Reforma Protestante
A Reforma
Protestante foi iniciada por meio do questionamento do monge alemão Martinho
Lutero na questão referente às indulgências.
A Reforma Protestante foi
um movimento de reforma religiosa ocorrido na Europa, no século XVI. Esse
reformismo religioso foi iniciado por Martinho
Lutero, um monge alemão insatisfeito com a cobrança de indulgências pela
Igreja Católica. Lutero elaborou as 95 teses e fundamentou uma teologia que deu
origem a novas denominações dentro do cristianismo.
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Acesse também: Guerra
dos 30 anos: conflito motivado pelas diferenças religiosas que existiam na
Europa
Contexto: Europa no
século XVI
A Europa do século XVI passava
por profundas transformações. As estruturas políticas, econômicas,
sociais e culturais que marcaram o continente durante a Idade
Média estavam sendo substituídas. Havia expansão econômica e,
politicamente, novos interesses e novas formas de governo se consolidavam.
A religião
perdia a sua força, pois, a partir do Renascentismo, começou a se
consolidar a ideia de que o homem era o centro de todas as coisas. A cultura
renascentista também contribuiu para que as artes ganhassem novo
fôlego, resgatando, sobretudo, o legado da cultura clássica. Assim, novas
ideias e novas formas de enxergar o mundo foram difundidas com a invenção
da imprensa.
A Igreja
Católica, por sua vez, enfrentava uma crise de credibilidade, e sua
contestação vinha desde a Idade Média. As críticas à Santa Sé tratavam de
questões como a quantidade de terras e outras riquezas nas mãos da Igreja, a
corrupção dos clérigos, o abuso do poder, etc. Assim, questionamentos eram
realizados abertamente. Os casos dos valdenses e
as críticas feitas por John
Wycliff e Jan
Huss são demonstrações claras de que a insatisfação com a Igreja
Católica se arrastava por séculos. Os dois últimos, inclusive, são considerados
precursores da Reforma Protestante.
Quais foram as
causas da Reforma Protestante?
A Reforma Protestante
foi um movimento de reforma religiosa que aconteceu dentro do cristianismo,
sendo iniciado por Martinho Lutero em 1517. Veremos ao longo do
texto que Lutero não desejava criar um movimento religioso que se separasse da
Igreja Católica, mas que a reformasse, uma vez que ele tinha discordâncias de
caráter teológico.
As antigas críticas
que eram realizadas à Santa Sé foram retomadas por Martinho Lutero, um monge
agostiniano que era professor de teologia na Universidade de Wittenberg. Apesar
de ser um monge e, portanto, membro do clero, Lutero tinha inúmeras críticas à
Igreja Católica.
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O grande
questionamento que movia Lutero era a questão da venda de indulgências,
isto é, a Igreja pedia doações em dinheiro em troca de perdão pelos pecados.
Quando a Igreja tinha objetivos importantes, ela realizava uma venda especial
de indulgências e incentivava as pessoas a darem contribuições em troca desse
perdão e da garantia de salvação.
No contexto de Lutero,
o monge João de Tetzel tinha sido encarregado por uma autoridade do Sacro
Império Romano-Germânico para recolher indulgências em Wittenberg. Isso foi o
motivador para Lutero questionar abertamente a prática das indulgências. Parte delas
seria utilizada na construção da Basílica de São Pedro, em Roma.
Além disso, Lutero
era crítico de outras práticas, como a simonia, isto é, a venda de cargos e
funções eclesiásticas. Lutero entendia que essas ações da Igreja Católica iam
contra o seu entendimento da fé cristã, porque ele não acreditava na ideia de
que a salvação acontecia mediante obras, mas pela fé.
A insatisfação de
Lutero, como mencionado, não tinha como objetivo promover um rompimento ou
dividir a Igreja Católica. Ele queria apenas combater práticas que considerava
inadequadas para que a fé católica pudesse ser reformada. No entanto, o
processo iniciado por Lutero deu abertura para mudanças profundas em questões
políticas e econômicas na Europa do século XVI.
A primeira mudança
ocorreu no âmbito político, pois a Europa já não era aquela do período
medieval, uma vez que, a partir da Baixa
Idade Média, foi iniciado o processo de centralização do poder dos monarcas
e da formação dos Estados Nacionais. Acontece que, ainda no século XVI, a
Igreja era muito poderosa e sua influência sobre o poder secular, isto é, o
poder dos reis, ainda era muito grande.
Nesse contexto,
as agendas e os interesses dos Estados Nacionais e dos reis começavam a
se distanciar dos interesses da Igreja. Portanto, era necessário
enfraquecer a Igreja para que um distanciamento entre o poder secular e o poder
eclesiástico fosse possível. Os questionamentos de Lutero surgiram como
possibilidade de promover isso e, por essa razão, ele contou com o apoio de
muitos príncipes.
Do ponto de vista
econômico, os questionamentos de Lutero abriam a possibilidade de se conquistar
maior autonomia econômica, uma vez que os líderes seculares não dependeriam
mais dos favores da Igreja Católica e, portanto, não precisariam mais pagar
impostos para Roma. Além disso, a Reforma Protestante fez com que
ressentimentos com a prosperidade de Roma e da Península Itálica em
contraposição com a pobreza do Sacro Império se aflorassem.
Acesse também: A
justificativa religiosa dada para o poder absoluto dos reis
95 teses de Lutero
O pontapé da
Reforma Protestante foi a elaboração das 95 teses de Martinho Lutero.
Esse documento foi escrito por Lutero como uma proposição de debate para a
questão das indulgências, da qual ele discordava, como já vimos. A partir
disso, as ideias de Lutero se espalharam rapidamente, sobretudo pelo norte da
Europa e pela Europa Central.
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero supostamente pregou suas 95
teses na porta da igreja de Wittenberg.
Como sabemos, a
motivação para que Lutero fizesse o seu questionamento das indulgências foi o
envio de João de Tetzel por ordem de Alberto de Mainz, arcebispo de Mainz e
príncipe-eleitor do Sacro Império Romano-Germânico (membro do colégio eleitoral
do Sacro Império que elegia o imperador).
Lutero então elaborou
a “Disputação do doutor Martinho Lutero sobre o poder e eficácia das
indulgências”, vulgarmente conhecida como “95 teses”. Segundo a tradição
protestante, Lutero teria afixado as 95 teses na porta da
Igreja do Castelo de Wittenberg como forma de demonstrar sua posição
publicamente e de convocar um debate sobre a questão. Essa fato, que deu início
à Reforma Protestante, ocorreu em 31 de outubro de 1517.
No entanto, não
existe comprovação histórica de que isso de fato aconteceu e o que se
sabe é que o texto escrito por Lutero teria sido enviado para Alberto de Mainz
depois que tentativas de debater as indulgências em Wittenberg fracassaram. A
carta para Alberto de Mainz iniciou a discussão sobre a questão.
Tanto as 95 teses como
outros documentos escritos por Lutero na época se popularizaram
consideravelmente, e isso se deve à existência da imprensa, inventada havia
poucas décadas na região da Alemanha. A imprensa permitia que escritos fossem
replicados em uma velocidade inédita, assim os textos de Lutero rodaram a
Europa.
Lutero então se
tornou o expoente da teologia luterana,
que se consolidou quando ficou perceptível que as diferenças de raiz teológica
da Igreja com Lutero eram irreconciliáveis. A teologia luterana ficou
centralizada na ideia que foi a raiz do questionamento de Lutero: a fé é a
garantia da salvação, e não as boas obras.
Ao longo da vida de
Lutero, ficou estabelecido um princípio teológico conhecido como Cinco Solas,
que são bases importantes para o protestantismo. São elas:
- Sola fide (somente a fé);
- Sola scriptura (somente e escritura);
- Solus Christus (somente Cristo);
- Sola gratia (somente a graça);
- Soli Deo gloria (glória somente a Deus).
Martinho Lutero
ainda traduziu a Bíblia do
latim para o alemão, uma vez que ele acreditava que os fiéis deveriam ter
acesso direto aos textos sagrados. A ação de Lutero ainda influenciou outros
movimentos protestantes na Europa, como o liderado por João Calvino, que
originou o calvinismo,
e o de Henrique VIII, que originou o anglicanismo.
Acesse também: Thomas
Müntzer — o seguidor de Lutero que teceu duras críticas à nobreza
Como reagiu a
Igreja Católica?
Uma vez que as
críticas de Lutero se tornaram públicas, a reação da Igreja Católica foi a de
tentar conter o monge alemão. As autoridades eclesiásticas não aprovaram as
críticas, tanto que Alberto de Mainz enviou as 95 teses para que o Papa Leão X
pudesse tomar conhecimento delas. O papa exigiu uma retratação de
Lutero, mas como isso não aconteceu, o monge alemão foi excomungado em
1521.
Castelo de Wartburg, local onde Lutero se escondeu após ser declarado um
herege pela Dieta de Worms. Aqui ele traduziu a Bíblia para o alemão.
Lutero ainda foi
obrigado a apresentar-se diante da Dieta de Worms para debater suas ideias, em
1521. Ele compareceu a essa assembleia por convocação do imperador Carlos V e,
após apresentar o que ele defendia, foi considerado um herege. Por
conta disso, ele ficou um ano escondido no Castelo de Wartburg, local onde
traduziu a Bíblia para o alemão.
- Contrarreforma
O crescimento do
protestantismo na Europa fez com que o Papa Paulo III convocasse o Concílio
de Trento, que se reuniu em três ciclos: 1545-1547, 1551-1552 e
1562-1563. Nesses concílios foram tomadas decisões que reforçavam princípios do
catolicismo e combatiam o avanço do protestantismo.
A realização do
Concílio de Trento foi uma das ações da Igreja Católica no que ficou conhecido
como Contrarreforma. O objetivo era exatamente o mencionado: barrar
o avanço do protestantismo na Europa. Entre as medidas tomadas no Concílio de
Trento, podemos citar:
- proibição das indulgências;
- proibição da circulação de alguns livros;
- reforço da ideia de infalibilidade do
papa, etc.
As ações da Igreja
como parte da Contrarreforma não se resumiram ao Concílio de Trento e se
manifestaram de outras formas também. A fundação
da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola também entra no rol de
ações da Igreja para reformar seu poder. Os jesuítas eram
responsáveis pela divulgação do catolicismo pelo mundo e foram uma das
principais ordens religiosas na América.
A Igreja
Católica também reforçou a criação de seminários para aperfeiçoar a
formação dos sacerdotes e procurou silenciar os protestantes por meio da Inquisição.
Em locais como Espanha, França e Itália, a perseguição aos protestantes foi
intensa. Para saber mais sobre a reação da Igreja Católica, leia nosso texto
específico: Contrarreforma.
Martinho Lutero não concordava com a cobrança
de indulgências e era defensor da ideia de que a salvação é obtida pela fé.
Escrito
por: Daniel Neves SilvaFormado em História pela Universidade
Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais
pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde
2010.
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