domingo, 18 de agosto de 2013

0 Os pilares da Reforma Protestante.



A reforma proposta por Lutero tem quatro pilares, ou seja, quatro princípios teológicos fundamentais. Estes têm como ponto de partida a crítica a uma igreja corrompida e afastada dos princípios bíblicos, dos ensinamentos de Cristo e que, por isso mesmo, precisava ser melhorada ou reformada. Estes quatro pilares ensinados por Lutero ainda hoje são atuais. Por isso merecem ser preservados na memória. Sobre estes pilares fundamentamos a nossa fé e com base neles agimos no mundo em que vivemos. Quais são estes quatro princípios?

* SOMENTE CRISTO (Solus Christus)

Lutero resgata o ensino bíblico da centralidade de Cristo, como único fundamento da nossa fé e da nossa salvação. Somente Cristo salva, somente Cristo perdoa, somente Cristo nos conduz à comunhão com Deus. O ser humano não tem forças, nem recursos para salvar a si mesmo, por meio de suas obras ou méritos pessoais. Por si só o ser humano é escravo da corrupção e da perdição. Jesus Cristo, por causa da sua obra realizada na cruz é o único que pode resgatar o ser humano do mal e do pecado no qual se encontra. Lutero coloca no centro da fé somente o Cristo e a cruz e tira do ser humano todo poder ou pretensão de fazer a salvação passar por imagens, santos, promessas ou obras meritórias.

Quanto a isso o reformador nada inventou. Apenas chamou atenção para aquilo que sempre esteve registrado nas Sagradas Escrituras. Quero lembrar apenas uma passagem que aponta para esta centralidade de Cristo como fundamento da nossa fé. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4.12).

* SOMENTE A FÉ (Sola fide)

Se a salvação é realizada somente por Cristo, então também é verdade que podemos alcançá-la somente pela fé e não pelas nossas obras. Não precisamos conquistar o favor de Deus. Deus já manifestou o quanto nos ama, ao enviar seu Filho ao mundo. Ele nos perdoou, nos salvou e nos reconciliou consigo mesmo, não cobrando dos homens as suas injustiças e seus pecados. Tudo isso pode ser aceito como um presente divino, por meio da fé. Libertos da escravidão do pecado, podemos servir a Deus e ao próximo. É disso que Lutero fala quando afirma que pela fé “somos livres de tudo e servos de todos.” Neste sentido o texto de Romanos 1.17 foi fundamental: “O justo viverá por fé”. Ou seja, Deus nos justifica, nos torna justos, não pelas nossas ações, mas pela ação de Cristo em nosso favor. 

Deixemos o próprio Lutero falar: “No sola fide (somente pela fé) está implícito que a salvação depende totalmente da atividade de Deus e que não é condicionada, de modo algum, pela ação do ser humano.” (Conversas com Lutero, p.226).

* SOMENTE A ESCRITURA (Sola Scriptura)

Na época de Lutero se ensinava que a tradição da igreja e a autoridade do papa era tão ou mais importante que a Bíblia. Por isso Lutero dá ênfase às Sagradas Escrituras, ensinando que somente elas podem levar ao caminho da salvação, por meio de Jesus Cristo. Nenhuma lei, tradição, convenção humana, nem mesmo a Igreja está acima da Sagrada Escritura. A Escritura é central para a comunidade cristã; é dela que a comunidade deve se alimentar e é nela que deve basear as suas ações.

Coerente com o seu ensino Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, a fim de que todo o povo pudesse ter acesso e ler as Sagradas Escrituras. A recente invenção da imprensa de tipos móveis ajudou muito a popularizar a Bíblia, permitindo que as pessoas fossem mais bem orientadas e instruídas na fé.

Antes de Lutero as Bíblias em Latim custavam 360 florins, a moeda da época. As mais elaboradas custavam muito mais. Mas o Novo Testamento que ele traduziu, era vendido a um florim e meio. Apesar das divergências entre os reformadores, Calvino, Zwinglio e Lutero concordavam quanto à centralidade da Palavra de Deus e quanto à certeza de que a Escritura é a fonte de revelação da vontade de Deus.

* SOMENTE A GRAÇA (Sola Gratia)

Vivemos num mundo em que tudo é pago, comprado e conquistado. Nada é de graça. Esta mentalidade, no tempo de Lutero, tinha sido transferida até mesmo para as coisas de Deus. A salvação deveria ser conquistada ou comprada mediante o pagamento de indulgências, cartas de perdão, oferecidas pela Igreja da época. Lutero se voltou contra esta prática. E fez isso fundamentado no que já expomos sobre a centralidade de Cristo, da fé e da Sagrada Escritura.

A Escritura é o instrumento que Deus usa para nos conduzir à graça de Deus, ou seja, à compreensão de que a salvação não é mérito humano, mas presente divino, dado por meio de Cristo e recebido pela fé. Isso foi realmente revolucionário no tempo do reformador. Não há mais salvação por iniciativa humana, nem por méritos próprios alcançados pela observância de leis e regras estabelecidas pela igreja. A salvação é iniciativa gratuita de Deus, realizada por meio de Cristo.

Sobre isso Lutero dizia: “Entendo que o pecador é justificado somente pelo amor, pela misericórdia e pela graça de Deus, e nada mais. A graça de Deus me livra da culpa, do poder e da presença do pecado.” (Conversas com Lutero, p.224).

De certa forma tudo isso que Lutero ensinou e pregou está resumido numa só passagem da Bíblia. Em Efésios 2.8,9 podemos ler: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” A intenção de Lutero era chamar de volta para uma fé autêntica, verdadeira, centralizada em Cristo, fundamentada na Escritura, confiante na graça de Deus. A Igreja Luterana acredita e defende esta proposta, porque entende que o reformador estava certo em sua intenção. Com certeza estes quatro “somentes” são muito atuais e precisam ser regatados no tempo em que vivemos. Que Deus nos ajude.

Pastor Germanio Bender (Portal Luteranos)

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