segunda-feira, 24 de setembro de 2018

0 Merece crédito a Septuaginta?






Primeiramente vamos definir o que supostamente é a Septuaginta. Um antigo documento chamado A Carta de Aristeas fala de um plano de se fazer uma tradução oficial da Bíblia hebraica (VT) para o Grego. Essa tradução deveria ser aceita como a Bíblia oficial dos Judeus, a fim de substituir a Bíblia hebraica. Supostamente essa obra de tradução seria executada por 72 eruditos judeus (?) seis dos quais tirados de cada uma das 12 tribos de Israel. A suposta localidade para a realização dessa obra seria Alexandria, Egito. A suposta data da tradução seria aproximadamente 250 a.C, no período (Interbíblico) dos 400 anos de silêncio entre o encerramento do Velho Testamento (397 a.C) e o nascimento de Cristo (4 d.C), já que houve um erro de cálculo no calendário romano. 
A obra ficou conhecida com o nome de Septuaginta – LXX – (significando 70 anciãos) e recebeu a numeração em algarismos romanos (?), visto como L = 50. X = 10. X = 10, daí ter a sigla LXX. Só não sabemos porque não foi chamada LXXII, se os eruditos judeus eram 72.
A tal Carta de Aristeas é a única “prova” da existência desse mítico documento. Não existem, de modo algum, quaisquer manuscritos do VT em Grego, de 250 a.C., ou próximo dessa data. Também na história judaica não há registro algum de que tal obra tenha sido programada ou executada.
Quando pressionados a mostrar evidência concreta da existência desse documento, os eruditos logo apontam a Hexapla de Orígenes, a qual foi escrita aproximadamente em 200 d.C, ou seja, 450 anos depois que a Septuaginta teria sido escrita, e mais de 100 anos após ter sido concluído o Novo Testamento. A segunda coluna da Hexapla contém a tradução grega do VT feita pelo próprio Orígenes (jamais pelos 72 eruditos judeus), incluindo livros espúrios, como Bel e o Dragão, Judite, Tobias e outros livros apócrifos aceitos como canônicos somente pela Igreja Católica Romana.
Os apologistas da Septuaginta tentarão argumentar que Orígenes não traduziu o VT do Hebraico para o Grego, mas apenas copiou a Septuaginta na segunda coluna da sua Hexapla. Será válido esse argumento? Não. Se o fosse então significaria que aqueles 72 eruditos judeus teriam acrescentado os livros apócrifos à sua obra, mesmo antes deles terem sido escritos. (!) Ou então que Orígenes tomou a liberdade de acrescentar esses livros espúrios à santa Palavra de Deus (Apocalipse 22:18). Desse modo, vemos que a segunda coluna da Hexapla é apenas uma tradução pessoal clandestina do VT para o Grego.
Eusébio e Filo, ambos de caráter duvidoso, fizeram menção a um Pentateuco Grego, mas não de todo o VT, não o mencionando de modo algum como tradução oficialmente aceita.
Existe algum manuscrito grego do VT antes de Cristo? Sim. Existe uma disputada minuta datada de 150 a.C – o Ryland Papyrus # 458. Ele contém os capítulos 23-28 de Deuteronômio, apenas isso. Quem sabe a existência desse fragmento foi o que levou Eusébio e Filo a admitir que todo o Pentateuco havia sido traduzido por algum escriba no esforço de interessar os gentios na história dos Judeus? Muito provavelmente ele não fazia parte de qualquer suposta tradução oficial do VT para o Grego. Podemos ficar certos de que esses 72 eruditos judeus supostamente escolhidos para realizar a obra em 250 a.C não passam de uma alucinação febril do ano 150 a.C. 
Além disso, não existe qualquer razão para se crer que essa tradução tenha sido realizada algum dia, pois existem lacunas que a Carta de Aristéas, a Hexapla de Orígenes, o Ryland Papyrus # 458, Eusébio e Filo jamais puderam esclarecer.
A primeira delas é a Carta de Aristéas. Existem dúvidas entre os eruditos de que ela tenha sido realmente escrita por alguém com o nome de Aristéas. De fato, alguns até acreditam ter sido Filo o autor da mesma. Isso lhe daria uma data depois de Cristo. Se isso é verdade, então o principal objetivo da mesma seria enganar os eruditos, levando-os a pensar que a segunda coluna da Hexapla de Orígenes é uma cópia da Septuaginta.. Se assim aconteceu, então se trata de uma façanha com “bem engendrada”. Contudo, se realmente existiu um Aristéas, ele deve ter enfrentado dois problemas incomensuráveis: 
Primeiro: Como poderia ter ele conseguido localizar as 12 tribos de Israel, a fim de apanhar seus eruditos judeus de cada tribo? Tendo sido espalhadas pela terra em razão de tantas derrotas e cativeiros, as linhas das tribos de há muito haviam se dissolvido em virtual inexistência. Seria impossível para qualquer pessoa identificar individualmente as 12 tribos. 
Segundo: Caso as 12 tribos pudessem ter sido identificadas, elas jamais iriam concordar com essa tradução, por duas fortíssimas razões:
1. Todo Judeu sabia que a encarregada oficial da Escritura era a tribo de Levi, conforme Deuteronômio 17:18; 31:25-26 e Malaquias 2:7. Desse modo, nenhum Judeu de qualquer das outras 11 tribos iria se atrever a aderir a essa empresa proibida.
2. Judeus deviam permanecer completamente separados das nações gentílicas que os rodeavam. A eles foram entregues práticas diferentes, como a circuncisão, a guarda e o culto aos sábados, diversas leis de purificação e sua terra de habitação. Além disso, havia a herança da língua hebraica. 
Mesmo hoje em dia os Judeus praticantes que residem na China e na Índia recusam-se terminantemente a ensinar a seus filhos outra língua além do Hebraico. Os Judeus “falasha” na Etiópia se distinguem das muitas tribos desse país pelo fato de conservarem zelosamente a língua de origem como prova de sua herança judaica.
Seríamos tão ingênuos ao ponto de acreditar que os Judeus, que consideravam os gentios como cães, iriam abandonar de bom grado a sua herança, a língua hebraica, em troca de uma língua gentílica para a qual seria traduzido o seu legado mais santo – a Bíblia? Tal suposição é tão insana quanto absurda.
Então, alguém poderia indagar, “o que dizer das inúmeras citações do Novo Testamento, atribuídas à Septuaginta? “ A Septuaginta mencionada é nada mais que a segunda coluna da Hexapla de Orígenes. As citações do Novo Testamento não são oriundas da Septuaginta nem da Hexapla. Elas são da autoria do Espírito Santo, que tomou a liberdade de citar a sua obra no VT, do modo como Ele bem desejou. E podemos descansar na segurança de que Ele jamais citaria uma Septuaginta inexistente. A Septuaginta não passa de uma centelha da imaginação humana. 
Ainda resta uma pergunta: por que, então, os eruditos têm tanta pressa em aceitar a existência da Septuaginta, mesmo sabendo que existem tantos argumentos contra a mesma? A resposta é triste e simples. 
O Hebraico é uma língua extremamente difícil de se aprender. Muitos anos de estudo são exigidos, a fim de que se consiga aprendê-la, e muitos anos mais, para que se possa chegar a conhecê-la tão bem ao ponto de transformá-la em veículo de pesquisa.
Por outro lado, um conhecimento médio do Grego é facilmente conseguido. Desse modo, caso houvesse uma tradução grega oficial do VT, os críticos da Bíblia poderiam triplicar o seu campo de influência, da noite para o dia, sem queimar as pestanas em penoso estudo do Hebraico bíblico. Infelizmente, a aceitação da Septuaginta pelos “eruditos”, apesar da evidência tão fraca, está embasada no orgulho e na voracidade dos mesmos.
Vamos parar e pensar. Mesmo que um espúrio documento como a Septuaginta realmente existisse, como poderia um crítico da Bíblia afirmar que “nenhuma tradução tem a mesma autoridade da língua original”, e ao mesmo tempo “afirmar que a sua Septuaginta tem a mesma autoridade do original hebraico?” Essa linguagem dupla dos “eruditos” não passa de uma autoridade de auto-exaltação, no esforço de conservar a sua posição erudita, colocando-se acima daqueles que “não são eruditos nas línguas originais”. 

Tradução e adaptação do cap. 9 do livro 
“The Answer Book”, do Dr. Samuel C. Gipp, Th.D, USA.


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