E o sacerdote...
fará a expiação... expiará o santo santuário; também expiará a tenda da
congregação e o altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por
todo o povo da congregação.” Lv 16.32,33
A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO.
A palavra “expiação” (heb. kippurim, derivado de kaphar, que
significa “cobrir”) comunica a idéia de cobrir o pecado mediante um “resgate”,
de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido
(note o princípio do “resgate” em Êx 30.12; Nm 35.31; Sl 49.7;
Is 43.3).
(1) A necessidade da expiação
surgiu do fato que os pecados de Israel (16.30), caso não fossem expiados,
sujeitariam os israelitas à ira de Deus (cf. Rm 1.18; Cl 3.6; 1Ts 2.16). Por
conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um sacrifício de
amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não tivessem sido
expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que findava. Dessa
maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano precedente, afastaria
a ira de Deus contra ele e manteria a sua comunhão com Deus (16.30-34; Hb 9.7).
(2) Porque Deus
desejava salvar os israelitas, perdoar os seus pecados e reconciliá-los consigo
mesmo, Ele proveu um meio de salvação ao aceitar a morte de um animal inocente
em lugar deles (i.e., o animal que era sacrificado); esse animal levava sobre
si a culpa e a penalidade deles (17.11; cf. Is 53.4,6,11) e cobria seus pecados
com seu sangue derramado.
A CERIMÔNIA DO DIA DA EXPIAÇÃO.
Levíticos 16 descreve o Dia da Expiação, o dia santo mais importante do ano
judaico. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início
preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da
expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus
próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um
tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode expiatório (16.8).
Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo,
para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria
a arca contendo a lei divina que fora violada pelos israelitas, mas que agora
estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação
inteira (16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha
as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos
israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram
levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22).
(1) O Dia da
Expiação era uma assembléia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava
diante do Senhor (16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do
pecado e o fato de que a obra divina da expiação era eficaz somente para
aqueles de coração arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30;
29.7).
(2) O Dia da
Expiação levava a efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não
expiados durante o ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da
mesma maneira.
CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO.
O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. No NT, o autor de Hebreus realça o cumprimento,
no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação (ver Hb 9.6—10.18)
(1) O fato de que
os sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram
provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para
remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28; 10.10-18).
(2) Os dois
bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação
consumados por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e
sacrificial de Cristo pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm
3.24-26; Hb 9.11, 12, 24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando
os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a
culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb
9.26).
(3) Os sacrifícios
no Dia da Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não
a remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a
expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que
remove o pecado de modo permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como
sacrifício perfeito (Hb 9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos
pecados (Rm 3.25,26; 6.23; Gl 3.13; 2Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício
expiador que afasta a ira de Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura
nossa comunhão com Ele (Rm 5.6-11; 2Co 5.18,19; 1Pe 1.18,19; 1Jo 2.2).
(4) O Lugar
Santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação,
representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após
sua morte e, com seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono
de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28).
(5) Visto que os
sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado
e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de
sacrifícios de animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18).
(Bíblia de Estudo Pentecostal pag. 209)
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