segunda-feira, 30 de julho de 2018
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sábado, 28 de julho de 2018
0 JESUS – O maior Nome da História
domingo, 1 de julho de 2018
0 William Seymour: O Pioneiro do Avivamento da Rua Azusa
Da Louisiana à Rua Azusa
Seymour e suas Raízes
Católicas da Louisiana
Por Dr. Charles Fox Jr.
Em 2 de maio de 1870, em Centerville,
Louisiana, ao lado de Bayou Teche[1],
William J. Seymour, filho dos ex-escravos Simon Seymour e Phillis Salaba
Seymour, veio ao mundo. Simon Seymour havia se mudado recentemente de New
Iberia, a 20 quilômetros das regiões pantanosas (bayou), e do centro de
Acadiana, ou Cajun Country[2].
Durante a Guerra Civil, ele estava entre os quinze mil voluntários
afro-americanos que ingressaram no Exército da União.[3] Como
a Proclamação de Emancipação de Lincoln foi direcionada apenas para áreas sob
controle confederado, ela não liberava os escravos que moravam em St. Mary e
nas paróquias vizinhas, onde Simon viveu. Portanto, ele aproveitou uma cláusula
de exceção se voluntariando para pegar em armas e combater o Sul, ganhando
assim a liberdade imediata em troca de seu serviço militar.[4]
Embora Abraham Lincoln estivesse
empenhado em acabar com a escravidão e declarasse que todos os escravos
ficariam livres a partir de 1º de janeiro de 1863, ele não queria colocar o
exército da União numa posição tática desvantajosa por ter que cuidar de escravos
libertos sem moradia, enquanto o Norte ainda estava combatendo uma guerra.
Portanto, Simon tomou a única opção que
um escravo vivendo em St. Mary Parish, e desesperadamente desejando liberdade
poderia tomar; em 10 de outubro de 1863, tornou-se um soldado de infantaria na
unidade Corps d’Afrique, mais tarde chamada de U.S. Colored
Infantry[5]. Simon
serviu seu país por três anos na Louisiana e na Flórida e deu baixa
honrosamente em 7 de setembro de 1866.[6]
A mãe de Seymour, Phillis Salaba,
nasceu em 23 de novembro de 1844 e, de acordo com Cecil M. Robeck, foi escrava
do Sr. Adelard Carlin, um dos mais ricos proprietários de fazendas de St. Mary
Parish.[7] 2.110
acres de terra com 112 escravos, 80 cavalos, 40 mulas, 30 vacas leiteiras, 16
bois, 150 porcos e 150 “outros” rebanhos.[8] Os
112 escravos incluíam Phillis Salaba, seus pais e seus irmãos.
Simon e Phillis se casaram em 27 de
julho de 1867 e, como não sabiam ler ou escrever, assinaram a certidão de
casamento escrevendo um “X”.[9] Pouco
tempo depois, os Seymours tiveram uma filha chamada Rosalie, e em 1870 tiveram
William. Estes dois seriam seguidos nos quinze anos posteriores por Simon,
Amos, Julia, Jacob, Isaac e Emma.[10]
A vida religiosa no sul da Louisiana
era dominada pela Igreja Católica Romana devido a influência dos colonos
franceses que ganharam o controle da região no século XVIII. A lealdade à
Igreja Católica Romana era imposta a qualquer pessoa sob sua jurisdição
territorial. Uma geração antes, em 1724, o prefeito de Nova Orleans, Jean
Baptiste Le Moyne Bienville emitiu o Le code noir (O Código
Negro), exigindo que todos os colonos proprietários de escravos instruíssem e
batizassem os seus escravos na fé católica. A família Seymour foi uma das
muitas famílias afro-americanas a ser instruída nos caminhos da Igreja
Católica. Assim, cada criança era levada à Igreja Católica na cidade
vizinha de Franklin, na Louisiana, onde eram batizadas.[11] William
J. Seymour foi batizado com quatro meses de idade, aos quatro dias do mês de
setembro de 1870. Ele seria criado como um católico romano.[12]
No entanto, William foi provavelmente
influenciado por várias religiões locais, frequentemente de origem africana e
entrelaçadas no catolicismo. Uma das religiões mais dominantes na Louisiana
durante o tempo de Seymour era uma das várias formas do vudu.[13] A
maioria dos escravos que chegaram ao sul da Louisiana, vindos da África, não
abraçaram totalmente o voodoo clássico, mas trouxeram consigo
muitos de seus princípios, superstições e medos que foram então transmitidos à
próxima geração de escravos.[14]
No entanto, apesar de suas diferenças
com o Cristianismo, a religião escrava africana mantinha muitas crenças em
comum com a cosmovisão cristã. Tais crenças incluíam a fé em um espírito
divino, sinais e maravilhas, milagres e curas, espíritos invisíveis, transes,
possessão espiritual, visões e sonhos.[15] Neste
contexto, é fácil entender porque alguns estudiosos afirmam que a religião
africana, juntamente com as condições de escravidão sob as quais se formou uma
compreensão negra do cristianismo, podem ter influenciado na formação do
pentecostalismo de Seymour, ou no pentecostalismo negro.[16]
Portanto, os anos formativos de
Seymour, com sua ênfase nos sonhos, visões e no sobrenatural como um todo,
devem ser mantidos em mente enquanto observamos sua peregrinação espiritual que
o conduz à Rua Azusa.
Escravidão e Emancipação
Em 1877, quando Seymour tinha sete anos
de idade, a Reconstrução dos Estados Unidos[17] terminou,
deixando os negros sentindo-se traídos por seus libertadores, quando os
republicanos concordaram em retirar as tropas federais do Sul.[18] A
promessa de liberdade garantida pela Proclamação de Emancipação do Presidente
Lincoln, em 1º de janeiro de 1863, era mera retórica para a maioria dos negros
do sul, uma vez que lhes foram negadas liberdades básicas, como o direito de
voto, o direito de obter educação formal e o direito à oportunidades de
emprego.
Além disso, os negros sofreram
atrocidades indescritíveis nas mãos dos supremacistas brancos. Por exemplo, em
13 de abril de 1873, quatro anos antes da partida das tropas federais, 100
homens negros foram mortos quando a Liga Branca, um grupo paramilitar com
intenção de fortificar o governo branco na Louisiana, confrontou-se na cidade
de Colfax com a milícia do estado quase toda formada por negros da Louisiana[19]. De
1876 até o final do século, os líderes brancos impuseram brutalmente a
supremacia e a segregação em todo o Sul.
Como a maior parte do Sul, a cidade de
Centerville tinha profundos conflitos raciais que haviam evoluído através de
uma cadeia clara de eventos, abrangendo muitas décadas. Os colonos chegaram
à área pouco depois que o presidente Thomas Jefferson comprou de Napoleão
Bonaparte o território da Louisiana em 1803, dobrando o tamanho dos Estados
Unidos.[20] Em
1808 o desembarque na cidade de Franklin foi grande o suficiente para fazer
daquela localidade a primeira cidade da paróquia e em 1820, tornou-se a sede
desta. Caçadores de tesouros entusiasmados vieram buscar pequenas fortunas
através da venda de açúcar refinado, e para construir maiores fortunas através
da venda do rum que era produzido com açúcar dali. Estes empresários
recém-chegados usaram o Rio Mississipi para trafegar de Nova Orleans para o
norte e para o oeste através do Rio Plaquemines e outro rios,
viajando até Bayou Teche, que era no meio do caminho entre Nova
Orleans e a terra além do Rio Sabine, que mais tarde ficou conhecida como o
estado do Texas.[21]
Os fazendeiros brancos estavam
conscientes da necessidade de obter mão-de-obra forte para trabalhar nas
plantações de de cana-de-açúcar. Durante a época da colheita,
asseguraram-se de manter um suprimento adequado de escravos africanos, que por
vezes trabalhavam dezoito a vinte horas por dia em uma área conhecida como uma
das regiões mais quentes e úmidas do planeta.[22]
As costas desses escravos negros eram
duramente castigadas e não raras as vezes ficavam marcadas e ensanguentadas por
chicotadas, à medida que os capatazes os forçavam à uma vida que consistia de
cortar cana encurvados à apenas cinco centímetros do solo. Até os animais de
carga não eram adequados para um trabalho tão exigente no terrível calor da
Louisiana. A Sra. Amy Jackson, uma antiga escrava, descreve claramente a rotina
de um dia de serviço de seu povo:
Como escravos, éramos forçados a estar
nos campos às 4:00 da manhã, e nosso dia de trabalho durava até as 11:00 da
noite – muitas vezes até mais tarde […] Como bem me lembro desses
espancamentos! As cicatrizes ainda estão nas minhas costas […] Dois homens
seguraram minhas mãos enquanto outros dois seguraram meus pés, deixando-me com
as costas nuas e de bruços completamente subjugada. O meu dono me golpeou com o
chicote até que minha pele ficou aberta em grandes cortes; grandes o suficiente
para colocar as mãos dentro. Uma grande poça de sangue quente formou-se sob
mim.[23]
Na década de 1830, o setor imobiliário
na região de St. Mary cresceu rapidamente devido à especulação excessiva
daquela terra fértil, que era capaz de produzir grandes quantidades de novas
riquezas por meio do trabalho escravo[24]. Também
em 1830, após uma década de crescente medo que estourasse uma rebelião de
escravos, o estado da Louisiana aprovou leis proibindo qualquer um de
alfabetizá-los, sob pena de um ano de prisão. Essas apreensões eram
justificadas. Em 1831, Nat Turner liderou uma insurgência de escravos que matou
60 brancos no condado de Southampton, no estado da Virginia.[25] O
medo de mais rebeliões precipitou leis anti-educação mais amplas contra os
negros. Para os escravos, qualquer desejo por escolaridade tornou-se um sonho
inalcançável.
A apreensão pelo temor de escravos se
rebelarem acerca das consequências explosivas da escravidão, estava presente
desde a revolta haitiana dos escravos de 1791, quando quinhentos mil negros
destruíram não só canaviais inteiros, mas também seus superintendentes. Em
1798, e talvez com os olhos voltados para a revolta haitiana, ao mesmo tempo em
que examinava o crescente número de escravos americanos, todos os Estados
Unidos declararam ilegal o tráfico de escravos, mas não a escravidão em si. Um
outro passo nesse sentido foi dado em 1 de janeiro de 1808, quando a importação
de escravos foi proibida pelo governo federal. Esta proibição, porém, não
eliminou o fluxo escravagista, mas tão somente permitiu a criação de um
lucrativo mercado negro, que era controlado por homens como o pirata Jean
Lafitte, que fazia o seu comércio na Baía de Barataria (quarenta quilômetros ao
sul de Nova Orleans), bem próxima de Bayou Teche.[26]
Enquanto os estados do Norte lutavam
contra os do Sul na Guerra Civil de 1861-1865, às vezes era difícil diferenciar
as atitudes de ambos os lados em relação aos afro-americanos, ou até mesmo para
a economia local. As forças da união comandadas pelo general Benjamin Butler
tinham bloqueado a existência comercial da Louisiana como uma extensão do
bloqueio Nova Orleans, concluindo com a tomada da cidade em 1 de maio de 1862.
O exército confederado de retirada ajudou na destruição queimando todos os
barcos, docas, e Armazéns, incluindo os estoques de algodão e açúcar. Em 1862,
o resultado do esforço de guerra do General Butler foi uma colheita de apenas
oito milhões de dólares, representando menos de um terço da safra do ano
anterior. Na verdade, as perdas estimadas para plantadores de açúcar durante a
guerra totalizaram mais de cento e setenta milhões de dólares e praticamente
arruinaram toda a indústria açucareira norte-americana.[27]
A Proclamação de Emancipação de Lincoln
de 1863 impactou profundamente a maioria dos escravos da Louisiana, mas não
todos. Uma vez que a Proclamação foi dirigida às áreas sob controle
confederado, ela não libertou os escravos do interior de Teche (que incluía St.
Mary e suas paróquias vizinhas), porque esta área era de jurisdição federal.[28] Quanto
ao general Butler, apesar de sua posição no exército da União, retornou os
escravos fugitivos a seus donos até que seu sucessor, General
Nathanael Banks, acabou com a prática em janeiro de 1864.[29]
Em dezembro de 1865 todos os escravos
foram libertados com a ratificação da Décima Terceira Emenda. A Proclamação de
Emancipação foi lida publicamente em todas as plantações da Louisiana, com
cópias escritas em inglês e francês dadas aos escravos recém-libertados. Além
da leitura pública da Proclamação, uma admoestação especial foi para a cidade
de Franklin, onde os negros foram ilegalmente proibidos de possuir
propriedades, portar armas de fogo e reunir-se para adoração sem permissão.[30]
Enquanto a Secretaria de Liberdade do
governo federal estava tentando educar e emancipar os negros, a violência
irrompeu quando grupos terroristas secretos brancos, como o Ku Klux Klan e a
Liga Branca, surgiram para manter os negros oprimidos pelo medo e
brutalidade. St. Mary Parish, bem como outras áreas vizinhas sofreu ataques
perversos contra seus moradores negros. Em 30 de julho de 1866 em Nova Orleans,
uma tentativa de convenção constitucional de afro-americanos foi atacada por
brancos radicais o que resultou na morte de 34 negros e ferindo outros 146.
Vinte e cinco negros libertos foram
atacados e assassinados entre setembro de 1865 e novembro de 1866; No entanto,
a partir de 9 de março de 1867, o Escritório de Libertos reconheceu que nenhuma
pessoa branca havia sido processada por matar um negro liberto. A tendência
acelerou e em 30 de setembro de 1867, o Bureau registrava oficialmente 51
desses assassinatos, 69 assaltos com a intenção de matar, e 56 relatos de
assalto e pilhagem. No ano seguinte, trouxeram mais 166 assassinatos e outras
225 provocações contra ex-escravos. As tentativas de levar os brancos
agressores à justiça pelas autoridades civis foram desprezadas; Os culpados
pareciam imunes à lei.[31]
RECONSTRUÇÃO, RACISMO E
MIGRAÇÃO
Reconstrução
Em novembro de 1876, resultados
eleitorais duvidosos na Louisiana e na Carolina do Sul levaram a um compromisso
em Washington. Em troca da presidência, os republicanos concordaram em retirar
as tropas federais do Sul. Quando o recém-eleito Rutherford B. Hayes se tornou
presidente, ele manteve sua aliança com os eleitores sulistas (brancos) ao
retirar as tropas federais do Sul em 1877. Com efeito, isso encerrou a
aplicação das leis de reconstrução que ajudaram os afro-americanos em seus
direitos civis e liberdade.[32]
Apesar de muitas conquistas, o
Escritório de Libertos não conseguiu, infelizmente, fornecer recursos
econômicos necessários para o avanço da liberdade negra, devido a falta de
financiamento federal do Congresso, o que apenas refletia as atitudes predominantes
do povo americano. O direito constitucional que garantia a igualdade política
não valia nada neste momento, porque os libertos não tinham direito de voto,
bem como nenhum acesso à educação e emprego. O sonho de “quarenta acres e uma
mula” não passava de uma fantasia, pois os negros eram abandonados por seus
libertadores.[33]
Foi durante este período que Seymour
tornou-se adulto na Louisiana. Foi também neste contexto de aumento do racismo
que o impulsionou a deslocar-se para uma área mais complacente para os negros
que queriam liberdade da opressão, e uma oportunidade de viver o sonho
americano.
Durante a vida de Seymour, os
afro-americanos suportaram muita hostilidade e atrocidades incalculáveis.
Oprimidos pelo terror e atos aleatórios de violência nas cinzas de uma política
de reconstrução fracassada, o fator preponderante foi que depois da Guerra
Civil, ex-escravos viviam nas mais férteis áreas de plantação do Sul, muitas
vezes superando os brancos. Ter superioridade numérica, no entanto, não foi
suficiente porque os ex-escravos não foram capazes de usufruir de seu novo
direito constitucional de votar. Portanto, eles não podiam controlar as terras
agrícolas mais ricas da nação. Os brancos justificavam suas ações com frases
como “necessidade não conhece lei”; “a autopreservação é a primeira lei da
vida”; e “isto é guerra, não política”[34] A
dominação branca dos afro-americanos no Sul tinha poucas fronteiras; certamente
muito poucas fronteiras impostas pelo governo federal, o que concedeu
tacitamente o fim da Reconstrução em 1876. A atenção da nação parecia desviada
pela saga da “última batalha de Custer” no Little Bighorn[35],
fato que despertou atrocidades adicionais contra os nativos americanos. Os
direitos dos ex-escravos no Sul tornaram-se uma notícia obsoleta.
Racismo
Nos anos de 1876 até o fim do século,
os líderes raciais brancos impuseram sua marca de supremacia e segregação em
todo o Sul, retornando à escravidão em tudo menos no nome. As leis de Jim Crow
e os “Códigos Negros” tornaram-se a norma, que comunicou um mundo separado e de
regulação totalitária contra os afro-americanos. Tais regulamentos contra os
negros variaram de bebedouros e banheiros separados, a salários controlados e
violência constante e sem restrições. Nos últimos dezesseis anos do século XIX,
vinte e cinco mil pessoas foram linchadas ou queimadas na fogueira;
virtualmente todos eles eram residentes negros do Mississippi, Alabama, Geórgia
e Louisiana.[36]
Em 1896, a Suprema Corte dos Estados
Unidos sancionou formalmente a governança branca em sua rigorosa decisão
“separada, mas igual”[37].
Dois anos depois, a terra natal de Seymour, o Estado da Louisiana concedeu a
“cláusula de avô”, que afirmava que nenhum cidadão seria autorizado a votar a
menos que seu pai e avô fossem elegíveis em 1 de janeiro de 1867. Isso
praticamente eliminou todos os negros de participar do processo de votação. Os
poucos eleitores afro-americanos que cumpriram esta condição rigorosa foram
forçados a satisfazer duras regras educacionais e de propriedade, o que
eliminou ainda mais os eleitores qualificados. Apesar de haver 130.344
afro-americanos registrados para votar em 1896, a maioria em vinte e seis
paróquias, o número final daqueles que estavam realmente qualificados para
votar caiu para 5.320 em 1900, sem maioria em nenhuma paróquia.[38]
Migração
Embora muitos historiadores alegassem
que a principal razão pela qual os jovens afro-americanos deixaram o Sul estava
relacionada com a oportunidade econômica, outra explicação mais prática estava
relacionada à incapacidade dos afro-americanos de se defenderem contra a
violência indiscriminada.[39] Para
os afro-americanos do sul, não importava o quão submissos eles eram, ou mesmo
se eles eram capazes de desfrutar de alguma medida de sucesso financeiro; o
potencial de violência dos opressores brancos estava sempre presente. Tal foi o
caso da trágica história de Anthony Crawford, que possuía 427 acres de terra de
cultivo de algodão e era o fazendeiro negro mais rico do condado de Abbeville,
na Carolina do Sul.[40]
Crawford era um homem bem sucedido,
criando uma família de doze filhos e de quatro filhas com trabalho duro e
firmeza. Em 21 de outubro de 1916, Crawford entrou em uma discussão com W. D.
Barksdale sobre o preço do algodão. Barksdale era o proprietário de uma loja
mercantil em Abbeville. Foi relatado que Barksdale chamou Crawford de
mentiroso, e este sentindo-se ofendido, amaldiçoou Barksdale. Em pouco tempo,
uma multidão branca se reuniu na loja. Crawford tentou escapar e procurou
refúgio em uma cova rasa coberta no chão, próxima de um descaroçador de
algodão. Em suas tentativas de se defender da multidão violenta, Crawford se
armou com uma marreta e conseguiu esmagar o crânio de um de seus
agressores antes de finalmente sucumbir ao frenesi violento da máfia,
quando foi atingido por uma pedra e esfaqueado pelas costas.
Quando o Xerife de Abbeville chegou à
cena, ele conseguiu manter a multidão sedenta de sangue temporariamente com a
promessa de que Crawford ficaria confinado à prisão até que fosse determinado
se o primeiro agressor de Crawford sobreviveria aos efeitos da marreta. O que
aconteceu em seguida foi um cenário muito familiar que atormentava as
comunidades negras. Indignado com a especulação de que o xerife poderia ajudar
Crawford a escapar no trem das quatro horas, uma segunda turba branca invadiu a
cadeia, agarrou violentamente Crawford, amarrou uma corda em volta do pescoço e
arrastou-o através da parte negra da cidade até a sua morte.[41]
Na Louisiana, aparentemente, Seymour
havia visto um tratamento desumano desses afro-americanos, juntamente com a
falta de liberação econômica, e buscou uma nova vida no Norte.[42] Ele
deixou o Sul antes do verdadeiro início da Grande Migração, quando milhares de
afro-americanos passaram do sul rural para o norte urbano. Muitas dessas
pessoas esperavam escapar do problema duradouro do racismo no Sul, e realmente
acreditavam que iriam encontrar no Norte maiores oportunidades econômicas e uma
melhoria geral da qualidade de vida. Estima-se que mais de um milhão de
afro-americanos participaram dessa migração em massa entre 1910 e 1930.[43] A
Grande Migração ajudou a facilitar o desenvolvimento das primeiras grandes
comunidades urbanas negras no Norte, fazendo com que a população afro-americana
crescesse cerca de 20% durante este período.[44] Cidades
como Chicago, Detroit, Nova York e Cleveland viram alguns dos maiores aumentos
proporcionais.
Quando Seymour migrou para o norte em
Indianápolis por volta de 1896, descobriu que os negros recebiam a mesma
proteção como cidadãos, o direito de votar e o direito de exercer cargos
públicos. Seymour conseguiu encontrar emprego como garçom em um grande
restaurante do centro.[45] Cada
edição do Indianapolis City Directory de 1896-1899 listou a ocupação de Seymour
como garçom. Ele foi empregado em três hotéis de luxo de Indianápolis: a Bates
House, a Denison House e o Grand Hotel.[46] É
digno de nota que Seymour, filho de ex-escravos e um sulista oriundo dos campos
de cana-de-açúcar da Louisiana, tenha podido se adaptar tão rapidamente à estes
lugares luxuosos.
O mais importante durante seus anos em
Indianapolis, foi o clamor de Seymour por ter uma experiência da conversão.
Charles Shumway, um ministro metodista que estava escrevendo uma tese de
bacharelado para a Universidade do Sul da Califórnia em 1914, entrevistou
Seymour e relatou que, enquanto Seymour estava em Indianápolis, ele havia sido
convertido em uma “Igreja Metodista Episcopal de negros”.[47] De
acordo com Douglas Nelson, Seymour juntou-se à Simpson Chapel da Igreja
Metodista Episcopal, situada ao lado do canal do White River nas ruas Missouri
e 11º. Esta era uma congregação negra afiliada à Igreja Metodista Episcopal
interracial. A MEC (Methodist Episcopal Church) recusou-se a separar
racialmente mesmo quando uma provisão foi feita para o clero de afro-americanos
em 1876 para dar forma a conferências dentro da denominação.
Cecil Robeck afirma que não podemos
estar certos sobre qual teria sido a congregação em que Seymour realmente
chegou à fé em Cristo, porque havia outras duas igrejas possíveis que ele pode
ter participado durante este tempo.[48] Uma
era a Bethel African Methodist Episcopal Church, que era a mais forte
congregação afro-americana Em Indianapolis, e perto do apartamento de Seymour.
A segunda era a Igreja Metodista Episcopal da Meridian Street, que ficava do
outro lado da rua do segundo endereço de Seymour.[49]
Alguns argumentam que a filiação de
Seymour com a Igreja Metodista Episcopal em Indianápolis foi significativa,
porque foi a primeira indicação do desejo de Seymour por uma comunidade
interracial.[50] Se
este foi o sinal inicial de inclusão interracial de Seymour, não é de estranhar
que ele se juntasse aos metodistas, considerando que eles eram uma das
primeiras denominações a alcançar ativamente os afro-americanos.[51]
Nesta conjuntura da vida de Seymour,
ele, sem dúvida, teve certa admiração pelos ensinamentos de John Wesley, o
fundador do Metodismo. No entanto, Shumway relata que Seymour logo deixou a
Igreja Metodista por duas questões importantes: a doutrina do pré-milenismo e o
papel das “revelações especiais”.[52] Como
a maioria das igrejas protestantes desse período, a igreja metodista não aderiu
ao pré-milenismo, que essencialmente afirma o retorno físico de Jesus antes de
um período literal de mil anos, quando o Senhor governará sobre a terra. Os
metodistas mantiveram uma “posição amilenista”, vendo o milênio como uma
realidade espiritual, em vez de um retorno literal do Senhor. Além disso,
Seymour deu um lugar de destaque às “revelações especiais”, enquanto a Igreja
Metodista não o fez.[53] Isso
ficou evidente a partir da própria experiência de Seymour e da postura
resultante dos sonhos e visões.
Enquanto Shumway acreditava que Seymour
deixou a Igreja Metodista por óbvias razões teológicas, Douglas Nelson
acreditava que Seymour havia partido devido à raça.[54] O
preconceito racial não se restringia ao Sul. Em 1900, sentimentos raciais em
Indiana tinham se alterado ao ponto de haver pouca comunicação entre negros e
brancos. Apesar das garantias constitucionais, o otimismo que os negros haviam
abraçado inicialmente se dissipou rapidamente ao encontrarem a discriminação
(aumentada pela violência da multidão), e episódios crescentes de linchamento
de negros. Essa tendência continuou durante duas décadas, culminando no “Verão
Vermelho de 1919”, onde inúmeros negros foram massacrados em grande cidades do
norte.[55]Infelizmente,
a harmonia racial na Igreja Metodista Episcopal também sucumbiu ao racismo
daqueles tempos, à medida que a união interracial tornou-se nada mais do que
uma mera formalidade administrativa.[56] Seja
devido à suas posições teológicas, ou a mudança de cooperação interracial na
Igreja Metodista Episcopal, Seymour decidiu que seu tempo em Indianápolis havia
chegado ao fim. Em 1900, mudou-se para Cincinnati, no estado de Ohio.
Em Cincinnati, Seymour pode ter
frequentado brevemente a Escola Bíblica de Deus sob o ministério do
evangelista Martin Wells Knapp, vinculado ao movimento Holiness, que favoreceu
a inclusão racial[57]. Detalhes
ainda precisam ser documentados sobre o impacto direto deste evangelista na
teologia de Seymour, pois parece haver um consenso geral entre os estudiosos de
que Knapp exerceu alguma influência sobre ele.[58]
O ministério de Knapp, entretanto, não
foi o único que Seymour visitou durante seu tempo em Cincinnati. Ele
aparentemente se juntou à Reformation Church of God, que foi também conhecida
como “Evening Light Saints”. Era um grupo de cristãos que cantavam felizes e
jubilantes, e que acreditavam que a última efusão espiritual (ou luz noturna)
estava sendo dada aos santos pouco antes do fim da história.
Seymour tornou-se atraído para o
movimento, porque alcançava vigorosamente os afro-americanos. Cincinnati foi
extremamente importante para o crescimento teológico de Seymour, porque lá ele
se envolveu na teologia da Santidade radical, que ensinou a santificação
integral como uma segunda obra da graça ou segunda bênção. Eles enfatizavam a
santidade cristã em preparação para a consumação da história, juntamente com a
cura divina e a necessidade de abandonar o denominacionalismo em favor da
verdadeira “Igreja de Deus”[59].
Em 1903, Seymour saiu de Cincinnati e
retornou ao sul para encontrar sua família em Houston, Texas. A mudança para
Houston seria de inestimável importância para sua vida e seu futuro ministério.
Seymour não sabia que teria uma “conexão divina”, juntando-se a uma pequena
igreja Holiness pastoreada por uma mulher negra chamada Lucy Farrow. Em 1905,
pouco antes de Farrow se mudar para o Kansas a fim de assumir o emprego de
governanta na casa de Charles Fox Parham (o pregador da Holiness que liderava
um movimento pentecostal do Centro-Oeste desde 1901), pediu a Seymour que
assumisse o cargo de pastor em sua igreja.[60]Farrow
retornou a Houston em outubro de 1905 com uma nova experiência de falar em
línguas, que ela aceitou sob a influência de Parham[61],
e imediatamente colocou Seymour em contato com Parham. Seymour provavelmente
nunca imaginou que sua conexão com um pregador branco da Holiness do
Centro-Oeste impactaria tantas pessoas nos próximos anos.
Em dezembro de 1905, Parham mudou sua
Escola Bíblica para Houston, onde ensinou que a evidência de receber o batismo
do Espírito Santo estava em falar em línguas.[62] Embora
Seymour estivesse com fome de mais treinamento bíblico, o espírito das leis de
Jim Crowism[63] vindo
do Sul prevaleceu. Devido a cor de sua pele, Seymour não foi autorizado a
participar da escola de Parham como um estudante regular. Por causa da
segregação racial, Parham mantinha Seymour sentado do lado de fora da sala de
aula; ali, no corredor, ele podia ouvir os ensinamentos pentecostais de Parham.
Depois de um curto período de tempo, Seymour aceitou de todo coração a doutrina
de Parham em relação ao dom de línguas, embora ele mesmo não tivesse ainda
experimentado o fenômeno.
O ano de 1906 provaria ser de grande
importância para Seymour. Foi neste ano que ele foi convidado a ajudar Julia
Hutchins a pastorear uma Igreja Holiness em Los Angeles, Califórnia. Este
convite veio através da senhorita Neely Terry, que tinha ouvido Seymour
pregando na igreja de Farrow, quando estava visitando parentes em Houston.
Terry descreveu Seymour como um homem bem qualificado.[64] Quando
Seymour chegou a Los Angeles, uma congregação entusiasmada o cumprimentou e as
reuniões noturnas começaram imediatamente nas ruas 9ª e Santa Fé. Seymour
pregou sobre uma variedade de tópicos cristãos, incluindo a vida santa, a cura
divina e o retorno iminente de Jesus. De todos os tópicos sobre os quais
Seymour pregava, nenhum enviou mais ondas de choque através da comunidade do
que a sua defesa da glossolalia como um sinal de evidência ao batismo com o
Espírito Santo. Seymour pregou a nova doutrina pentecostal usando Atos 2.4 como
seu texto-base. No entanto, Julia Hutchins, co-pastora da igreja, rejeitou o
ensinamento de Seymour sobre o dom de línguas como prova do batismo do Espírito
Santo e censurou os ensinamentos dele.[65]
Embora Hutchins não tenha respondido
favoravelmente à mensagem pentecostal de Seymour, outros foram mais receptivos.
Seymour foi convidado a ficar na casa de Richard e Ruth Asberry no agora
histórico endereço, 214 Bonnie Brae Street; foi nesta localidade que, em 9 de
abril de 1906, várias pessoas começaram a falar em línguas[66]. Não
demorou muito para que as boas novas sobre o novo Pentecostes se espalhassem.
Os estranhos acontecimentos na Bonnie Brae Street chamaram tanta atenção que
Seymour foi forçado a pregar na varanda da frente para multidões reunidas na
rua. Em um ponto, a multidão cresceu tão grandemente que o piso do
alpendre desabou[67].
A partir disto Seymour começou sua busca por instalações maiores, antecipando
uma poderosa efusão do Espírito Santo que estava prestes a acontecer. A
pesquisa terminou quando Seymour encontrou uma antiga estrutura que havia
abrigado uma Igreja Metodista Episcopal Africana, e que logo em seguida estava
servindo como estábulo e armazém. O endereço era o número 312 da conhecida Rua
Azusa.[68] O
que aconteceu ali nos três anos seguintes fascinaria os historiadores
eclesiásticos por décadas; Seymour conduzia três cultos por dia, sete dias por
semana, onde milhares de pessoas buscavam receber o batismo do Espírito Santo.
O avivamento na Rua Azusa, sob a
liderança de Seymour, também se opôs ao racismo e segregação da época, com
negros e brancos adorando juntos sendo liderados por um pastor negro. Frank
Bartleman, um participante branco de Azusa, expressou o espírito da reunião
histórica afirmando que “a linha racial havia sido lavada no sangue de Jesus.” [69] Houve
uma grande efusão do Espírito Santo, e Seymour foi o líder escolhido por Deus
neste momento crucial da história. As qualidades da liderança de Seymour
floresceram em uma época em que os afro-americanos não eram considerados por
tais competências. No entanto, Seymour dissiparia esses mitos racistas
liderando um dos maiores reavivamentos da história da Igreja americana.
Texto gentilmente cedido com expressa
autorização pela Editora Carisma. Conheça mais sobre o que a editora Carisma
está preparando especialmente para você: https://www.editoracarisma.com.br/o-que-vem-por-ai/
Tradução: João Costa.
[1] NOTA
DO EDITOR: Bayou Teche é um braço navegável do Rio Mississipi,
com 125km de extensão, no Estado da Lousiana, região central dos Estados
Unidos. É uma ecosistema pantanoso, muito quente e úmida, com grandes
populações de jacarés, tartarugas selvages e imensas florestas de ciprestes.
[2] NOTA
DO EDITOR: Cajun Country, também chamada de Acadiana pelos
colonos franceses exilados de L’Acadie (agora Nova Escócia, Canadá ) pelos
britânicos em 1755. Os cajuns são a maior minoria de língua francesa nos
Estados Unidos. Acadiana é o nome oficial dado para a chamada Lousiana francesa
que abriga uma considerável população francófona residente nos EUA.
[3] ROBECK
JR. Cecil M.; The Azusa Street Mission and Revival: The Birth of the
Global Pentecostal Movement [A Missão Rua Azusa e o Avivamento: O
nascimento Global do Movimento Pentecostal. (Nashville: Nelson Reference and
Electronic, 2006), p. 20.
[4] John
Hope Franklin, From Slavery to Freedom: A History of Negro Americans, 4th ed.
(New York: Knopf, 1974), pp. 223-224; e Howard A. White, The Freedmen’s Bureau
em Louisiana (Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1970), p. 101.
[5] Robeck,
Azusa Street Mission and Revival, p. 21.
[6] Ibid.
[7] Ibidem,
p. 19
[8] Idem
[9] Ibid.,
p. 23
[10] Idem
[11] Ibid.,
pp. 23-24.
[12] Ibid.,
p. 24
[13] Ibid.,
p. 22.
[14] Ibid.,
p. 23.
[15] Idem
[16] Iain
MacRobert, The Black Roots and White Racism of Early Pentecostalism in the USA
(New York: St. Martin’s Press, 1988), p. 9; e Leonard Lovett, “Black Origins of
the Pentecostal Movement,” e Aspects of Pentecostal-Charismatic Origins, ed.
Vinson Synan (Plainfield, NJ: Logos International, 1975), pp. 123-141.
[17] A
Reconstrução foi o período após a Guerra Civil, quando os estados do sul foram
reorganizados e reintegrados à União; 1865-1877.
[18] John
Hope Franklin, From Slavery to Freedom: A History Negro Americans, 3rd ed. (New
York: Knopf, 1967), 332; e Nelson, “For Such a Time as This,” p. 155.
[19] http://www.pbs.org/wgbh/americanexperience/features/general-article/grant-colfax/.
[20] Ibid.,
p. 151.
[21] Beverly
Bernard Broussard, “A History of St. Mary Parish” (não publicado MS, Franklin,
LA: 1968), 6-8, citado por Nelson em “For Such a Time as This,” p. 151.
[22] Nelson,
“For Such a Time as This,” 151; e Franklin, From Slavery to Freedom, p. 144.
[23] Jewel
Lynn de Grummond Delaune, “A Social History of St. Mary Parish, 1845-1864”
(tese de mestrado, Louisiana State University, 1984), 108, citado por
Nelson em, “For Such a Time as This,” p. 170.
[24] Broussard,
“History of St. Mary Parish,” 8, citado por Nelson em, “For Such a Time as
This,”p. 151.
[25] Nat
Turner acreditava que tinha sido divinamente escolhido por Deus para livrar seu
povo da escravidão. Turner escolho a data de 21 de agosto como o dia para sua
revolta, que resultou na morte de sessenta brancos em um período de vinte e
quatro horas, até que o grupo principal de insurgentes fosse vencido por tropas
estaduais e federais. Mais de cem escravos foram mortos por causa deste
levante. Turner foi finalmente capturado em 30 de outubro e enforcado em 11 de
novembro de 1831. Franklin, From Slavery to Freedom, pp. 161-163; e para uma
investigação mais completa, veja também Nat Turner e Thomas R. Gray, The
Confessions of Nat Turner: Leader of the Late Insurrection in Southampton, Va.,
as Fully and Voluntarily Made to Thomas R. Gray… and Acknowledged by Him … When
Read Before the Court of Southampton, Convened at Jerusalem, November 5, 1831,
for His Trial (1830-1839?).
[26] Franklin,
From Slavery to Freedom, pp. 106-110.
[27] White,
Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 5.
[28] Franklin,
From Slavery to Freedom, pp. 223-24
[29] White,
Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 101.
[30] Ibid.,
pp. 135-36.
[31] White,
Freedmen’s Bureau in Louisiana, 144-46.
[32] Franklin,
From Slavery to Freedom, p. 267.
[33] White,
Freedmen’s Bureau in Louisiana, p. 63.
[34] Richard
Wright, iintrodução de Native Son (New York: Harper, 1940), xi-xii.
[35] A
batalha de Little Bighorn ocorreu em 25 de junho de 1876, ano do Centenário da
Independência dos Estados Unidos da América. A batalha foi travada nas
proximidades do rio Litte Bighorn, no estado de Montana. Ela opôs o sétimo
regimento de cavalaria liderado pelo afamado General George Custer contra
uma coalizão dos índios Cheyennes, Arapaho e Sioux, liderados pelos Chefes
Tatanka Iyotake (mais conhecido como Touro Sentado – Sitting Bull) e Tasunka
Witko (mais conhecido como Cavalo Louco – Crazy Horse). Os índios venceram a
batalha aniquilando o destacamento comandado pelo General Custer. Este oficial
do Exército americano era conhecido por atacar acampamentos indígenas enquanto
os guerreiros estavam ausentes, matando brutalmente centenas de mulheres e crianças.
[36] Franklin,
From Slavery to Freedom, pp. 322-23.
[37] Smithsonian
Institution, “Separate but Equal”, Smithsonian National Museum of American
History,http://americanhistory.si.edu/brown/history/1-segregated/separate-but-equal.html. O
contexto desta decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos ocorreu quando Homer
Plessy, um afro-americano, decidiu ser preso por se recusar a se mudar de um
assento reservado para brancos em um trem. O juiz John H. Ferguson confirmou a
lei, e o caso de Plessy versus Ferguson passou gradualmente
para o Supremo Tribunal. Em 18 de maio de 1896, o Supremo Tribunal dos Estados
Unidos, com apenas um voto dissidente, determinou que a segregação na América
era constitucional.
[38] Franklin,
From Slavery to Freedom, pp. 274-75.
[39] Milton
C. Sernett, Bound for the Promised Land: African American Religion and The
Great Migration (Durham: Duke University Press, 1997), p. 12.
[40] Ibid.,
p. 9.
[41] Ibid.,
p. 10.
[42] Indianapolis
City Directories, 1896-1899.
[43] Sernett,
Bound for the Promised Land, 57-86; e Digital History: Online American History
Textbook. “The Jazz Age: The American 1920’s,” Digital History, http://www.digitalhistory.uh.edu/database/article_display.cfm?HHID=443.
A Grande Migração foi um movimento maciço de 1,5 milhões de negros do sul que
decidiram se mudar para as cidades do norte para escapar do racismo, salários
baixos e meações.
[44] Sernett,
Bound for the Promised Land, pp. 57-86; e Public Broadcasting Service, “Great
Migration,” Public Broadcasting Service, http://www.pbs.org/wnet/aaworld/
reference/articles/great_migration.html.
[45] Indianapolis
City Directories, 1896-1899; e Charles W. Shumway, “A Study of ‘the Gift of
Tongues’” (tese de mestrado, University of Southern California at Los Angeles,
1914), p. 173.
[46] Robeck,
Azusa Street Mission and Revival, 27; e Indianapolis City Directories,
1896-1899.
[47] Shumway,
“A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[48] Robeck,
Azusa Street Mission and Revival, p. 28.
[49] Ibid.
[50] Nelson,
“For Such a Time as This,” p. 155. Nelson acreditava que a decisão de Seymour
de se juntar à Igreja Metodista Episcopal mais interracial foi a primeira
indicação clara que ele deu de buscar a reconciliação entre negros e brancos.
[51] John
Wesley, “Thoughts upon Slavery,” Global Ministries of the United Methodist
Church, http://new.gbgm-umc.org/umhistory/wesley/slavery/?search=thoughts%20upon%20slavery.
[52] Shumway,
“A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[53] Shumway,
“A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173; e Robeck, Azusa Street Mission and
Revival, p. 28. Em uma entrevista que Shumway fez com Seymour, ele menciona que
o líder do movimento na Rua Azusa afirmou que a Igreja [Metodista] “não endossa
o pré-milenismo ou a “revelação especial”.
[54] Nelson,
“For Such a Time as This,” p. 162.
[55] Alana
J. Erickson, “Red Summer,” em Encyclopedia of African-American Culture and
History, ed. Jack Salzman, David Lionel Smith, and Cornel West (New York: Simon
and Schuster Macmillan, 1996): 4:2293-2294; e Public Broadcasting Service, “Red
Summer,” Public Broadcasting Service,
http://www.pbs.org/wnet/jimcrow/stories_events_red.html. O Verão Vermelho
refere-se ao verão/outono de 1919, em que os motins raciais eclodiram em várias
cidades do Norte e do Sul. Os três incidentes mais violentos ocorreram em Chicago-IL,
Washington-DC e Elaine-AR.
[56] Nelson,
“For Such a Time as This,” p. 162.
[57] Nelson,
“For Such a Time as This,” p. 163; e Robeck, Azusa Street Mission and Revival,
p. 31. A tradição oral afirma que Seymour pode ter sido influenciado pelo
evangelista e professor do Movimento Holiness, Martin Wells Knapp.
[58] Ibid.
[59] Nelson,
“For Such a Time as This,” p.164.
[60] Ibid.,
p. 167.
[61] Idem
[62] Idem
[63] NOTA
DO EDITOR: As leis de Jim Crow foram leis locais e estaduais
promulgadas que institucionalizaram a segregação racial nos EUA. Ficaram em
vigor entre os anos de 1876-1965 e a maioria dessas leis estabeleciam que em
escolas públicas, hospitais e outros locais públicos (incluindo ônibus e
trens), deveria haver instalações separadas para negros e brancos. A mais
antiga referência à expressão “Jim Crow law” remonta o ano de 1892 em uma
reportagem do New York Times sobre as leis eleitorais do Sul dos Estados
Unidos. A expressão Jim Crow provavelmente teve origem na canção “Jump Jimp
Crow” em que o ator Thomas Rice ostentando uma maquiagem blackface como forma
de caricaturizar os negros. A canção, lançada em 1832 foi usada como crítica às
políticas populistas de Andrew Jackson, advogado, político e sétimo presidente
dos EUA.
[64] Ibid.
p. 187
[65] Shumway,
“A Study of the ‘Gift of Tongues’,” p. 173.
[66] Charles
W. Shumway, “A Critical History of Glossolalia” (PhD diss., Boston University,
1919), p. 116; ver também Nelson, “For Such a Time as This,” 189. Segundo ele,
Edward Lee (um zelador) foi o primeiro a receber o batismo do Espírito Santo,
falando em línguas em 9 de abril de 1906, depois que Seymour impôs as mãos
sobre ele. Depois que Lee recebeu seu pentecostes pessoal, outras sete pessoas,
incluindo Jennie Evans Moore, receberam o batismo do Espírito e falaram em
línguas. Ironicamente, Seymour não recebeu a experiência até 12 de abril, três
dias depois.
[67] Nelson,
“For Such a Times as This,” p. 191.
[68] Ibid.,
p. 192.
[69] Frank
Bartleman, Azusa Street (South Plainfield, NJ: Bridge Publishing, 1980), p. 54.



