SUMÁRIO
Dedicatória
Colaboradores
Introdução do Editor
A Evidência Inicial na Perspectiva Histórica
1. A
Evidência do Espírito: As Igrejas Primitivas e Orientais
Stanley
M. Burgess
2. A
Evidência do Espírito: As Igrejas Ocidentais Medieval e Modernas
Stanley
M. Burgess
3. Edward
Irving e o sinal permanente do Batismo no Espírito
David
W. Dorries
4. Línguas
Iniciais na Teologia de Charles Fox Parham
James
R. Goff, Jr.
5. William
J. Seymour e a evidência bíblica
Cecil
M. Robeck, Jr.
6. Hermenêutica
Pentecostal Primitiva: Línguas como Evidência no Livro dos Atos Gary B. McGee
7. Exposições
Populares de Evidência Inicial no Pentecostalismo
Gary
B. McGee
8. A
Evidência Inicial e o Movimento Carismático: Uma Avaliação Ecumênica
Henry
I. Lederle
Parte II: A Evidência Inicial e o Texto
Bíblico:
Quatro Perspectivas
9.
Alguns Novos Direcionamentos Hermenêuticos na Doutrina
do Pentecostalismo
Clássico da Evidência Inicial
Donald
A. Johns
10. Um
olhar Pentecostal Unicista da Evidência Inicial
Jimmy
L. Hall
11. Normal,
mas não Norma: A Evidência Inicial e o Novo Testamento
Larry.
W. Hurtado
12. Evidências
do Espírito, ou o Espírito como Evidência? Algumas Reflexões NãoPentecostais
Ramsey
Michaels
Adendo à Reimpressão de 2008
Línguas Evidenciais: Um Ensaio sobre o Método Teológico
Robert
P. Menzies
Índice Remissivo
.
Índice de Fontes Primitivas
.
INTRODUÇÃO DO EDITOR
Em 1969 um astuto observador do cristianismo ao redor do
mundo, observou: “Quando falamos dos Pentecostais, não estamos lidando com uma
‘seita’ obscura, nascida quase setenta anos atrás numa pequena cidade do
centro-oeste, mas lidando com um movimento que abraça o mundo inteiro. [...]”[1]
De fato, quando visto a partir de uma perspectiva
internacional o Pentecostalismo pode agora ser considerado como o reavivamento
mais influente do Século XX.[2] É interessante notar, entretanto, que
poucos poderiam ter previsto na primeira década deste século que suas energias
espirituais um dia agitariam as confortáveis pretensões de muitos cristãos
sobre o ministério do Espírito Santo, acendendo uma significativa dispersão
missionária, ou dominando a atenção de especialistas em crescimento de igreja
além de muitos oficiais den minacionais das igrejas históricas. Aind , este
movimento de renovação do Espírito superou barreiras raciais, culturais, e
sociais, redespertando a vida da igreja focando na necessidade de todo crente
de ser batizando no Espírito para o testemunho cristão, e encorajou o
ministério dos dons do Espírito (1Co 12-14) dentro de muitas comunidades de fé.
No cenário
norte-americano, ele veio a ser identificado com rótulos tais como, Apostólico,
Fé
Apostólica, Assembleias de Deus, Igreja de Deus (Cleveland, Tennesse), Igreja
de
Deus da
Profecia, Igreja de Deus em Cristo, Comunhão das Assembleias Cristãs,
Evangelho Quadrangular, Evangelho Pleno, Estandarte Bíblia
Aberta, Assembleias Pentecostais do Canadá, Holiness Pentecostal e Pentecostal
Unido. A estes, poderíamos ter adicionado os nomes de milhares de congregações
independentes.
A ocorrência do reavivamento no Bethel Bible School (Escola Bíblica Betel) em Topeka, Kansas, em
janeiro de 1901, mergulhou o radical pregador holiness Charles F. Parham e seus
seguidores num movimento de renovação que logo se espalhou por todo o
centrooeste. Os reavivamentos subsequentes extraíram sua inspiração dos
acontecimentos em Topeka, porém, mais notavelmente, do influente reavivamento
da Rua Azusa, em Los Angeles. E a despeito das origens imprecisas do
avivamento, a notícia se espalhou com uma velocidade surpreendente, especialmente
depois de 1906. Apoiadores zelosos logo anunciaram a notícia de que a “chuva
serôdia” pentecostal estava sendo derramada nos últimos dias antes do retorno
iminente de Cristo, tal qual o profeta veterotestamentário Joel havia predito
(Jl 2:28-29). Reavivamentos importantes no País de Gales (1904), na Índia
(1905) e na Coréia (1907) foram considerados exemplos comparados com a chuva de
poder do Espírito Santo que os crentes logo relataram de lugares tão distantes
como o Chile, a África do Sul, Estônia, Alemanha, Escandinávia e Inglaterra. Os
participantes no movimento incipiente testemunharam receber o batismo do
Espírito exatamente como os cristãos primitivos tinham no livro de Atos.
Para os primeiros pentecostais, a igreja do Novo Testamento
em todo seu poder apostólico e pureza estava sendo restaurada. A edição de
setembro de 1906 de The Apostolic Faith [A
Fé Apostólica], publicada por líderes na missão da Rua Azusa, de onde o jovem
movimento começou a adquirir dimensões internacionais, anunciou animadamente
que “o Pentecostes certamente veio e com ele as evidências bíblicas estavam se
seguindo, através de muitos sendo convertidos, santificados e cheios do
Espírito Santo, falando em línguas como aconteceu no dia de Pentecostes […] e o
verdadeiro avivamento apenas começou”[3]. De fato, em apenas algumas décadas, o
pentecostalismo provou ser uma força espantosa e vigorosa na cristandade,
surpreendendo por seus notáveis sucessos na evangelização.
As raízes
históricas do pentecostalismo são atribuídas a John Wesley e John Fletcher, que
sustentavam que cada crente deveria ter uma experiência pós-conversão de graça.
Os defensores Holiness wesleyanos definiram isso como a santificação do crente,
proporcionando a libertação do defeito na natureza moral que provoca o
comportamento pecaminoso. Os cristãos, portanto, poderiam espelhar o “perfeito
amor” de Jesus, tendo recebido uma perfeição de motivos e desejos (1 Co 13). Rotulado
como o batismo no Espírito Santo (a “segunda bênção”), ele elevou os cristãos a
um patamar de maturidade espiritual (gradualmente ascendente). Seguidores da
controversa marca da santidade do batismo pelo Fogo consideraram três exp riê cias de graça,
com o segund para a santificação
e o terceiro (batismo do Espírito Santo e fogo) para a capacitação espiritual.
Alguns da tradição Reformada, no entanto, discernindo a santificação como um
processo ao longo da vida, definiram a experiência subsequente (batismo no
Espírito Santo) equiparando-a com poder para o testemunho cristão.
Enquanto muitos adotaram vários tons de teologia holiness no
século XIX e professaram ser “santificados”, surgiram naturalmente perguntas
sobre as “evidências” (tanto internas quanto externas) dessa experiência.
Quando Parham e seus alunos de Topeka testemunharam falar em
línguas (ou seja, xenolalia [línguas estrangeiras não-aprendidas]), eles
acreditavam ter encontrado a solução para a questão da evidência, tendo sido
providos com línguas estrangeiras para agilizar a evangelização do mundo. Junto
com as línguas veio um amor maior pelos perdidos, bem como a capacitação para
testemunhar. Tendo discernido um paradigma para a expansão da igreja no livro
de Atos, os pentecostais concluíram que os dados bíblicos confirmam a
necessidade de línguas (mais tarde consideradas por muitos como sendo
glossolalia). Embora Marcos 16:17-18 e 1 Coríntios 12-14 também tenham servido
como fontes vitais no desenvolvimento da teologia pentecostal, o apelo ao
“padrão” no livro de Atos permaneceu primordial, fornecendo o modelo apostólico
para este movimento mundial.
O pentecostalismo, portanto, é certamente mais do que as
designações de seus seguidores, a composição sociológica de seus constituintes,
o misto de políticas que caracterizam suas estruturas organizacionais e o culto
entusiástico que marcou seus ajuntamentos. Independentemente de outras
características que possam ser legitimamente citadas, não se pode compreender
inteiramente a dinâmica subjacente ao movimento sem examinar o seu ritmo
espiritual: o núcleo enfatiza o batismo no Espírito Santo e “sinais e
maravilhas” (exorcismos, curas, profecia, línguas e interpretações, palavra de
conhecimento, etc.). Para milhões de pentecostais, o batismo do Espírito
significa capacitação para o testemunho cristão; e uma grande parte deles
insiste em que esta obra da graça deve ser acompanhada do falar em línguas como
exemplificado pelos primeiros discípulos em Atos 2, 10 e 19. De fato, as
oportunidades de liderança em muitas denominações pentecostais e congregações
locais são frequentemente oferecidas apenas para àqueles que tiveram a
experiência com a glossolalia, talvez marcando o único momento na história
cristã, quando este tipo de experiência carismática foi institucionalizada em
uma escala tão grande.
Deste ponto
de vista, a glossolalia representa uma “linguagem de espiritualidade
experiencial, em vez de teológica”[4], catalisando um despertamento mais
profundo da orientação e dos dons do Espírito na consciência do indivíduo para
glorificar a Jesus Cristo e construir sua igreja. Como então a teologia
pentecostal e a teologia evangélica diferem? Obviamente, eles compartilham
muitas crenças: a confiança na credibilidade e autoridade das Escrituras, a compreensão
forense da justificação pela fé, a Trindade (com exceção do Pentecostalismo
Unicista), o nascimento virginal, a ressurreição e a segunda vinda de Cristo,
bem como outras doutrinas-padrão da igreja primitiva, a Reforma Protestante e,
mais tarde, ao reavivamento Protestante. As crenças pentecostais sobre o
batismo do Espírito e as manifestações contemporâneas dos dons do Espírito, no
entanto, geralmente se recusaram a encaixar confortavelmente dentro dos limites racionalistas de grande parte da teologia e da espiritualidade evangélica.
Além disso, os pentecostais precisam envolver-se em mais
reflexão teológica para explorar todas as dimensões da obra do Espírito Santo
na teologia bíblica, corrigindo a dimensão negligenciada do ministério do
Espírito na teologia cristã[5]. É que os pentecostais foram levados por
uma urgência escatológica de evangelizar e dedicaram pouco tempo ou interesse
em discussões acadêmicas de teologia. Com notáveis exceções nos últimos anos,
eles geralmente deixaram uma exposição bíblica e teológica sob a
responsabilidade de outros estudiosos evangélicos, confiantes na integridade
desses homens ao lidar com as questões cotidianas, mas assumindo ingenuamente
que os ensinamentos pentecostais poderiam ser facilmente integrados com algumas
dessas formulações sem minar as crenças do pentecostalismo. Ainda mais
prejudicial, ao negligenciar a reflexão e a pesquisa, bem como ao continuar a
enfatizar a experiência pessoal acima da pesquisa acadêmica, os pentecostais
permitem que um anti-intelectualismo subjacente continue a minar a força do
movimento.
Assim como a qualidade da vida humana é aprimorada pela
nutrição e pelo exercício, a continuidade da vitalidade das doutrinas-chave
(ex., o batismo no Espírito Santo) nas comunidades de crentes é sustentada
através do estudo contínuo das Escrituras e da reflexão teológica, além da
prática da piedade. Vários fatores importantes, portanto, estão por trás da
publicação desta coleção de ensaios.
Primeiro, o papel da glossolalia no batismo do Espírito
permaneceu um ponto de controvérsia ao longo dos anos. Enquanto isso, os
historiadores obtiveram mais clareza sobre movimentos carismáticos do passado.
e examinaram novamente as perspectivas teológicas das figuras imponentes do
Pentecostalismo primitivo tais como Charles F. Parham e William J. Seymour, ao
passo que também estudaram o desenvolvimento dos ensinamentos distintivos do
Pentecostalismo e os pontos de vista dos carismáticos – os parentes mais
próximos dos pentecostais – sobre o papel da glossolalia na vida do crente.
Além disso, uma nova geração de estudiosos bíblicos pentecostais aborda sua
tarefa com um conhecimento muito mais teológico e exegético do que seus
antepassados, sem diferenciar necessariamente as marcas da doutrina. Por
conseguinte, esses estudos podem enriquecer a autocompreensão doutrinária do
movimento pentecostal.
Segundo, enquanto as declarações confessionais da maioria
das denominações e agências pentecostais citam as línguas como a evidência
inicial do batismo no Espírito, a prática real de falar em línguas diminuiu
dentro das fileiras. O estatístico David B. Barrett sugere que somente 35% de
todos os membros das denominações pentecostais realmente falaram em línguas ou
a continuaram como uma experiência contínua[7]. Se essa porcentagem é apenas remotamente
precisa, ela ainda demonstra uma certa ambivalência sobre a natureza
constitutiva das línguas mesmo dentro das fileiras do clero, a hesitação foi
detectada – uma pesquisa recente de ministros dentro das Assembleias
Pentecostais do Canadá encontrou:
Um grupo de ministros pentecostais está emergindo, que é
visivelmente diferente da norma tradicional. Eles têm 35 anos ou menos e são
bem educados nas áreas de teologia. Eles basicamente afirmam todas as doutrinas
importantes, mas são menos dogmáticos em seu apoio a eles. Por exemplo, alguns
del s ão insistiriam que alguém nã é cheio do Espírito, a menos que ele ou ela
tenha falado em línguas.
E de importância considerável é o fato de que os líderes da
igreja nas denominações como as Assembleias de Deus (EUA), Igreja de Deus
(Cleveland, Tennesee) e Igrejas Bíblia Aberta têm achado necessário ao longo
dos anos instar seus ministros a permanecer fiéis na pregação e no ensino da
indispensabilidade do batismo pentecostal com a evidência do falar em línguas
para cada crente.
Ao analisar o impacto do pentecostalismo primitivo sobre a
recente renovação carismática nas igrejas, o historiador H. Vinson Synan
observa que “embora a maioria dos novos pentecostais não tenha adotado a
teologia da evidência inicial de Parham, tendiam a orar e a cantar em línguas
de modo ainda mais ardente do que os seus antigos irmãos e irmãs pentecostais
clássicos”.[9] Pode-se concluir que os pentecostais
tradicionais, portanto, se tornaram frios espiritualmente e precisaram ser
ressuscitados. Embora esta possibilidade não deva ser ignorada, o registro da
história da igreja demonstra que a certeza doutrinal também diminui quando
questões cruciais não são respondidas de maneira adequada. Ironicamente, as
doutrinas podem então deixar de ser sinalizadores de vitalidade espiritual e
teológica para “chiboletes” de aceitação, servindo novas e potencialmente
decisivas funções dentro do corpo de Cristo.
O perigo do engessamento doutrinário é ilustrado a partir de
um relato do famoso missionário jesuíta, Matteo Ricci (1552-1610). De acordo
com um historiador, quando Ricci e sua comitiva chegaram à China, eles mal
encontraram um traço de cristianismo deixado do trabalho de missionários
anteriores. Quando Ricci ouviu falar de pessoas que adoravam a cruz, foi-lhe
dito que “nem mesmo os que o adoravam sabiam por que o fizeram, só que sobre
tudo o que comiam ou bebiam, faziam uma cruz com o dedo”.[10] Embora os detalhes desta história estejam
incompletos, eles advertem diretamente sobre o perigo da forma que ultrapassa o
significado. A probabilidade da glossolalia desaparecer completamente ou
sobreviver somente na forma – a trágica paródia dos crentes recitando sílabas
glossolálicas sem a exibição do fruto e do poder do Espírito em suas vidas –
deve trazer a cada pentecostal alguma hesitação. Felizmente, os dons da
erudição podem fornecer discernimento sobre o batismo do Espírito que podem
melhorar a nossa compreensão desta pedra angular da crença e da experiência
pentecostais.
Terceiro, a
maior parte do mundo eclesiástico sabe pouco deste distintivo pneumatológico. A
maioria dos cristãos não acredita numa experiência pós-conversão do Espírito
Santo e provavelmente não está familiarizado com o ensino. Eles também podem
não estar cientes de que milhões de crentes em todo o mundo, compreendendo um
enorme setor do cristianismo contemporâneo, professam fervorosamente que o
batismo do Espírito será inevitavelmente sinalizado por declarações
glossolálicas – denotando um fator crucial em sua ligação espiritual e comunhão
ecumênica única. Espera-se que esses ensaios históricos e bíblicos ajudem os
observadores externos a compreender a dinâmica espiritual deste movimento em
rápido crescimento e a compreender melhor as questões que se relacionam com seu
ensino mais distintivo.
Explorar a doutrina pentec stal do batism do Espírito e as
evidênci s iniciais requer cuidadosa reflexão e avaliações honestas de sua
formulação histórica, bem como dos imperativos fundamentos exegéticos. Por esta
razão, os contribuintes deste volume apresentam uma variedade de opiniões,
particularmente nos ensaios bíblicos. Todos os escritores vêm de um contexto
pentecostal, com exceção de David W. Dorries (Batista do Sul), Henry I. Lederle
(Reformado) e J. Ramsey Michaels (Batista Americano). Cada um foi convidado a
expressar livremente as conclusões de sua própria pesquisa; por essa razão, as
opiniões não representam necessariamente as de outros contribuintes, do editor
ou do publicador.
A primeira unidade do livro concentra-se no desenvolvimento
histórico da doutrina. Apesar da orientação restauracionista do
pentecostalismo, os apologistas pentecostais, começando por Charles Parham, se
voltaram rapidamente para as páginas da história da igreja para se
identificarem com os predecessores movimentos carismáticos dos Montanistas aos
Irvingitas[11]. Em
dois capítulos, Stanley M. Burgess avalia os históricos precedentes de vínculos
com o pentecostalismo moderno. David W. Dorries examina a pneumatologia de
Edward Irving, uma figura significativa do século XIX que testemunhou um
renascimento do charismata, incluindo
as línguas, que Irving viu como o “sinal permanente” do batismo do Espírito.
James R. Goff Jr., por sua vez, fornece uma visão perspicaz da evolução
teológica de Charles F. Parham. Com suas amarras pré-milenistas e sua confiança
em línguas xenolálicas como prova do batismo no Espírito Santo, Parham imaginou
a rápida evangelização do mundo. Ao traçar essa conexão entre o batismo do
Espírito, as línguas e a escatologia, ele moldou o curso do movimento
pentecostal, embora a influência real de sua liderança em outros aspectos
diminua rapidamente. Não obstante, a importância de William J. Seymour, pastor
da Missão de Fé Apostólica na Rua Azusa em Los Angeles, rivaliza com o de
Parham. Cecil M. Robeck, Jr., revisa cuidadosamente os passos da peregrinação
espiritual de Seymour e os contornos de seus pensamentos sobre as evidências
iniciais.
Meu primeiro capítulo examina as maneiras pelas quais os
primeiros pentecostais, de acordo com o precedente hermenêutico de outros
restauracionistas, olharam para o livro de Atos para a verdade teológica.
Através de sua análise de passagens-chave, Atos tornou-se um modelo de fé e
prática. Embora os pentecostais tenham chegado a conclusões diferentes sobre a
importância da glossolalia no batismo no Espírito, aqueles que alegaram que
Lucas está ensinando evidências iniciais (através de implicações) em sua
narrativa, desafiaram as perspectivas tradicionais sobre a interpretação
bíblica moldada pela escolástica protestante. O capítulo seguinte permite que
os apologistas pentecostais precedentes falem por si mesmos e contenham
excertos de uma variedade de publicações. Finalmente, Henry I. Lederle levanta
perspectivas carismáticas sobre a questão e apela ao diálogo entre os
pentecostais e os carismáticos para encorajar uma maior unidade no corpo de
Cristo – um objetivo lógico dado ao seu estreito parentesco.
A segunda unidade inclui quatro ensaios exegéticos sobre a
evidência inicial por diferentes ângulos. O capítulo de Donald A. John contém
uma análise contemporânea e pentecostal clássica da doutrina e oferece alguns
caminhos-chave hermenêuticos que devem ser considerados para um estudo mais
aprofundado. A visão do batismo do Espírito ensinada por muitos (mas não por
todos) dentro da grande família do Pentecostalismo Unicista é fornecida por J.
L. Hall[12]. Não adotando batismo no Espírito Santo com subsequente à
conversão, Hall liga o evento ao arrependimento do pecado e ao batismo em água
na salvação do crente. O capítulo de Larry W. Hurtado, ao mesmo tempo em que
defende as manifestações atuais dos dons do Espírito, desafia os fundamentos
bíblicos de uma obra de graça subsequente e a afirmação de que as línguas devem
acompanhá-la. Ele sugere que a glossolalia pode ser normal na vida dos
cristãos, mas não deve ser esperada para todos. Finalmente, J. Ramsey Michaels,
olhando para o debate à partir da posição de um não-pentecostal, expressa
calorosamente o apreço pelo testemunho do pentecostalismo do poder do Espírito.
Ele sugere, no entanto, que ao invés de apelar a um fenômeno particular como
prova (ex., glossolália), os escritores do Novo Testamento afirmaram a posse do
Espírito pelos cristãos como a evidência empírica para a realidade de Deus e
seu funcionamento em indivíduos e Comunidades de crentes.
Esses ensaios, sem dúvida,
desencadeiam muitas respostas. A fé e os pressupostos de alguns serão
confrontados com descobertas históricas recentes ou oposição a exposições
bíblicas da doutrina. Outros, no entanto, podem descobrir um novo significado
para suas experiências carismáticas de glossolalia, ou talvez possam ser
forçados a reconsiderar suas suposições sobre o batismo do Espírito. Em todo
caso, se este exame limitado do batismo pentecostal e da doutrina da evidência
inicial suscitarem mais discussões, diálogo, pesquisa e melhor entendimento
dentro do corpo de Cristo, terão abundantemente cumprido seu propósito.
Tradução: Ícaro Alencar
[1] P.
Damboriena, S. J. Tongues as on Fire:
Pentecostalism in Contemporary Christianity
[Línguas como que de Fogo: O Pentecostalismo no Cristianismo
Contemporâneo], (Washington, D.C.: Corpus Book, 1969), vii.
[2] E.
E. Cairns, An Endless Line of Splendor:
Revivals and their Leaders from the Great Awakening to the Present [Uma
Linha Infinda de Esplendor: Avivamentos e seus Líderes do Grande Despartamento
ao Presente], (Wheaton: Tyndale House Publishers, 1986), 177;
G. B. McBee,
“The Azusa Street Revival and 20th Century Missions” [O Avivamento da
Rua Azusa e as Missões Mundiais do Século XX], International Bulletin of Missionary
Research 12 (Abril de 1988): pp. 58-61.
[3] Pentecost
Has Come [O Pentecostes Chegou], Apostolic
Faith (Los Angeles), Setembro de 1906, 1.
[4]
Para uma breve descrição dos movimentos pentecostais e
carismáticos, suas semelhanças e diferenças, bem como as tensões entre eles,
veja S. M. Burgess, G. B. McGee, e P. H. Alexander, The Pentecostal and Charismatic
Movements [Os Movimentos
Pentecostal e Carismático], Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (Grand Rapids:
Zondervan, 1988), DPCM, 1-6.
[5] Para
uma discussão detalhada, veja P. A.
Pomerville, The Third Force in Missions [A
Terceria Força em Missões], (Peabody, Mass.: Hendrickson, 1985), 79-104.
[6]
Para uma descrição do Pentecostalismo clássico, veja H.
V. Synan, “Classical Pentecostalism” [Pentecostalismo Clássic ], DPCM, 219-21. Veja também Gary B. McGee,
“The Indispensable Calling of the Pentecostal Scholar” [O
Chamado Indispensável do Edurito Pentecostal], Assemblies of God Educator 35 (Julho a Setembro de 1990): 1,3-5,
16.
[7] D.
B. Barrett, “Statistics, Global” [Estatísticas, Globais] DPCM, 820.
[8]
C. Verge, “Pentecostal Clergy and Higher Education” [O
Clero Pentecostal e a
Educação
Superior], Eastern Journal of Practical
Theology [Revista de Teologia Prática
Oriental], (Eastern Pentecostal Bible College, Peterborough,
Ontário, Canadá) 2 (Primavera de 1988): 44.
[9] H.
V. Synan, “The Touch Felt Around the World” [O Toque Sentido ao Redor do Mundo]
Charisma (Janeiro de 1991), 85.
[10] A. C.
Moule, Christians in China Before the
Year 1550 [Cristãos na China antes do Ano de 1550], (New York: Macmillan,
1930), 4.
[11] C.
F. Parham, A Voice Crying in the
Wilderness [Uma Voz Clamando no Deserto],
(Baxter
Springs, Kan.: Apostolic Faith Bible College, reimpr. da 2ª ed., 1910), 29; B.
E
Lawrence, The
Apostolic Faith Restored [A Fé Apostólica Restaurada], (St. Louis: Gospel
Publishing House, 1916), 32-37; S. H. Frodsham, With Signs Following [Com os Sinais que se Seguiram] (Springfield,
Mo.: Gospel Publishing House, 1926), pp. 230-36.
[12] J.
L. Hall, The United Pentecostal Church
and the Evangelical Movement [A Igreja
Pentecostal
Unida e o Movimento Evangélico], (Hazelwood, Mo.: Word Aflame Press,
1990); para
crentes unicistas (“Apostólicos”, “Pentecostais”) sem relação com a Igreja
Pentecostal Unida Internacional, consulte Clarion, a publicação oficial do
Apostolic World Christian Fellowship [Comunidade Cristã Apostólica Mundial ]
com sede em South Bend, Indiana.
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