Os Cinco Pontos do Calvinismo, TULIP,
são tirados dos Cânones de Dordrecht (usualmente reduzido para Dordt ou Dort),
formulados no Sínodo de Dort em 1619. Embora tenham havido outros sínodos de
Dort,[1] este aqui é referido como “o grande sínodo,”[2] e é reconhecido pelos calvinistas como tendo
significância tanto histórica como religiosa. Como o primeiro sínodo
verdadeiramente nacional,[3] Dort “marca
o fechamento do primeiro período na história das igrejas reformadas na Holanda”[4] e serve como “um símbolo do triunfo do
Calvinismo ortodoxo na Holanda.”[5] Este
“triunfo” do Calvinismo foi sobre o que foi chamado Arminianismo. O conflito
tinha se intensificado desde que pela primeira vez Arminius veio para Leiden
ensinar. E embora já vimos que Arminius não desejava ensinar nada que fosse
contrário à Confissão Belga e ao Catecismo de Heidelberg, ele defendeu um
sínodo nacional para examinar os credos aceitos das igrejas holandesas. E ainda
que em grande parte distante da modesta igreja do Novo Testamento encontrada na
Bíblia, por causa da hierarquia denominacional das igrejas holandesas e da
instalação da Igreja-Estado na Holanda, a única maneira da controvérsia ser
oficialmente decidida seria através de um sínodo nacional. Arminius jamais
viveu para ver sua petição satisfeita, mas satisfeita ela foi. Mas para
entender os Cânones adequadamente, é necessário primeiro recapitular o conflito
nas igrejas reformadas na Holanda antes do Sínodo Nacional de Dort, pois muito
freqüentemente, como Carl Bangs relata, a história da igreja da Holanda é
contada simplistamente como: “O Calvinismo chegou, Arminius quase o arruinou, o
Sínodo de Dort o restaurou.”[6]
A controvérsia sobre predestinação na Igreja Reformada Holandesa não
acabou repentinamente com a morte prematura de Arminius em 1609. Na verdade ela
cresceu, tanto em intensidade quanto em extensão, até finalmente culminar no
Sínodo de Dort. Havia três questões que levaram a este “grande sínodo.”
Primeiro era o problema da relação entre a Igreja e o Estado. O problema não
era, entretanto, se eles deviam se separar, mas antes a extensão do controle do
Estado sobre a Igreja. Em segundo lugar, a condição dos credos. O exame e
possível revisão da Confissão Belga e do Catecismo de Heidelberg era inflexivelmente
oposto pelos calvinistas. E terceiro, a controvérsia sobre predestinação, sem a
qual um sínodo desta magnitude nunca teria acontecido. Deve também ser lembrado
que os arminianos ainda estavam na Igreja Reformada Holandesa: não havia
nenhuma igreja separada na qual eles podiam livremente cultuar de acordo com os
ditames de suas consciências.
Após a morte de Arminius, quatro
homens assumiram a liderança do partido arminiano: dois pregadores e dois
advogados. John Uytenbogaert (1557-1644), que estudou em Genebra sob Beza, foi
um amigo íntimo de Arminius. Foi ele quem solicitou a nomeação de Arminius para
a faculdade da Universidade de Leiden.[7] Uytenbogaert
pregou em Haia e serviu como capelão ao príncipe Maurício (1567-1625), filho e
sucessor de William de Orange e líder militar da Holanda. Ele sofreu muito por
causa de suas opiniões, pois ele não foi apenas exilado após o Sínodo de Dort,
mas teve seus bens confiscados também.[8] Simon
Episcopius (1583-1643) foi educado em Leiden sob Arminius e posteriormente se
tornou professor de teologia no lugar de Gomarus. Ele foi o principal porta-voz
dos arminianos no Sínodo de Dort, e como Uytenbogaert, foi banido após o sínodo
de Dort.[9] John Van Oldenbarnevelt (1549-1619) deu apoio
aos arminianos em seu escritório como advogado-geral da Holanda. Recusando a
exigência de um sínodo nacional, ele prolongou a inevitável censura aos
arminianos. Ainda que um herói nacional por auxiliar William de Orange nos
negócios com a União de Utrecht, ele foi falsamente acusado de traição e sofreu
o preço máximo por suas opiniões: foi decapitado em 13 de maio de 1619, quando
o Sínodo de Dort estava sendo concluído.[10] O acima
mencionado Hugo Grotius foi o quarto líder dos arminianos. Educado em Leiden,
ele foi um famoso advogado que ganhou o reconhecimento mundial por sua obra
sobre direito internacional.[11] Ele
defendeu o direito dos Estados-Gerais exercerem completa autoridade sobre as
igrejas. Ainda que julgado com Oldenbarnevelt, ele foi sentenciado à morte na
prisão, mas conseguiu escapar com a ajuda de sua esposa, e eventualmente se
tornou embaixador sueco em Paris.[12] Grotius é
pai da heterodoxa visão governamental da expiação, mas sua opinião não foi
sustentada por Arminius ou pelos arminianos dessa época.
Logo após a morte de Arminius, seus
simpatizantes apresentaram aos Estados-Gerais um notável documento que veio a
ser conhecido como a Remonstrância. Em 14 de janeiro de 1610, uma reunião
privada de quarenta e seis ministros arminianos foi realizada em Gouda, instigada
por Uytenbogaert.[13] Aqui uma remonstrância
(um protesto) contra o Calvinismo foi redigida por Uytenbogaert e assinada por
esses presentes.[14] A Remonstrância criticava
doutrinas calvinistas porque elas “não estavam contidas na Palavra de Deus nem
no Catecismo de Heidelberg, e não são edificantes – são até mesmo perigosas – e
não deviam ser pregadas ao povo cristão.”[15] A
Remonstrância também ofereceu cinco pontos afirmativos da crença arminiana.
Estes cinco artigos, dos quais o texto completo pode ser encontrado no apêndice
1,[16] podem ser resumidos como segue:
1. Deus decretou
salvar aqueles que irão crer em Jesus Cristo e perseverar na fé; deixando no
pecado os incrédulos para serem condenados.
2. Jesus Cristo morreu
por todos os homens, proporcionando redenção se alguém crer nele.
3. O homem está num
estado de pecado, incapaz de si mesmo fazer qualquer coisa verdadeiramente boa,
mas necessita ser nascido de novo.
4. O homem não pode
sem a graça de Deus realizar qualquer boa obra ou ação, mas esta graça pode ser
resistida.
5. Crentes têm poder
para perseverar, mas se eles podem apostatar-se, isso deve ser mais
particularmente determinado pelas Sagradas Escrituras.
Logo depois, Uytenbogaert foi o autor
do que foi chamado “o sexto ponto da Remonstrância,”[17] seu
tratado On the Office and Authority of a Higher Christian Government in
Church Affairs, no qual ele defendia a completa hegemonia do Estado
sobre a Igreja.[18] A Remonstrância foi
entregue a Oldenbarnevelt e apresentada aos Estados da Holanda em julho de 1610.[19] Isto foi em resposta direta à decisão dos
Estados da Holanda em 23 de novembro de 1608, no qual foi ordenado que
“qualquer ministro que tivesse objeção à Confissão e ao Catecismo deveria
dirigi-las aos Estados, não a uma classe ou um sínodo local, e os Estados as
remeteria a um sínodo nacional.”[20] Para
assombro dos calvinistas, uma resolução foi proferida em 22 de agosto,
declarando:
Que os pregadores das opiniões
expressas nesta Remonstrância estando no presente ministério deviam ser livres
da censura de outros pregadores, e que no exame de novos ministros, seguindo o
costume da Igreja, os homens não deviam promover nada além dos cinco artigos
(especialmente sobre a questão da predestinação).[21]
Os calvinistas posteriormente
responderam à Remonstrância aquele ano com sete artigos no que ficou conhecido
como a Contra-Remonstrância.[22] Esta
resposta calvinista, da qual o texto completo pode ser encontrado no apêndice
2,[23] pode ser resumida como segue:
1. Pelo motivo de toda
a raça ter caído em Adão e se tornado corrupta e impotente para crer, Deus tira
da condenação aqueles que ele escolheu para salvação, ignorando os outros.
2. Os filhos dos
crentes, contanto que eles não manifestem o contrário, devem ser considerados
como eleitos de Deus.
3. Deus decretou
conceder fé e perseverança e conseqüentemente salvar aqueles que ele escolheu
para salvação.
4. Deus entregou seu
Filho Jesus Cristo para morrer na cruz para salvar somente os eleitos.
5. O Espírito Santo,
externamente através da pregação do Evangelho, opera uma graça especial
internamente nos corações dos eleitos, dando-lhes poder para crer.
6. Aqueles que Deus
decretou salvar são sustentados e preservados pelo Espírito Santo de modo que
eles não podem finalmente perder sua fé verdadeira.
7. Crentes genuínos não
seguem negligentemente as concupiscências da carne, mas desenvolvem sua própria
salvação no temor de Deus.
Os Estados da Holanda, em 23 de
dezembro de 1610, ordenou que uma “conferência amigável” fosse realizada entre
os dois partidos em Haia em março do ano seguinte.[24] Conformemente,
em 11 de março de 1611, seis remonstrantes (como os arminianos foram chamados),
incluindo Episcopius e Uytenbogaert, se encontraram com seis
contra-remonstrantes (como os calvinistas foram chamados), sob a liderança de Petrus
Plancius e Festus Hommius (1576-1642).[25] Os
remonstrantes pediam tolerância para suas opiniões; os contra-remonstrantes, um
sínodo nacional para declararem heréticas as opiniões deles. Todavia, nenhum
acordo foi alcançado e a conferência terminou em fracasso nove dias depois.[26]
Após a conferência em Haia, seguiu
uma severa controvérsia entre os dois partidos que poderia ter sido evitada se
as igrejas fossem independentes entre si e do Estado. Uma conferência similar
entre três remonstrantes e três contra-remonstrantes foi realizada em Delft em
1613, mas provou ser um tão grande fracasso como a anterior.[27]Em 1614 os Estados da Holanda emitiu uma proposta
de paz, redigida por Grotius, que declarava ilegal a discussão no púlpito dos
cinco pontos disputados.[28] Seguiu-se
então uma guerra de panfletos passageira.[29]Os calvinistas
procuravam incitar o público contra os arminianos, denunciando-os com as
costumeiras acusações de heréticos, pelagianos e socinianos.[30] Mas exatamente como hoje, havia homens na
Igreja Reformada que não se identificavam com nenhum dos partidos.[31] A controvérsia se transformou em batalha
política, com Oldenbarnevelt protegendo os arminianos e Maurício os
calvinistas. Sempre houve tensão entre Maurício e Oldenbarnevelt depois que o
último negociou uma trégua com a Espanha em 1609, mas após uma controvérsia
entre Uytenbogaert e Maurício, o príncipe publicamente tomou partido com os
contra-remonstrantes em 1617.[32]Em 1618 o
caminho foi aberto para um sínodo nacional. Grotius e Oldenbarnevelt foram
presos, e os magistrados remonstrantes foram substituídos por patrocinadores
dos contra-remonstrantes.[33]
Foi decidido realizar um sínodo
nacional em Dort, uma fortaleza calvinista no sul da Holanda. Nenhum sínodo
nacional tinha sido realizado desde 1586, e nenhum outro aconteceria por
duzentos anos.[34] Em 25 de junho de 1618, cartas de convite
foram enviadas aos seguintes estrangeiros solicitando que enviassem alguns de
seus eruditos teólogos como delegados[35]:
Rei Tiago da Inglaterra
Deputados das igrejas reformadas da França
Eleitor do Palatinado e Brandenburg
Conde de Hesse
Repúblicas reformadas da Suíça
Duques de Wetterau
República de Genebra
República de Bremen
República de Emden
Por ordem do rei, não foi permitido
que os delegados da França comparecessem, então seus lugares foram marcados por
um simbólico banco vazio.[36] Dois
delegados de Brandenburg foram designados mas não compareceram devido à
oposição luterana.[37] O Sínodo de Dort foi o
maior sínodo das igrejas reformadas alguma vez realizado.[38] Além dos vinte e seis delegados estrangeiros,
havia sessenta holandeses, incluindo Gomarus e Hommius.[39] Cunningham insiste que “eles mesmos eram
pessoalmente os teólogos mais talentosos e eruditos da época, muitos deles tendo
assegurado para si mesmos, por seus escritos, um lugar permanente na literatura
teológica.”[40] Mas ele também admite que “os teólogos que
compunham o Sínodo de Dort geralmente defendiam que o magistrado civil tinha o
direito de infligir sofrimentos e penalidades como punição por heresia” mas que
os arminianos defendiam “tolerância e indulgência em relação às diferenças de
opinião sobre assuntos religiosos.”[41] Assim
embora ambos remonstrantes e contra-remonstrantes aderiam a uma aliança
Igreja-Estado, os remonstrantes não procuravam usar o Estado para punir seus
oponentes.
O Sínodo de Dort reuniu-se em 13 de
novembro de 1618, e foi encerrado em maio de 1619.[42] Por causa
das várias nacionalidades presentes, todos os procedimentos foram feitos em
latim.[43] Cada membro do Sínodo fazia o seguinte
juramento:
Prometo diante de Deus, no qual creio
e ao qual adoro, como estando presente neste lugar, e como sendo o Pesquisador
de todos os corações, que durante o curso dos procedimentos deste Sínodo, que
examinarei e julgarei, não apenas os cinco pontos, e todas as diferenças que
deles resultam, mas também qualquer outra doutrina, eu não usarei nenhuma
composição humana, mas somente a palavra de Deus, que é uma infalível regra de
fé. E durante todas estas discussões, somente objetivarei a glória de Deus, a
paz da Igreja, e especialmente a preservação da pureza da doutrina. Então me
ajude, meu Salvador, Jesus Cristo! Eu lhe suplico assistir-me pelo seu Espírito
Santo![44]
John Bogerman (1576-1637), que tinha
traduzido o tratado de Beza sobre a punição de heréticos para o holandês, foi
eleito presidente.[45] Bogerman tinha
anteriormente participado de uma conferência com Gomarus, Uytenbogaert e
Arminius no qual ele chegou ao ponto de dizer que “as Escrituras devem ser
interpretadas de acordo com o Catecismo e a Confissão.”[46] A isto Arminius respondeu: “Como alguém
poderia afirmar mais claramente que eles estavam decididos a canonizar estes
dois documentos humanos, e institui-los como os dois bezerros idolátricos em Dã
e Berseba?”[47] O primeiro mês do sínodo foi despendido sobre
questões alheias à controvérsia arminiana.[48] O restante
das 180 sessões do sínodo foram usadas com as doutrinas envolvendo os cinco
pontos.[49] Um dos delegados suíços em Dort insistiu: “Se
alguma vez o Espírito Santo esteve presente em um Concílio, ele esteve presente
em Dort.”[50] Um delegado inglês, Joseph Hall (1574-1656),
que foi substituído por causa de sua má saúde, declarou que “nunca houve um
lugar sobre a terra tão parecido com o céu como o Sínodo de Dort.”[51] Houve alguma controvérsia, entretanto, sobre
a questão da Expiação Limitada. Dois dos delegados ingleses, John Davenant e
Samuel Ward (m. 1643), acreditavam, com o credo da igreja inglesa, que a
Expiação era ilimitada.[52] O rei Tiago tinha até
mesmo instruído que os teólogos ingleses “não deviam se opôr ao artigo da
Redenção universal.”[53] Mas o baralho estava
arranjado, como Schaff diz: “O destino dos arminianos foi decidido
anteriormente.”[54] John Wesley observou
muitos anos depois que Dort foi tão imparcial quanto o Concílio de Trento.[55] E Matthias Martinius (1572-1630), um delegado
de Bremen que protegia os arminianos, disse que havia “alguns divinos, alguns
humanos, alguns diabólicos” elementos no trabalho do sínodo.[56] Não é de se surpreender que o sínodo condenou
as doutrinas arminianas como anti-bíblicas e emitiu os infames Cânones de Dort
propondo os Cinco Pontos do Calvinismo.
Havia três outros grupos
representados no Sínodo de Dort que não são freqüentemente mencionados. Antes
de mais nada, haviam presentes dezoito comissários políticos nomeados pelos
Estados-Gerais.[57] E não apenas o Sínodo de
Dort foi convocado pelo Estado e supervisionado pelo Estado, mas todas as
despesas, incluindo as dos delegados estrangeiros, foram arcadas pelo Estado
também.[58] Em segundo lugar, conforme a natureza civil
do sínodo, as sessões eram públicas, e assistida por multidões de espectadores.[59] E terceiro, havia treze remonstrantes
intimados para comparecer ao Sínodo, mas eles foram convocados como réus, não
tinham assentos como delegados. Em seis de dezembro, na vigésima segunda
sessão, foi permitido que os arminianos fizessem sua primeira aparição para
defender suas doutrinas.[60] Simon
Episcopius liderou o pequeno grupo de treze arminianos.[61] De 13 a 17 de dezembro os remonstrantes
apresentaram por escrito suas opiniões sobre os cinco pontos de doutrina em
disputa.[62] Estas “Opiniões” dos Remonstrantes, das quais
o texto completo pode ser encontrado no apêndice 3,[63] são uma
expansão dos cinco pontos da Remonstrância mencionados anteriormente. Mas
depois de apenas um mês os remonstrantes foram dispensados, se é que se pode
falar dessa forma. O presidente Bogerman vociferou estas palavras de despedida:
Os delegados estrangeiros são agora
da opinião de que vocês são indignos de aparecer diante do Sínodo. Vocês
recusaram reconhecê-lo como seu juiz legal e sustentaram que ele é seu partido
contrário; vocês fizeram tudo de acordo com seu próprio capricho; vocês
desprezaram as decisões do Sínodo e dos Comissários Políticos; vocês recusaram
responder; vocês incorretamente interpretaram as acusações. O Sínodo tratou
vocês indulgentemente; mas vocês – como um dos delegados estrangeiros expressou
– “começaram e terminaram com mentiras.” Com este tributo nós deixaremos vocês
irem. Deus preservará sua Palavra e abençoará o Sínodo. A fim de que ela não
seja mais obstruída, vocês estão despedidos! Estão dispensados, vão embora![64]
E dessa forma, em 14 de janeiro, os
remonstrantes compareceram diante do sínodo pela última vez. Livrando-se do
texto supracitado, Episcopius declarou: “O Senhor julgará entre nós sobre as
artimanhas e mentiras que vocês prepararam para nossa acusação.”[65]
Após o término do sínodo, os
arminianos foram proibidos de publicar qualquer coisa relacionada ao sínodo,
mas eles conseguiram publicar anonimamente um panfleto intitulado: The Nullities, Mismanagement and unjust Proceedings of the
National Synod held at Dort in the years 1618 and 1619.[66] No início de julho, os treze remonstrantes
foram convocados diante dos Estados-Gerais e solicitados para retratarem e
concordarem em cessar de pregar suas doutrinas, ou serem banidos do país.[67] Mais de duzentos ministros arminianos foram
então destituídos de seus púlpitos e muitos destes foram banidos por recusar
manter silêncio.[68] Uma severa teocracia
calvinista foi então estabelecida na qual somente o Calvinismo poderia ser
publicamente proclamado.[69] Mas
felizmente, foi de curta duração, pois após a morte do príncipe Maurício em
1625, os remonstrantes conseguiram permissão para retornar sob seu irmão e
sucessor, Frederick Henry (1584-1647), e estabelecerem igrejas e escolas por
toda Holanda, com certas restrições.[70] Eles
formaram uma denominação conhecida como a Irmandade Remonstrante e
estabeleceram sua própria universidade teológica.[71] Dessa
forma, os verdadeiros descendentes de Arminius são os remonstrantes holandeses,
não Wesley e aqueles que chamam a si mesmos de arminianos.
—————-
[1] De Jong, Reformed Churches,
p. 13.
[2] Homer Hoeksema, Voice
of Our Fathers, p. 17.
[3] Bangs, Arminius: A
Study, pp. 224-225.
[4] De Jong, Reformed
Churches, p. 17.
[5] Lagerwey, p. 82.
[6] Bangs, Arminius: A
Study, p. 21.
[7] Simon Kistemaker, “Leading Figures at the Synod of Dort,” em De
Jong, ed., Crisis in the Reformed Churches, p.
47.
[8] Ibid., p. 48.
[9] Ibid., p. 42.
[10] Israel, p. 459.
[11] Evangelical Dictionary of Theology,
s.v. “Grotius, Hugo,” p. 489.
[12] The Oxford Encyclopedia of the
Reformation (Nova York: Oxford University Press, 1996), s.v.
“Grotius, Hugo,” vol. 2, pp. 197-198.
[13] A. W. Harrison, The Beginnings of Arminianism
to the Synod of Dort (Londres: University of London Press,
1926), pp. 148-149. Este número também é dado como quarenta e cinco (Curtiss, p. 64);
quarenta e quatro (Israel, p. 425; Bangs, Arminius: A Study, p. 356); e
quarenta e três (The New Schaff-Herzog Encyclopedia of
Religious Knowledge, s.v. “Remonstrants,” vol. 9, p. 481).
[14] Harrison, Beginnings
of Arminianism, pp. 148-149.
[15] Citado em Curtiss, p.
69.
[16] Philip Schaff, The Creeds of Christendom,
6a. ed. (Grand Rapids: Baker Book House, 1990), vol. 3, pp. 545-549.
[17] Bangs, Arminius: A
Study, p. 318.
[18] Israel, p. 426.
[19] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 152.
[20] Bangs, Arminius: A
Study, p. 318.
[21] Citado em Harrison,
Beginnings of Arminianism, p. 152.
[22] Em inglês, Counter-Remonstrance. Também conhecida como Contra-Remonstrance.
[23] De Jong, ed., Crisis in the Reformed Churches,
pp. 211-213.
[24] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 154.
[25] Israel, p. 425.
[26] Harrison, Beginnings
of Arminianism, pp. 157-159.
[27] Ibid., pp. 194-196.
[28] The New Schaff-Herzog Encyclopedia of
Religious Knowledge, s.v. “Remonstrants,” vol. 9, p. 481.
[29] Harrison, Beginnings
of Arminianism, pp. 224-225.
[30] Israel, pp. 425, 440.
[31] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 207.
[32] Ibid., pp. 226-228.
[33] Bangs, Arminius: A
Study, p. 356; Israel, pp. 450-456.
[34] Praamsma, p. 33.
[35] Homer Hoeksema, Voice
of Our Fathers, p. 101.
[36] Israel, p. 460.
[37] De Jong, ed., p. 220.
[38] The New Schaff-Herzog Encyclopedia of
Religious Knoledge, s.v. “Dort, Synod of,” vol. 3, p. 494.
[39] Veja De Jong, ed., pp. 215-219, para uma lista de delegados;
entretanto, fontes variam nestes números.
[40] Cunningham, Theology,
vol. 2, p. 380.
[41] Ibid., p. 381.
[42] O sínodo terminou em 9 de maio, mas os delegados holandeses se
reuniram novamente de 13 a 29 de maio; por essa razão, fontes variam na data de
encerramento.
[43] Homer Hoeksema, Voice
of Our Fathers, p. 25.
[44] Citado em Samuel Miller, p. 37.
[45] Schaff, Creeds, vol.
1, 513.
[46] John Bogerman, citado
em Harrison, Beginnings of Arminianism, p. 87.
[47] Arminius, citado em
Harrison, Beginnings of Arminianism, p. 88.
[48] Homer Hoeksema, Voice
of Our Fathers, p. 25.
[49] The Oxford Encyclopedia of the Reformation,
s.v. “Dordrecht, Synod of,” vol. 2, p. 2.
[50] John Breitinger,
citado em Schaff, Creeds, vol. 1, p. 514.
[51] Joseph Hall, citado em Samuel Miller, p. 33.
[52] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 336.
[53] Citado em Harrison,
Beginnings of Arminianism, p. 336.
[54] Schaff, Creeds, vol.
1, p. 513.
[55] John Wesley, citado em
Works of Arminius, vol. 1, p. lxiii.
[56] Matthias Martinus,
citado em Homer Hoeksema, Voice of Our Fathers, p. 23.
[57] De Jong, ed., p. 213.
[58] Schaff, Creeds, vol.
1, p. 512; De Jong, ed., p. 214.
[59] Schaff, Creeds, vol.
1, p. 512.
[60] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 309.
[61] Kistemaker, Dort, p. 41; veja De Jong, ed., pp. 220-221, para uma
lista dos remonstrantes.
[62] Homer Hoeksema, Voice
of Our Fathers, p. 103.
[63] Ibid., pp. 103-109.
[64] John Bogerman, citado
em Homer Hoeksema, Voice of Our Fathers, p. 27.
[65] Simon Episcopius,
citado em Harrison, Beginnings of Arminianism, p. 329.
[66] Harrison, Beginnings
of Arminianism, p. 329.
[67] Ibid., p. 385.
[68] Israel, pp. 462-463.
[69] Harrison, Beginnings
of Arminianism, pp. 386-387; Lagerwey, p. 82.
[70] Schaff, Creeds, vol.
1, p. 515.
[71] Bangs, Arminius: A Study,
p. 357.
Extraído do livro O OUTRO LADO DO CALVINISMO, Laurence Vance.
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