quarta-feira, 31 de outubro de 2012

0 Televisão, um "drácula eletrônico"


Interessante analogia pode ser feita entre a TV e a lenda dos vampiros. Diz a lenda que os vampiros só podem entrar em alguma casa com o consentimento de seus moradores. Mas, uma vez consumado o ato, é muito difícil – quase impossível – libertar-se de sua força hipnótica, de sua fome voraz de sangue.
A televisão pode não nos roubar o sangue, mas rouba-nos algo de suma importância: o tempo. Crianças norte-americanas em idade pré-escolar assistem em média a quatro horas diárias de televisão. Segundo dados obtidos pela psicanalista Ana Olmos, especialista em infância e adolescência, na Europa o índice cai para pouco mais de três horas. A excessiva exposição também existe por lá. Na França, por exemplo, é a distração favorita para 75% dos pequenos, enquanto na Espanha, 96% deles, em idade de 4 a 10 anos, vêem TV diariamente.
Frequentemente, as pessoas, quando convidadas a ler a Bíblia ou outro livro, alegam falta de tempo. Mas a média diária do brasileiro é de 4h em frente à TV… Falta de tempo?
Atualmente muitas famílias se desmantelam justamente por falta de tempo para relacionamento e comunicação. Não se conversa mais sobre os problemas do dia-a-dia, sobre projetos, esperanças e frustrações. Geralmente no momento em que toda a família está reunida, à noite, intrusos como telejornais e principalmente as novelas impedem o diálogo.
A revista Scientific American, do mês de fevereiro de 2002, destacou na capa: “Televisão causa dependência”.  Na matéria, os pesquisadores Robert Kuebey e M. Csilkszentmihalyi, da Universidade de Claremont, concluem que a maioria dos critérios de dependência química aplica-se a pessoas que assistem muito à TV. Entre os critérios usados por psicólogos e psiquiatras para descrever a dependência química, estão: passar muito usando a substância, usá-la com mais frequência do que se pretendia, pensar em reduzir o uso ou fazer tentativas repetidas e mal-sucedidas de reduzi-la, abrir mão de importantes atividades sociais, familiares e ocupacionais para usá-la e relatar sintomas d síndrome de abstinência. “Todos esses critérios podem se aplicar a pessoas que assistem muito TV, dizem os pesquisadores”.
De acordo com os pesquisadores, vários estudos demonstram que o “feitiço” da TV reside em sua capacidade de acionar um tipo de resposta-padrão instintiva visual e auditiva a estímulos repentinos ou novos. Os vasos sanguíneos que alimentam o cerébro dilatam-se, o coração desacelera, os vasos para os principais músculos estreitam-se. O cerébro concentra sua atenção em colher mais informação enquanto o resto do corpo se aquieta” descrevem os pesquisadores. Sem nos darmos conta, para ver televisão escolhemos aquela postura que permita o máximo de comodidade e o mínimo de movimento, ou seja, a mínima consciência de nosso corpo, com o objetivo de não tirarmos nossa atenção da TV.
Domando o “drácula” – Como se percebe, diversas são as razões por que deveríamos dominar o “drácula eletrônico”.
a) A TV impõe mudanças de personalidade e estilo de vida, além de afetar o inter-relacionamento social do indivíduo, desde o palavreado até suas opiniões pessoais.
b) Promove o distanciamento familiar e contribui, segundo Ailton Amélio, do Instituto de Psicologia da USP, para o quadro de dissolução de muitos relacionamentos.
c) Oferece um mundo falso, onde tudo se resolve e isso traz uma falsa tranquilidade.
d) Promove o consumismo. “A publicidade cria necessidades onde elas não existem”, converte o ser humano em mercadoria, e a televisão tem de sua parte todas as vantanges para realizar isso.
e) Influencia negativamente as crianças, por meio dos super-heróis. Bonitos, ágeis, “justos”, mas extremamente violentos, que resolvem tudo com os punhos. Assim, elas não apreciarão aqueles cujos métodos são pacíficos, baseados no amor e no perdão.
f) A TV promove intensamente ideologias anticristãs, como a Nova Era, o evolucionismo, o espiritualismo e as ciências ocultas. E, como já dizia Goebbels, uma mentira insistentemente repetida acaba adquirindo aparência de verdade.

* Pastor, teólogo, hebraísta, consultor teológico do Programa Crescendo na fé na Rádio Musical – São Paulo/SP.


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