MATEUS 16.19 DIZ QUE “TUDO O QUE LIGARES NA TERRA SERÁ LIGADO NOS CÉUS, E TUDO O QUE DESLIGARES NA TERRA SERÁ DESLIGADO NOS CÉUS”. ISSO SIGNIFICA QUE O QUE DETERMINARMOS TERÁ QUE SER OBEDECIDO PELOS CÉUS?
Com a ascensão da Teologia da Prosperidade, o texto de Mateus 16.19 ganhou ênfase especial. Baseados nessa passagem, alguns pregadores dessa escola começaram a “determinar” e até mesmo a “mandar em Deus”. A lógica parece perfeita: se o que eu ligo aqui na Terra será ligado no Céu, então parece bastante óbvio que a Terra manda de fato no Céu. É só determinar e pronto!
Não é exagero afirmarmos que esse ensino tem ido a extremos. Para que gastar longas horas em oração se podemos simplesmente determinarmos que Deus faça isso ou aquilo? Para que suplicar algo a Deus, se Ele tem o “dever” ou até mesmo a “obrigação” de endossar o que se determina? A Terra manda no Céu? Qualquer coisa que fizermos aqui será endossado pelo Céu?
Primeiramente, vejamos as duas formas diferentes como este texto tem sido traduzido:
a) ARC (Almeida Revista e Corrigida) – “E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
b) ARA (Almeida Revista e Atualizada) – “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus”.
No original grego, as expressões éstai dedeménon (ligar) e éstati lelyménon (desligar) são um perfeito perifrásico. No grego, o tempo perfeito indica uma ação ocorrida anteriormente, mas com reflexos no presente.
Ao comentar o sentido do uso do perfeito perifrásico neste texto, D. A Carson diz que nessa passagem estamos diante de uma “questão paradigmática”, e comenta: “Nesse caso, questões paradigmáticas realmente rompem barreiras e fazem a evidência decididamente pender para a tradução ‘b’”. Em palavras mais simples, Carson, traduz este texto como “terá sido ligado/terá sido desligado” 1. Da mesma forma, a Chave Linguística do Novo Testamento Grego, ao comentar essa passagem, afirma: “Essa construção é o futuro perfeito passivo perifrásico traduzido ‘terá sido amarrado’, ‘terá sido solto’. E ainda observa: “E a Igreja na Terra levando a efeito as decisões do Céu e não o Céu ratificando a decisão da Igreja”.
Thomas Ice e Robert Dean, ainda sobre o texto, acrescentam: “Uma tradução que reforça esse sentido do original grego diria o seguinte: ‘Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus, mas o que você ligar na Terra será aquilo que já terá sido ligado nos Céus, e o que você desligar na Terra será aquilo que já terá sido desligado nos Céus”‘.
Em seguida, Ice e Dean explicam que os discípulos deveriam “ligar coisas na Terra, mas somente aquilo que já tivesse sido ligado no Céu (…), estabelecer o padrão terreno de entrada no Reino dos Céus, baseado no padrão que Deus já estabeleceu no Céu (…), e ser um mediador da Palavra de Deus entre Deus e o homem, e esse padrão é o que Pedro afirmou em Mateus 16.16: que Jesus é ‘o Cristo, o Filho do Deus vivo'”.
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Nota do Pr Martinez: “O poder de ligar no céu” está na pregação do evangelho. Quando evangelizamos levamos pessoas à Cristo e assim “ligamos no céu”! Quanto ao “desligar” – tem a ver com o poder de disciplina da igreja (I Co 5).
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JOSÉ GONÇALVES, FONTE: REVISTA “RESPOSTA FIEL” ANO 4 – N°15
Fonte: http://www.cacp.org.br/quem-manda-deus-ou-o-homem/
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