A VIÚVA DE SAREPTA
Então, veio a ele a
palavra do SENHOR, dizendo: Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e
habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente. Então,
ele se levantou e se foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que
estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou e lhe disse:
Traze-me, peço-te, numa vasilha um pouco de água que beba. E, indo ela a
buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me, agora, também um bocado de pão na
tua mão. Porém ela disse: Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho, senão
somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e,
vês aqui, apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para mim e para o meu filho,
para que o comamos e morramos. E Elias lhe disse: Não temas; vai e faze
conforme a tua palavra; porém faze disso primeiro para mim um bolo pequeno e
traze-mo para fora; depois, farás para ti e para teu filho. Porque assim diz o
SENHOR, Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da
botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra. E foi
ela e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa
muitos dias. Da panela a farinha se não acabou, e da botija o azeite não
faltou, conforme a palavra do SENHOR, que falara pelo ministério de Elias. (1 Rs
17.8-16)
A PROVISÃO DE DEUS
PARA OS SEUS MINISTROS
Deus cuida daqueles
que chama para fazer a sua obra. O nosso sustento vem do Senhor.
Elias foi
sustentado em tempos de crise, por aquele que não conhece crise, pois todas as
coisas lhe pertencem:
[Salmo de Davi] Do
SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. (Sl 24.1)
Minha é a prata,
meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos. (Ag 2.8)
Quando estamos na
direção de Deus ele nos provê de maneira sobrenatural, agindo da forma que
menos imaginamos. Deus mobilizou a criação e a natureza em favor de Elias
através do serviço de corvos e das águas de um riacho (1 Rs 17.1-7). A criação
obedece ao criador. Ele faz jumenta repreender profeta (Nm 22.25-30) e grandes
peixes de salva-vidas e guias para os tais (Jn 1.17).
É Deus quem
soberanamente domina e controla as forças da natureza. Ele é poderoso para
provocar tempestades (Jn 1.4, 13), acalmar a sua fúria (Jn 1.15; Mt 8.23-27; Mc
4.35-41; Lc 8.22-25) e para intervir em seu curso natural (Êx 14.21-22;
Js3.14-17; 2 Rs 2.8, 14). O Senhor é soberano sobre a natureza para fazer
chover (Dt 28.12; 1Rs 18.41-45) ou para provocar estiagens (Dt 28.24; 1 Rs
17.1; 2 Cr 7.13).
Haverá sempre uma
provisão do Senhor em cada etapa do ministério daqueles a quem ele vocaciona e
comissiona. Sarepta seria o lugar de onde viria a próxima provisão de Deus para
Elias, e através de quem ele menos poderia esperar.
A VIÚVA DE SAREPTA
No episódio que
envolveu o profeta Elias e a viúva de Sarepta, aprendemos diversos princípios
que podem, e que precisam ser aplicados à nossa vida, para que assim possamos
abençoar e sermos abençoados:
- O princípio da
obediência (v. 8-9): Não importa para onde o Senhor nos envie, devemos
obedecê-lo e crer que ele já providenciou nosso sustento. Nos dias atuais, por
muitos, a direção de Deus não é mais buscada ou obedecida, pois o que prevalece
é a racionalização de que os melhores e grandes lugares (cidades, igrejas,
etc.) é que garantirão um viver confortável, e a possibilidade de prosperidade
material. Na realidade, esta é uma visão distorcida de ministério. O lugar da
bênção de Deus sobre a nossa vida é aquele para onde ele nos envia.
- O princípio do
anonimato (v. 9): “Ordenei a uma mulher viúva”. No Reino de Deus não é o tanto
quanto aparecemos ou deixamos de aparecer que qualifica a nossa vida e
ministério, mas a motivação com a qual realizamos a obra de Deus. A Bíblia e a
história são repletas de anônimos que certamente terão seu galardão, e o
reconhecimento de seu serviço na eternidade, concedidos pelas mãos daquele que
é justo e verdadeiro (Ap 22.12). Além da mulher viúva, podemos citar como
exemplo de anônimos a menina israelita que serviu na casa do grande general
Sírio Namã (II Reis 5:1-6), as mulheres que doaram seus espelhos quando da
confecção da pia de cobre do Tabernáculo em pleno deserto (Êxodo 30:17-21),
profetas cujos nomes não são mencionados (1 Rs 13; 20.13-30), os quatro
leprosos no episódio do terrível cerco da cidade de Samaria (II Reis7:3-11), a
mãe de Rufo (Rm 16.13), os crentes da família de Narciso (Rm 16.11), os irmãos
que estavam com Asíncrito, Fleonge, Hermas, Pátrobas e Hermes (Rm 16.14), os
santos que estavam com Filólogos, Júlia, Olimpas e a irmã de Nereu (Rm 16. 15).
- O princípio da
hospitalidade (v. 10-12): Elias pediu que a viúva lhe trouxesse água, e ela se
prontificou em atender o profeta. Ainda nos dias de hoje há pessoas hospitaleiras,
que sentem prazer em servir, mesmo quando os recursos são escassos, e quando
não há muito conforto a oferecer. A expressão da viúva no v. 12 é bastante
natural, pois fala de sua preocupação na condição de mãe, além de informar ao
profeta que não tinha tanto quanto gostaria de ter para atendê-lo melhor.
- O princípio da
generosa semeadura (v. 13): Os recursos de Deus são sementes. Pouco ou muito,
são sementes. Deus em graça nos concede “sementes”. Sementes são recursos
espirituais e materiais que o Senhor nos confia para realizarmos uma boa
semeadura. Quando semearmos de maneira errada, com certeza passaremos por
dificuldades e escassez. Um texto bíblico que nos mostra claramente como
funciona a lei da semeadura e da colheita é 2 Coríntios 9.6-11. De que forma os
princípios envolvidos na lei da semeadura e da colheita foram vivenciados no
encontro de Elias com a viúva de Sarepta?
Em primeiro lugar,
a semeadura é feita no campo, na roça ou no terreno do outro (daquele que
necessita da semente), no caso aqui, a pouca semente que a viúva tinha deveria
ser primeiro semeada na vida do profeta.
Em segundo lugar,
semeamos nas outras vidas, mas colhemos em nós mesmos. Nossa colheita é
proporcional a nossa semeadura. Apesar de ter semeado pouco, a viúva semeou do
seu tudo, ou seja, proporcionalmente foi muito. Temos aqui um caso semelhante
ao da oferta da viúva pobre (Mc 12.41-44).
Em terceiro lugar,
a semeadura deve ser regada pela alegria e liberalidade. Não há sinal algum no
texto de que a viúva contribuiu constrangida pelo profeta. Atualmente, há uma
diversidade de ações constrangedoras e manipuladoras por parte de alguns
“profetas”, que visam a todo o custo arrancarem ofertas de viúvas necessitadas,
apelando para toda a sorte de artifícios. Elias não “apelou”, simplesmente
transmitiu a mensagem de Deus com objetividade e clareza. A viúva entendeu a
mensagem e obedeceu.
Em quarto lugar, a semeadura
faz com que Deus nos dê em tudo toda suficiência, em todo o tempo, para
superabundarmos (medida excedente) em toda a boa obra. A nossa generosidade em
semear fará com Deus multiplique o nosso bom depósito, multiplicando com isso
as sementes em nós e a semeadura por nós. O nosso enriquecimento espiritual e
material terá sempre como objetivo a prática da generosidade, da liberalidade
em socorrer, ajudar, contribuir, compartilhar (gr. haplotes). A
viúva de Sarepta teve uma colheita abundante, que supriu a necessidade do
profeta, dela e do seu filho por muitos dias.
UM TESTEMUNHO
PESSOAL DA PROVISÃO DE DEUS
Lembro-me bem que
tempos atrás, quando ainda não servia integralmente na obra de Deus, que ouvi
numa escola bíblica de obreiros uma palavra que tomei para mim. A mensagem foi:
“Cuida de minha obra que eu cuido das tuas coisas”. Passaram-se alguns anos e
um dia me vi numa situação onde tive que escolher entre aceitar uma
excelente promoção na empresa onde trabalhava ou abrir mão da realização da
obra de Deus como superintendente geral de EBD e pastor setorial. Na época não
recebia ajuda financeira da igreja, e vivia integralmente do salário pago pela
empresa. A promoção seria para a função de gerente regional de uma empresa de
transporte e logística estabelecida no Nordeste, e implicava em constantes
viagens para visitar filiais e clientes. Recusar a promoção implicava em
estagnar minha carreira profissional, na perda do emprego e da oportunidade de
dar uma condição melhor de vida para minha família. Após expor a minha situação
para o pastor Isaac Martins Rodrigues (na época era o presidente da AD em Abreu
e Lima), numa reunião onde também participou o pastor Roberto José dos Santos
(atual presidente da AD em Abreu e Lima), a palavra que recebi do pastor Isaac
foi a seguinte: - “Não gostaríamos de perder o irmão nas funções que desempenha
na igreja, mas também não temos como lhe oferecer as mesmas condições que a
empresa lhe oferece. Se o irmão tem convicção de sua chamada, e se crê na
providência de Deus, o que podemos lhe dar é uma ajuda de custo.” Ao ouvir a
proposta do pastor Isaac Martins, pedi um tempo para compartilhar com a minha
esposa a situação, e em comum acordo com ela decidimos que aceitaríamos a ajuda
de custo oferecida, pois em nosso coração ardia o desejo de dedicar a vida
integralmente ao ministério. Deixei o emprego, com isso abri mão de um bom
salário e do status do cargo, e hoje, após mais de dez anos passados, posso
afirmar: “Até aqui nos ajudou o Senhor!”. Passamos por grandes apertos
financeiros, tivemos que abrir mão de muitas coisas, mas a provisão do Senhor
nunca faltou. Vimos e continuamos vendo o milagre de Deus em nossa vida.
Aleluia!
Se o Senhor te
comissionar, vá. Ele enviará a provisão!
Jundiaí-SP,
31/12/2012
Escrito por Pr. Altair
Germano
Fonte: http://www.altairgermano.net/2012/12/subsidio-para-licao-biblica-viuva-de.html
Acesso em 02 fev. 2013.
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