
Apesar de muitas conquistas, o Escritório de Libertos não conseguiu, infelizmente, fornecer recursos econômicos necessários para o avanço da liberdade negra, devido a falta de financiamento federal do Congresso, o que apenas refletia as atitudes predominantes do povo americano. O direito constitucional que garantia a igualdade política não valia nada neste momento, porque os libertos não tinham direito de voto, bem como nenhum acesso à educação e emprego. O sonho de “quarenta acres e uma mula” não passava de uma fantasia, pois os negros eram abandonados por seus libertadores.[33]
Foi durante este período que Seymour tornou-se adulto na Louisiana. Foi também neste contexto de aumento do racismo que o impulsionou a deslocar-se para uma área mais complacente para os negros que queriam liberdade da opressão, e uma oportunidade de viver o sonho americano.
Durante a vida de Seymour, os afro-americanos suportaram muita hostilidade e atrocidades incalculáveis. Oprimidos pelo terror e atos aleatórios de violência nas cinzas de uma política de reconstrução fracassada, o fator preponderante foi que depois da Guerra Civil, ex-escravos viviam nas mais férteis áreas de plantação do Sul, muitas vezes superando os brancos. Ter superioridade numérica, no entanto, não foi suficiente porque os ex-escravos não foram capazes de usufruir de seu novo direito constitucional de votar. Portanto, eles não podiam controlar as terras agrícolas mais ricas da nação. Os brancos justificavam suas ações com frases como “necessidade não conhece lei”; “a autopreservação é a primeira lei da vida”; e “isto é guerra, não política”[34] A dominação branca dos afro-americanos no Sul tinha poucas fronteiras; certamente muito poucas fronteiras impostas pelo governo federal, o que concedeu tacitamente o fim da Reconstrução em 1876. A atenção da nação parecia desviada pela saga da “última batalha de Custer” no Little Bighorn[35], fato que despertou atrocidades adicionais contra os nativos americanos. Os direitos dos ex-escravos no Sul tornaram-se uma notícia obsoleta.
Racismo
Nos anos de 1876 até o fim do século, os líderes raciais brancos impuseram sua marca de supremacia e segregação em todo o Sul, retornando à escravidão em tudo menos no nome. As leis de Jim Crow e os “Códigos Negros” tornaram-se a norma, que comunicou um mundo separado e de regulação totalitária contra os afro-americanos. Tais regulamentos contra os negros variaram de bebedouros e banheiros separados, a salários controlados e violência constante e sem restrições. Nos últimos dezesseis anos do século XIX, vinte e cinco mil pessoas foram linchadas ou queimadas na fogueira; virtualmente todos eles eram residentes negros do Mississippi, Alabama, Geórgia e Louisiana.[36]
Em 1896, a Suprema Corte dos Estados Unidos sancionou formalmente a governança branca em sua rigorosa decisão “separada, mas igual”[37]. Dois anos depois, a terra natal de Seymour, o Estado da Louisiana concedeu a “cláusula de avô”, que afirmava que nenhum cidadão seria autorizado a votar a menos que seu pai e avô fossem elegíveis em 1 de janeiro de 1867. Isso praticamente eliminou todos os negros de participar do processo de votação. Os poucos eleitores afro-americanos que cumpriram esta condição rigorosa foram forçados a satisfazer duras regras educacionais e de propriedade, o que eliminou ainda mais os eleitores qualificados. Apesar de haver 130.344 afro-americanos registrados para votar em 1896, a maioria em vinte e seis paróquias, o número final daqueles que estavam realmente qualificados para votar caiu para 5.320 em 1900, sem maioria em nenhuma paróquia.[38]
Migração
Embora muitos historiadores alegassem que a principal razão pela qual os jovens afro-americanos deixaram o Sul estava relacionada com a oportunidade econômica, outra explicação mais prática estava relacionada à incapacidade dos afro-americanos de se defenderem contra a violência indiscriminada.[39] Para os afro-americanos do sul, não importava o quão submissos eles eram, ou mesmo se eles eram capazes de desfrutar de alguma medida de sucesso financeiro; o potencial de violência dos opressores brancos estava sempre presente. Tal foi o caso da trágica história de Anthony Crawford, que possuía 427 acres de terra de cultivo de algodão e era o fazendeiro negro mais rico do condado de Abbeville, na Carolina do Sul.[40]
Crawford era um homem bem sucedido, criando uma família de doze filhos e de quatro filhas com trabalho duro e firmeza. Em 21 de outubro de 1916, Crawford entrou em uma discussão com W. D. Barksdale sobre o preço do algodão. Barksdale era o proprietário de uma loja mercantil em Abbeville. Foi relatado que Barksdale chamou Crawford de mentiroso, e este sentindo-se ofendido, amaldiçoou Barksdale. Em pouco tempo, uma multidão branca se reuniu na loja. Crawford tentou escapar e procurou refúgio em uma cova rasa coberta no chão, próxima de um descaroçador de algodão. Em suas tentativas de se defender da multidão violenta, Crawford se armou com uma marreta e conseguiu esmagar o crânio de um de seus agressores antes de finalmente sucumbir ao frenesi violento da máfia, quando foi atingido por uma pedra e esfaqueado pelas costas.
Quando o Xerife de Abbeville chegou à cena, ele conseguiu manter a multidão sedenta de sangue temporariamente com a promessa de que Crawford ficaria confinado à prisão até que fosse determinado se o primeiro agressor de Crawford sobreviveria aos efeitos da marreta. O que aconteceu em seguida foi um cenário muito familiar que atormentava as comunidades negras. Indignado com a especulação de que o xerife poderia ajudar Crawford a escapar no trem das quatro horas, uma segunda turba branca invadiu a cadeia, agarrou violentamente Crawford, amarrou uma corda em volta do pescoço e arrastou-o através da parte negra da cidade até a sua morte.[41]
Na Louisiana, aparentemente, Seymour havia visto um tratamento desumano desses afro-americanos, juntamente com a falta de liberação econômica, e buscou uma nova vida no Norte.[42] Ele deixou o Sul antes do verdadeiro início da Grande Migração, quando milhares de afro-americanos passaram do sul rural para o norte urbano. Muitas dessas pessoas esperavam escapar do problema duradouro do racismo no Sul, e realmente acreditavam que iriam encontrar no Norte maiores oportunidades econômicas e uma melhoria geral da qualidade de vida. Estima-se que mais de um milhão de afro-americanos participaram dessa migração em massa entre 1910 e 1930.[43] A Grande Migração ajudou a facilitar o desenvolvimento das primeiras grandes comunidades urbanas negras no Norte, fazendo com que a população afro-americana crescesse cerca de 20% durante este período.[44] Cidades como Chicago, Detroit, Nova York e Cleveland viram alguns dos maiores aumentos proporcionais.
Quando Seymour migrou para o norte em Indianápolis por volta de 1896, descobriu que os negros recebiam a mesma proteção como cidadãos, o direito de votar e o direito de exercer cargos públicos. Seymour conseguiu encontrar emprego como garçom em um grande restaurante do centro.[45] Cada edição do Indianapolis City Directory de 1896-1899 listou a ocupação de Seymour como garçom. Ele foi empregado em três hotéis de luxo de Indianápolis: a Bates House, a Denison House e o Grand Hotel.[46] É digno de nota que Seymour, filho de ex-escravos e um sulista oriundo dos campos de cana-de-açúcar da Louisiana, tenha podido se adaptar tão rapidamente à estes lugares luxuosos.
O mais importante durante seus anos em Indianapolis, foi o clamor de Seymour por ter uma experiência da conversão. Charles Shumway, um ministro metodista que estava escrevendo uma tese de bacharelado para a Universidade do Sul da Califórnia em 1914, entrevistou Seymour e relatou que, enquanto Seymour estava em Indianápolis, ele havia sido convertido em uma “Igreja Metodista Episcopal de negros”.[47] De acordo com Douglas Nelson, Seymour juntou-se à Simpson Chapel da Igreja Metodista Episcopal, situada ao lado do canal do White River nas ruas Missouri e 11º. Esta era uma congregação negra afiliada à Igreja Metodista Episcopal interracial. A MEC (Methodist Episcopal Church) recusou-se a separar racialmente mesmo quando uma provisão foi feita para o clero de afro-americanos em 1876 para dar forma a conferências dentro da denominação.
Cecil Robeck afirma que não podemos estar certos sobre qual teria sido a congregação em que Seymour realmente chegou à fé em Cristo, porque havia outras duas igrejas possíveis que ele pode ter participado durante este tempo.[48] Uma era a Bethel African Methodist Episcopal Church, que era a mais forte congregação afro-americana Em Indianapolis, e perto do apartamento de Seymour. A segunda era a Igreja Metodista Episcopal da Meridian Street, que ficava do outro lado da rua do segundo endereço de Seymour.[49]
Alguns argumentam que a filiação de Seymour com a Igreja Metodista Episcopal em Indianápolis foi significativa, porque foi a primeira indicação do desejo de Seymour por uma comunidade interracial.[50] Se este foi o sinal inicial de inclusão interracial de Seymour, não é de estranhar que ele se juntasse aos metodistas, considerando que eles eram uma das primeiras denominações a alcançar ativamente os afro-americanos.[51]
Nesta conjuntura da vida de Seymour, ele, sem dúvida, teve certa admiração pelos ensinamentos de John Wesley, o fundador do Metodismo. No entanto, Shumway relata que Seymour logo deixou a Igreja Metodista por duas questões importantes: a doutrina do pré-milenismo e o papel das “revelações especiais”.[52] Como a maioria das igrejas protestantes desse período, a igreja metodista não aderiu ao pré-milenismo, que essencialmente afirma o retorno físico de Jesus antes de um período literal de mil anos, quando o Senhor governará sobre a terra. Os metodistas mantiveram uma “posição amilenista”, vendo o milênio como uma realidade espiritual, em vez de um retorno literal do Senhor. Além disso, Seymour deu um lugar de destaque às “revelações especiais”, enquanto a Igreja Metodista não o fez.[53] Isso ficou evidente a partir da própria experiência de Seymour e da postura resultante dos sonhos e visões.
Enquanto Shumway acreditava que Seymour deixou a Igreja Metodista por óbvias razões teológicas, Douglas Nelson acreditava que Seymour havia partido devido à raça.[54] O preconceito racial não se restringia ao Sul. Em 1900, sentimentos raciais em Indiana tinham se alterado ao ponto de haver pouca comunicação entre negros e brancos. Apesar das garantias constitucionais, o otimismo que os negros haviam abraçado inicialmente se dissipou rapidamente ao encontrarem a discriminação (aumentada pela violência da multidão), e episódios crescentes de linchamento de negros. Essa tendência continuou durante duas décadas, culminando no “Verão Vermelho de 1919”, onde inúmeros negros foram massacrados em grande cidades do norte.[55]Infelizmente, a harmonia racial na Igreja Metodista Episcopal também sucumbiu ao racismo daqueles tempos, à medida que a união interracial tornou-se nada mais do que uma mera formalidade administrativa.[56] Seja devido à suas posições teológicas, ou a mudança de cooperação interracial na Igreja Metodista Episcopal, Seymour decidiu que seu tempo em Indianápolis havia chegado ao fim. Em 1900, mudou-se para Cincinnati, no estado de Ohio.
Em Cincinnati, Seymour pode ter frequentado brevemente a Escola Bíblica de Deus sob o ministério do evangelista Martin Wells Knapp, vinculado ao movimento Holiness, que favoreceu a inclusão racial[57]Detalhes ainda precisam ser documentados sobre o impacto direto deste evangelista na teologia de Seymour, pois parece haver um consenso geral entre os estudiosos de que Knapp exerceu alguma influência sobre ele.[58]
O ministério de Knapp, entretanto, não foi o único que Seymour visitou durante seu tempo em Cincinnati. Ele aparentemente se juntou à Reformation Church of God, que foi também conhecida como “Evening Light Saints”. Era um grupo de cristãos que cantavam felizes e jubilantes, e que acreditavam que a última efusão espiritual (ou luz noturna) estava sendo dada aos santos pouco antes do fim da história.
Seymour tornou-se atraído para o movimento, porque alcançava vigorosamente os afro-americanos. Cincinnati foi extremamente importante para o crescimento teológico de Seymour, porque lá ele se envolveu na teologia da Santidade radical, que ensinou a santificação integral como uma segunda obra da graça ou segunda bênção. Eles enfatizavam a santidade cristã em preparação para a consumação da história, juntamente com a cura divina e a necessidade de abandonar o denominacionalismo em favor da verdadeira “Igreja de Deus”[59].
Em 1903, Seymour saiu de Cincinnati e retornou ao sul para encontrar sua família em Houston, Texas. A mudança para Houston seria de inestimável importância para sua vida e seu futuro ministério. Seymour não sabia que teria uma “conexão divina”, juntando-se a uma pequena igreja Holiness pastoreada por uma mulher negra chamada Lucy Farrow. Em 1905, pouco antes de Farrow se mudar para o Kansas a fim de assumir o emprego de governanta na casa de Charles Fox Parham (o pregador da Holiness que liderava um movimento pentecostal do Centro-Oeste desde 1901), pediu a Seymour que assumisse o cargo de pastor em sua igreja.[60]Farrow retornou a Houston em outubro de 1905 com uma nova experiência de falar em línguas, que ela aceitou sob a influência de Parham[61], e imediatamente colocou Seymour em contato com Parham. Seymour provavelmente nunca imaginou que sua conexão com um pregador branco da Holiness do Centro-Oeste impactaria tantas pessoas nos próximos anos.
Em dezembro de 1905, Parham mudou sua Escola Bíblica para Houston, onde ensinou que a evidência de receber o batismo do Espírito Santo estava em falar em línguas.[62] Embora Seymour estivesse com fome de mais treinamento bíblico, o espírito das leis de Jim Crowism[63] vindo do Sul prevaleceu. Devido a cor de sua pele, Seymour não foi autorizado a participar da escola de Parham como um estudante regular. Por causa da segregação racial, Parham mantinha Seymour sentado do lado de fora da sala de aula; ali, no corredor, ele podia ouvir os ensinamentos pentecostais de Parham. Depois de um curto período de tempo, Seymour aceitou de todo coração a doutrina de Parham em relação ao dom de línguas, embora ele mesmo não tivesse ainda experimentado o fenômeno.
O ano de 1906 provaria ser de grande importância para Seymour. Foi neste ano que ele foi convidado a ajudar Julia Hutchins a pastorear uma Igreja Holiness em Los Angeles, Califórnia. Este convite veio através da senhorita Neely Terry, que tinha ouvido Seymour pregando na igreja de Farrow, quando estava visitando parentes em Houston. Terry descreveu Seymour como um homem bem qualificado.[64] Quando Seymour chegou a Los Angeles, uma congregação entusiasmada o cumprimentou e as reuniões noturnas começaram imediatamente nas ruas 9ª e Santa Fé. Seymour pregou sobre uma variedade de tópicos cristãos, incluindo a vida santa, a cura divina e o retorno iminente de Jesus. De todos os tópicos sobre os quais Seymour pregava, nenhum enviou mais ondas de choque através da comunidade do que a sua defesa da glossolalia como um sinal de evidência ao batismo com o Espírito Santo. Seymour pregou a nova doutrina pentecostal usando Atos 2.4 como seu texto-base. No entanto, Julia Hutchins, co-pastora da igreja, rejeitou o ensinamento de Seymour sobre o dom de línguas como prova do batismo do Espírito Santo e censurou os ensinamentos dele.[65]
Embora Hutchins não tenha respondido favoravelmente à mensagem pentecostal de Seymour, outros foram mais receptivos. Seymour foi convidado a ficar na casa de Richard e Ruth Asberry no agora histórico endereço, 214 Bonnie Brae Street; foi nesta localidade que, em 9 de abril de 1906, várias pessoas começaram a falar em línguas[66]Não demorou muito para que as boas novas sobre o novo Pentecostes se espalhassem. Os estranhos acontecimentos na Bonnie Brae Street chamaram tanta atenção que Seymour foi forçado a pregar na varanda da frente para multidões reunidas na rua. Em um ponto, a multidão cresceu tão grandemente que o piso do alpendre desabou[67]. A partir disto Seymour começou sua busca por instalações maiores, antecipando uma poderosa efusão do Espírito Santo que estava prestes a acontecer. A pesquisa terminou quando Seymour encontrou uma antiga estrutura que havia abrigado uma Igreja Metodista Episcopal Africana, e que logo em seguida estava servindo como estábulo e armazém. O endereço era o número 312 da conhecida Rua Azusa.[68] O que aconteceu ali nos três anos seguintes fascinaria os historiadores eclesiásticos por décadas; Seymour conduzia três cultos por dia, sete dias por semana, onde milhares de pessoas buscavam receber o batismo do Espírito Santo.
O avivamento na Rua Azusa, sob a liderança de Seymour, também se opôs ao racismo e segregação da época, com negros e brancos adorando juntos sendo liderados por um pastor negro. Frank Bartleman, um participante branco de Azusa, expressou o espírito da reunião histórica afirmando que “a linha racial havia sido lavada no sangue de Jesus.” [69] Houve uma grande efusão do Espírito Santo, e Seymour foi o líder escolhido por Deus neste momento crucial da história. As qualidades da liderança de Seymour floresceram em uma época em que os afro-americanos não eram considerados por tais competências. No entanto, Seymour dissiparia esses mitos racistas liderando um dos maiores reavivamentos da história da Igreja americana.

Texto gentilmente cedido com expressa autorização pela Editora Carisma. Conheça mais sobre o que a editora Carisma está preparando especialmente para você: https://www.editoracarisma.com.br/o-que-vem-por-ai/
Tradução: João Costa.

[1] NOTA DO EDITOR: Bayou Teche é um braço navegável do Rio Mississipi, com 125km de extensão, no Estado da Lousiana, região central dos Estados Unidos. É uma ecosistema pantanoso, muito quente e úmida, com grandes populações de jacarés, tartarugas selvages e imensas florestas de ciprestes.
[2] NOTA DO EDITOR: Cajun Country, também chamada de Acadiana pelos colonos franceses exilados de L’Acadie (agora Nova Escócia, Canadá ) pelos britânicos em 1755. Os cajuns são a maior minoria de língua francesa nos Estados Unidos. Acadiana é o nome oficial dado para a chamada Lousiana francesa que abriga uma considerável população francófona residente nos EUA.
[3] ROBECK JR. Cecil M.; The Azusa Street Mission and Revival: The Birth of the Global Pentecostal Movement [A Missão Rua Azusa e o Avivamento: O nascimento Global do Movimento Pentecostal. (Nashville: Nelson Reference and Electronic, 2006), p. 20.
[4] John Hope Franklin, From Slavery to Freedom: A History of Negro Americans, 4th ed. (New York: Knopf, 1974), pp. 223-224; e Howard A. White, The Freedmen’s Bureau em Louisiana (Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1970), p. 101.
[5] Robeck, Azusa Street Mission and Revival, p. 21.
[6] Ibid.
[7] Ibidem, p. 19
[8] Idem
[9] Ibid., p. 23
[10] Idem
[11] Ibid., pp. 23-24.
[12] Ibid., p. 24
[13] Ibid., p. 22.
[14] Ibid., p. 23.
[15] Idem
[16] Iain MacRobert, The Black Roots and White Racism of Early Pentecostalism in the USA (New York: St. Martin’s Press, 1988), p. 9; e Leonard Lovett, “Black Origins of the Pentecostal Movement,” e Aspects of Pentecostal-Charismatic Origins, ed. Vinson Synan (Plainfield, NJ: Logos International, 1975), pp. 123-141.
[17] A Reconstrução foi o período após a Guerra Civil, quando os estados do sul foram reorganizados e reintegrados à União; 1865-1877.
[18] John Hope Franklin, From Slavery to Freedom: A History Negro Americans, 3rd ed. (New York: Knopf, 1967), 332; e Nelson, “For Such a Time as This,” p. 155.
[20] Ibid., p. 151.
[21] Beverly Bernard Broussard, “A History of St. Mary Parish” (não publicado MS, Franklin, LA: 1968), 6-8, citado por Nelson em “For Such a Time as This,” p. 151.
[22] Nelson, “For Such a Time as This,” 151; e Franklin, From Slavery to Freedom, p. 144.
[23] Jewel Lynn de Grummond Delaune, “A Social History of St. Mary Parish, 1845-1864” (tese de mestrado, Louisiana State University, 1984), 108, citado por  Nelson em, “For Such a Time as This,” p. 170.
[24] Broussard, “History of St. Mary Parish,” 8, citado por Nelson em, “For Such a Time as This,”p. 151.
[25] Nat Turner acreditava que tinha sido divinamente escolhido por Deus para livrar seu povo da escravidão. Turner escolho a data de 21 de agosto como o dia para sua revolta, que resultou na morte de sessenta brancos em um período de vinte e quatro horas, até que o grupo principal de insurgentes fosse vencido por tropas estaduais e federais. Mais de cem escravos foram mortos por causa deste levante. Turner foi finalmente capturado em 30 de outubro e enforcado em 11 de novembro de 1831. Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 161-163; e para uma investigação mais completa, veja também Nat Turner e Thomas R. Gray, The Confessions of Nat Turner: Leader of the Late Insurrection in Southampton, Va., as Fully and Voluntarily Made to Thomas R. Gray… and Acknowledged by Him … When Read Before the Court of Southampton, Convened at Jerusalem, November 5, 1831, for His Trial (1830-1839?).
[26] Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 106-110.
[27] White, Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 5.
[28] Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 223-24
[29] White, Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 101.
[30] Ibid., pp. 135-36.
[31] White, Freedmen’s Bureau in Louisiana, 144-46.
[32] Franklin, From Slavery to Freedom, p. 267.
[33] White, Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 63.
[34] Richard Wright, iintrodução de Native Son (New York: Harper, 1940), xi-xii.
[35] A batalha de Little Bighorn ocorreu em 25 de junho de 1876, ano do Centenário da Independência dos Estados Unidos da América. A batalha foi travada nas proximidades do rio Litte Bighorn, no estado de Montana. Ela opôs o sétimo regimento de cavalaria liderado pelo afamado General George Custer contra uma coalizão dos índios Cheyennes, Arapaho e Sioux, liderados pelos Chefes Tatanka Iyotake (mais conhecido como Touro Sentado – Sitting Bull) e Tasunka Witko (mais conhecido como Cavalo Louco – Crazy Horse). Os índios venceram a batalha aniquilando o destacamento comandado pelo General Custer. Este oficial do Exército americano era conhecido por atacar acampamentos indígenas enquanto os guerreiros estavam ausentes, matando brutalmente centenas de mulheres e crianças.
[36] Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 322-23.
[37] Smithsonian Institution, “Separate but Equal”, Smithsonian National Museum of American History,http://americanhistory.si.edu/brown/history/1-segregated/separate-but-equal.htmlO contexto desta decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos ocorreu quando Homer Plessy, um afro-americano, decidiu ser preso por se recusar a se mudar de um assento reservado para brancos em um trem. O juiz John H. Ferguson confirmou a lei, e o caso de Plessy versus Ferguson passou gradualmente para o Supremo Tribunal. Em 18 de maio de 1896, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, com apenas um voto dissidente, determinou que a segregação na América era constitucional.
[38] Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 274-75.
[39] Milton C. Sernett, Bound for the Promised Land: African American Religion and The Great Migration (Durham: Duke University Press, 1997), p. 12.
[40] Ibid., p. 9.
[41] Ibid., p. 10.
[42] Indianapolis City Directories, 1896-1899.
[43] Sernett, Bound for the Promised Land, 57-86; e Digital History: Online American History Textbook. “The Jazz Age: The American 1920’s,” Digital History, http://www.digitalhistory.uh.edu/database/article_display.cfm?HHID=443. A Grande Migração foi um movimento maciço de 1,5 milhões de negros do sul que decidiram se mudar para as cidades do norte para escapar do racismo, salários baixos e meações.
[44] Sernett, Bound for the Promised Land, pp. 57-86; e Public Broadcasting Service, “Great Migration,” Public Broadcasting Service, http://www.pbs.org/wnet/aaworld/ reference/articles/great_migration.html.
[45] Indianapolis City Directories, 1896-1899; e Charles W. Shumway, “A Study of ‘the Gift of Tongues’” (tese de mestrado, University of Southern California at Los Angeles, 1914), p. 173.
[46] Robeck, Azusa Street Mission and Revival, 27; e Indianapolis City Directories, 1896-1899.
[47] Shumway, “A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[48] Robeck, Azusa Street Mission and Revival, p. 28.
[49] Ibid.
[50] Nelson, “For Such a Time as This,” p. 155. Nelson acreditava que a decisão de Seymour de se juntar à Igreja Metodista Episcopal mais interracial foi a primeira indicação clara que ele deu de buscar a reconciliação entre negros e brancos.
[51] John Wesley, “Thoughts upon Slavery,” Global Ministries of the United Methodist Church, http://new.gbgm-umc.org/umhistory/wesley/slavery/?search=thoughts%20upon%20slavery.
[52] Shumway, “A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[53] Shumway, “A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173; e Robeck, Azusa Street Mission and Revival, p. 28. Em uma entrevista que Shumway fez com Seymour, ele menciona que o líder do movimento na Rua Azusa afirmou que a Igreja [Metodista] “não endossa o pré-milenismo ou a “revelação especial”.
[54] Nelson, “For Such a Time as This,” p. 162.
[55] Alana J. Erickson, “Red Summer,” em Encyclopedia of African-American Culture and History, ed. Jack Salzman, David Lionel Smith, and Cornel West (New York: Simon and Schuster Macmillan, 1996): 4:2293-2294; e Public Broadcasting Service, “Red Summer,” Public Broadcasting Service, http://www.pbs.org/wnet/jimcrow/stories_events_red.html. O Verão Vermelho refere-se ao verão/outono de 1919, em que os motins raciais eclodiram em várias cidades do Norte e do Sul. Os três incidentes mais violentos ocorreram em Chicago-IL, Washington-DC e Elaine-AR.
[56] Nelson, “For Such a Time as This,” p. 162.
[57] Nelson, “For Such a Time as This,” p. 163; e Robeck, Azusa Street Mission and Revival, p. 31. A tradição oral afirma que Seymour pode ter sido influenciado pelo evangelista e professor do Movimento Holiness, Martin Wells Knapp.
[58] Ibid.
[59] Nelson, “For Such a Time as This,” p.164.
[60] Ibid., p. 167.
[61] Idem
[62] Idem
[63] NOTA DO EDITOR: As leis de Jim Crow foram leis locais e estaduais promulgadas que institucionalizaram a segregação racial nos EUA. Ficaram em vigor entre os anos de 1876-1965 e a maioria dessas leis estabeleciam que em escolas públicas, hospitais e outros locais públicos (incluindo ônibus e trens), deveria haver instalações separadas para negros e brancos. A mais antiga referência à expressão “Jim Crow law” remonta o ano de 1892 em uma reportagem do New York Times sobre as leis eleitorais do Sul dos Estados Unidos. A expressão Jim Crow provavelmente teve origem na canção “Jump Jimp Crow” em que o ator Thomas Rice ostentando uma maquiagem blackface como forma de caricaturizar os negros. A canção, lançada em 1832 foi usada como crítica às políticas populistas de Andrew Jackson, advogado, político e sétimo presidente dos EUA.
[64] Ibid. p. 187
[65] Shumway, “A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[66] Charles W. Shumway, “A Critical History of Glossolalia” (PhD diss., Boston University, 1919), p. 116; ver também Nelson, “For Such a Time as This,” 189. Segundo ele, Edward Lee (um zelador) foi o primeiro a receber o batismo do Espírito Santo, falando em línguas em 9 de abril de 1906, depois que Seymour impôs as mãos sobre ele. Depois que Lee recebeu seu pentecostes pessoal, outras sete pessoas, incluindo Jennie Evans Moore, receberam o batismo do Espírito e falaram em línguas. Ironicamente, Seymour não recebeu a experiência até 12 de abril, três dias depois.
[67] Nelson, “For Such a Times as This,” p. 191.
[68] Ibid., p. 192.
[69]  Frank Bartleman, Azusa Street (South Plainfield, NJ: Bridge Publishing, 1980), p. 54.

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